SANTOS

Exclusivo: andar superior do Centro Cultural da ZN está comprometido

A situação do uso inadequado dos equipamentos já foi alvo de reportagens do Diário em 21 de dezembro de 2021

Carlos Ratton

Publicado em 02/12/2022 às 07:00

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Em diversos pontos do piso superior, pode-se observar rachaduras. Uso está sendo evitado / Nair Bueno/ DL

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Tragédia anunciada. O andar superior e a passarela que divide os dois blocos do Centro Cultural da Zona Noroeste (sambódromo) estão comprometidos. O mais grave é que, conforme revelado pela Prefeitura de Santos ontem, a Secretaria de Educação mantém em funcionamento, durante o ano letivo, na parte inferior do prédio, o Núcleo de Educação Integral da rede municipal de ensino, com a promoção de atividades artísticas, esportivas e pedagógicas para 533 alunos de cinco escolas.

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A informação extraoficial foi passada ontem, pela agente cultural Yara Peres e o diretor do Sindicato dos Servidores Municipais de Santos (Sindserv-Santos), Cássio Canhoto. "Existe um laudo da Defesa Civil de Santos alertando que o andar superior precisa de reformas estruturais, por isso está há dois anos sem uso. Precisa ver o quanto de perigo a estrutura está oferecendo", afirma Canhoto.

O sindicalista e Yara estão envolvidos no grupo de artistas, funcionários e moradores que fizeram ontem a manifestação, na Praça da Paz Universal, no Jardim Castelo, na Zona Noroeste, em defesa da reabertura e plenas condições de funcionamento não só do Centro, como o Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU das Artes).

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"Já pedimos o laudo diversas vezes. Eu participei de reuniões em busca de abertura dos espaços. Numa delas, em 24 de novembro último, o secretário de Cultura, Rafael Leal, que responde pelo equipamento cultural, confirmou a situação do prédio como justificativa a não ocupação do piso superior. A sala de cinema Toninho Dantas e as bibliotecas Silvério Fontes e Hermínio José, essa última servindo de depósito, não estão funcionando. E o andar nem isolado está", reafirma Yara, que esteve visitando o local várias vezes.

A agente cultural informa ainda que a situação do prédio do Centro Cultural da Zona Noroeste é de conhecimento do prefeito Rogério Santos (PSDB), que já teria instruído a passar a questão para a Secretaria de Gestão. "Mas nada foi resolvido até agora. O Rafael Leal chegou a dizer que ninguém da cultura está autorizado a colocar os pés no Complexo e que o que a Educação estaria fazendo (permitindo uso) não seria problema dele (Leal)", conta Yara.

O COMPLEXO

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O Complexo Cultural, que envolve também o Sambódromo Passarela do Samba "Dráuzio da Cruz", também conhecido como Sambódromo de Santos ou Estradão, é palco de um dos maiores eventos culturais da região, o Desfile das Escolas de Samba do Carnaval da Baixada Santista.

O conjunto arquitetônico é instalado ao redor da Avenida Afonso Schmidt, no bairro do Jardim Castelo, possui capacidade para 10 mil espectadores, incluindo o Centro. O Sambódromo onde ocorrem os desfiles possui extensão de 450 metros e largura de 16 metros, conta ainda com um recuo de bateria com 32 metros de largura e 17 metros de profundidade.

O Espaço Cultural da Zona Noroeste foi criado em 23 de fevereiro de 2006 sob a administração do então prefeito João Paulo Tavares Papa.

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O local dos desfiles foi construído em uma via que cortava o terreno do "Estradão", com 560 metros de extensão e 20 de largura, sendo 16 para a faixa de rolamento e 4 para às calçadas. Já a pista de desfile ficou com 450 metros de extensão.

O custo da construção do Sambódromo ficou orçado em aproximadamente R$ 1,9 milhões e no projeto original não havia a edificação do Centro Cultural da Zona Noroeste, este foi incorporado ao Sambódromo somente em 2013.

MANIFESTAÇÃO

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Segundo os manifestantes, há praticamente dois anos que os equipamentos culturais não são utilizados para eventos, com funcionários trabalhando apenas para mantê-los em condições de uso. No Centro, a parte superior é dedicada a atividades culturais.

O CEU, por exemplo, possui biblioteca, um espaço para cursos, um de Informática (com 10 computadores), três quadras esportivas e, ainda, um cineteatro de 125 lugares que, desde o início da pandemia, se tornou, como outros espaços - sala multiuso e quadra poliesportiva - local para realização de testes Covid, tendo uma policlínica a 30 metros de distância. "O Espaço Brincante está sendo ocupado para os testes e, diferente do que a Prefeitura informa, a biblioteca está funcionando somente das 14 às 18 horas. Antes, era em período integral", completa Yara.

A situação do uso inadequado dos equipamentos já foi alvo de reportagens do Diário em 21 de dezembro de 2021, quando foi publicada a possível extinção do CEU.

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O CEU das Artes foi inaugurado em 20 de novembro de 2019.

O CEU faz parte da reurbanização da praça, orçada em R$ 4,1 milhões (R$ 3,5 milhões do Governo Federal e o restante em contrapartida da Prefeitura) e incluiu também uma quadra poliesportiva, área para jogos de mesa, pista de skate, quadra de areia para vôlei de praia, espaço para crianças e equipamentos de ginástica.

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