Santos

Mulheres motoristas mostram que profissão deixou de ser exclusivamente masculina

Dirigindo por Santos, algumas mulheres já começam a conquistar seu espaço

Da Reportagem

Publicado em 12/03/2023 às 21:00

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Em um universo de quase 300 homens dirigindo pela Administração Municipal, 15 figuras femininas mostram que gênero e profissão não têm relação / Nathalia Filipe/PMS

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Pedreiro, eletricista e motorista são algumas das profissões ainda vistas como ‘masculinas’ por boa parte da sociedade, porém, pelo menos na última citada, algumas mulheres já começam a conquistar seu espaço na Prefeitura de Santos. Em um universo de quase 300 homens dirigindo pela Administração Municipal, 15 figuras femininas mostram que gênero e profissão não têm relação.

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O número pode parecer pequeno, mas há 14 anos, quando Ana Paula Favoreto assumiu a função, nem sequer existia. “A garagem onde ficam os veículos da Prefeitura não tinha nem banheiro para mulher, porque não tinha nenhuma”, recorda.

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Hoje chefe técnica da Seção de Controle de Vetores (Secovert), a profissional começou na Prefeitura dirigindo pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), onde permanece. “Até hoje eu dirijo para a Seção. As pessoas me perguntam porque eu não contrato um motorista, porque agora sou chefe, mas a realidade é que eu gosto de dirigir, então faço questão”, afirma.

Antes de se tornar servidora pública, Ana Paula já vivia pelas estradas conduzindo caminhões. Atualmente com 46 anos, a profissional tirou a carteira nacional de habilitação (CNH) aos 21, quando deu início à vida atrás do volante. “Acho que está no sangue porque meu pai sempre teve caminhão”.

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Ao longo dos anos, Ana Paula viu o preconceito contra as mulheres na profissão diminuir, apesar de ainda existir, segundo ela. “Me olhavam atravessado e ficavam conferindo se eu estacionava direito ou se ia bater, para ver se eu realmente dirigia bem. Hoje se vê menos disso, mas sabemos que ainda tem gente que pensa assim”.

ACOLHIMENTO
O universo dos motoristas acolheu um pouco melhor Elisabete Vedor, de 64 anos. Na função há apenas oito, a profissional conta que nunca sofreu discriminação dos colegas de trabalho pelo seu gênero. “Na Prefeitura Regional da Zona Noroeste, onde trabalho, nós somos muito respeitadas, apesar de haver muito mais homens no setor”, conta.

Elisabete deu início à profissão após perder o serviço como vendedora em uma loja de móveis. Diante do desemprego, teve a ideia de atualizar a CNH para o tipo C (necessária para dirigir caminhões) e, logo em seguida, recebeu uma proposta para ingressar na carreira e dirigir o grande veículo.

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“Foi inesperado e não tinha nada a ver com o que eu fazia antes, mas fui mesmo assim. Aí me apaixonei por isso. Quando tiro férias, sinto até falta do caminhão”, afirma a motorista, que diz não se importar com os julgamentos da sociedade pois, segundo ela, “tudo o que o homem faz, a mulher tem capacidade de fazer melhor”.

MÁQUINA PESADA
Seguindo a mesma filosofia, Luana Sílvia do Carmo, 32, conseguiu superar a rejeição dos colegas e tornar-se a única mulher a operar retroescavadeiras na Prefeitura de Santos. Iniciada na carreira como auxiliar de mecânica, ela sempre teve vontade de conduzir veículos pesados e, para isso, se dedicou ao objetivo.

“Estou na Prefeitura há 8 anos e, há 4, tirei habilitação para dirigir a retroescavadeira. Depois fiz um curso e busquei pela função. Não foi fácil no começo, porque ninguém acreditava em mim, mas meus chefes não me deixaram desistir, disseram que se esse era o meu sonho, eu deveria continuar”, conta Luana.

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A motorista também entrou na carreira por acaso. Ao se inscrever em um curso de soldador com o objetivo de consertar navios, acabou se interessando pelas aulas de mecânica, que a levaram à frente do veículo no qual trafega pelas ruas da Cidade limpando terrenos, trocando manilhas e escavando espaços para futuras obras.

“É uma máquina grande, que todos param para olhar, principalmente as mulheres que sempre me abordam para parabenizar. São muitas críticas, mas também tem muito elogio, e isso é gratificante”, diz a profissional que atua pela Prefeitura Regional do Centro Histórico.

Para Luana, os tempos mudaram e hoje não há o que mulheres não possam fazer. “Obstáculos sempre vão ter, mas a gente não pode desistir, porque quando faz isso mostra para os homens que tem a mesma capacidade. A gente tem que mostrar que pode ser o que quiser e também estar onde eles estão”.

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