Thais dos Santos e Ailton Martins falam sobre o filme de amanhã / Nair Bueno/DL
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"Teto, Pão e Memória" é o nome do documentário que estreia amanhã (17), às 20 horas, na Associação Pró-Beneficência e Melhoramentos da Vila Alemoa - Travessa Almeida, 9, em Santos. O filme, de forma bastante sensível, trata do direito à vida, traduzida em direito essenciais, sempre conseguidos após muita luta da população.
A obra é resultado das Oficinas de Introdução à Linguagem Audiovisual desenvolvidas pelo Projeto Go Alemoa Go, ano passado, e os três pontos que intitulam o filme são tratados por meio de histórias de vidas de pessoas que vivem em comunidades de "avanço" na Zona Noroeste.
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"A memória é o lugar onde guardamos as nossas histórias, as nossas lutas, os nossos sonhos e até as nossas ilusões e desesperos. Teto é um abrigo, uma morada, um lugar para descansar a cabeça e o corpo das labutas diárias. O pão é o alimento para sustentar o corpo e a alma. Esses três elementos são básicos e fundamentais para o ser humano viver com dignidade", lembra o documentarista e educador social Ailton Martins.
Martins ressalta a vida sacrificada das pessoas que vieram trabalhar no Porto de Santos e resolveram morar próximo do trabalho. Todos os bairros abordados mostram moradores que passam por situações semelhantes em termos de sobrevivência. Profissionais das mais diversas áreas de atuação, de origens variadas, que ajudaram a construir os bairros com muitas dificuldades impostas pela falta do poder público, que muitas vezes mais atrapalha do que ajuda.
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"O filme mostra a disputa pela Cidade. Pessoas que precisam viver de forma organizada para garantir a permanência, para evitar a expulsão. Muita gente chegou antes das empresas portuárias e não ao contrário. São pessoas fortes, criativas, que vivem em movimento pelo território, se reinventando. Elas sabem que só a luta muda a vida. Elas têm a percepção que, se piscarem, as empresas passam por cima sob chancela do poder público", completa Martins.
INSTITUTO.
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Realizado pelo Instituto Plataforma Brasil - IPB, o filme é resultado de oito meses de aulas teóricas e práticas, rodas de conversa, palestras formativas, atividades em campo para reconhecimento do território, gravações de entrevistas, seleção de material a partir de seis horas de gravação e edição.
A aluna e diretora Thaís dos Santos Oliveira Slwczuk conta que no documentário são contadas histórias de vida, de lutas e conquistas de moradores do Vila Alemoa, Saboó, Jardim São Manoel e Vila Pantanal, já que a origem dessas comunidades aconteceram de forma semelhante e paralelas, tendo sido cruzadas ao longo dos anos.
Thaís lembra que segregação espacial, a desigualdade do capital e outros pontos críticos são abordados no filme. São memórias da classe trabalhadora que se estabeleceu na Alemoa e bairros adjacentes.
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"Vi nessas oficinas uma oportunidade única de aprender gratuitamente técnicas do audiovisual que só costumam ser apresentadas de forma organizada em cursos muito caros. Me interessei mais ainda ao perceber que o local onde seria ofertada era na Alemoa, pois os colegas de estudo, assim como eu imaginei, eram também pessoas periféricas, o que nos proporcionou grande troca das nossas visões sobre a sociedade", lembra Thaís.
Fizeram parte do projeto também os alunos Fábio Junior Vieira da Silva; Maria Luciene Medeiros; Luis Alexandre Soares de Barros; Igor Junior Lopes da Silva; Gustavo Medeiros e o oficineiro Victor Romenighy Botelho.
O documentário será exibido presencialmente em outros locais da Zona Noroeste, participará de eventos cinematográficos em todo o Brasil e, depois, será exibido nas plataformas digitais.
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