Santos

Estação Bistrô: restaurante-escola completa dez anos transformando a vida de jovens santistas

A formação no restaurante-escola dura sete meses

Da Reportagem

Publicado em 03/08/2022 às 20:03

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Estação Bistro / FOTOS ISABELA CARRARI

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O gosto amargo do limão é para paladares limitados. A acidez da fruta, usada em temperos e drinks, chega a ser sinônimo de momentos difíceis da vida. Mas os jovens Carlos Henrique Pereira, 18 anos, e Marco Antonio de Jesus Santos, 21 anos, têm no limão uma metáfora da vida: eles o usavam para ganhar a vida fazendo malabarismo nos semáforos e hoje o utilizam nos temperos e drinks ensinados no Estação Bistrô Restaurante-Escola, em Santos. Em breve, sairão com certificados de conclusão de curso e com forte perspectiva de emprego, com carteira assinada. 

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O Estação Bistrô completou, em junho, dez anos de atividade, fruto de uma parceria das secretarias municipais de Empreendedorismo, Economia Criativa e Turismo, Desenvolvimento Social e Educação e a Universidade Católica de Santos (Unisantos). Mais de 300 jovens, de 18 a 29 anos, já concluíram o curso - a maioria está empregada no setor de Alimentos e Bebidas. Carlos Henrique e Marco Antonio são dois dos 25 alunos prestes a concluir os estudos, que representam uma nova fase em suas vidas.

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A formação no restaurante-escola dura sete meses. As aulas ficam a cargo dos professores dos cursos de Gastronomia e Nutrição da Unisantos. A entrada se dá pelos serviços da Secretaria de Desenvolvimento Social, voltados a quem está em situação de vulnerabilidade social. Os alunos são divididos em turmas e, em esquema de revezamento, vão aprendendo formas de atendimento no salão, preparo de bebidas, ensinamentos de cozinha fria e quente, confeitaria e também a parte de higienização dos utensílios de cozinha. Como "sobremesa", os jovens recebem noções de Língua Inglesa, por meio da parceria com a Seduc.

 

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MELHOR DESEMPENHO

Depois de passarem por todos os setores, os alunos se aplicam, nos últimos dois meses, na área onde mostraram melhor desenvoltura, explica a assistente administrativa do Estação Bistrô, Vera Hikari Kinjo. Com o canudo em mãos, quase todos os formandos acabam sendo contratados nas empresas patrocinadoras do projeto.

"Com 8, 9 anos, eu me virava nas ruas fazendo malabarismo com cinco limões. Mais tarde, fiquei sabendo do projeto e esperei fazer 18 anos para vir para cá", conta Carlos Henrique. "Antes eu só sabia cozinhar arroz, feijão e macarrão. Estou adorando a experiência aqui", destaca ele, que está na fase final do curso. O sonho de Carlos Henrique é trabalhar como cozinheiro. "O restaurante-escola é o começo para a realização de um sonho".

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Também com o tempo do malabarismo com limões restrito ao passado, Marco Antonio tende a optar pelo atendimento nos estabelecimentos comerciais. "Tenho facilidade em lidar com o público. Vendia algumas coisas nas ruas". Sabendo de cor as regras de como postar uma mesa - "coloca-se o prato pelo lado esquerdo, e se retira pelo lado direito", diz, citando o ensinamento passado pelos professores. Ele também gostou de ter aprendido a fazer pratos elaborados, como o frango crocante.

Já Flavia da Mata, 19 anos, afirma ter se dado melhor na cozinha. Ela soube pelo irmão Guilherme do curso no projeto - ele também passou pela atividade - e se empolgou ao conhecer a receita de risoto de camarão. Questionada se é o prato que também mais aprecia, Flavia responde com um sorriso. "Vejo o curso aqui como uma oportunidade de emprego. Não imaginava que iria aprender tanta coisa. Quero muito seguir nessa área".

 

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SONHO REALIZADO

Muito provavelmente Carlos Henrique, Marco Antonio e Flavia terão o mesmo destino de Sarah de Freitas Bastos Pereira, 22 anos. Formada no Estação Bistrô, hoje ela trabalha em um estabelecimento na Ponta da Praia. Cuida do almoço diário e também das sopas servidas à noite.

É com carinho que Sarah fala do aprendizado no restaurante-escola. Tem saudades dos colegas e dos instrutores. "Aqui na cozinha lembro de vários ensinamentos. O Estação Bistrô mudou minha vida. Eu amo o que eu faço".

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A satisfação é compartilhada com sua chefe. A empresária Luciane Rodrigues Ferreira Pedro afirma já ter contado com o serviço de outros alunos do restaurante-escola. "São profissionais que chegam com uma boa base. Sinto também que eles têm uma preocupação forte com questões de higiene. Recomendo outros proprietários de padarias e restaurantes a contratar esses alunos que se formam lá".

 

SERVIÇO

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O Estação Bistrô (@estacaobistro) funciona na Estação do Valongo (Largo Marquês de Monte Alegre s/n°, Centro Histórico) de terça a sábado, das 12h às 15h. Mais informações pelo telefone (13) 3219-3494.

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