Caminhões formam fila de cerca de dois quilômetros para entrar nas empresas que ficam na Alemoa / Divulgação
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As filas diárias de caminhões nas duas mãos da Avenida Marginal da Via Anchieta, no bairro da Alemoa, em Santos, que regularmente atingem cerca de dois quilômetros de extensão, formadas por caminhoneiros que buscam acesso às empresas prestadoras de serviços ao Porto, tem um motivo: desobediência a normativas do Conselho de Autoridade Portuária (CAP).
A informação é de um caminhoneiro que leu a reportagem do Diário, publicada no último dia 11, mostrando o verdadeiro martírio diário de milhares de trabalhadores e trabalhadoras, principalmente nos horários de pico, entre seis e nove horas e 18 e 21 horas.
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Ele prefere não ser identificado por não ser prejudicado em seu trabalho. Ele salienta que existe uma determinação do CAP que todos terminais portuários são obrigados a ter 30% de suas áreas internas para acolher caminhões que são destinados a eles e também obedecer aos agendamentos.
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"Acontece que os terminais portuários com sua ganância aproveitam estes 30% para armazenar mal contêineres, jogando a obrigação para as ruas, causando transtornos para os munícipes criando gigantescas filas. De que adianta fazer a modernização do Porto de Santos se os terminais portuários não respeitam os munícipes. O engraçado é que a Prefeitura permite por falta de fiscalização que este transtorno aconteça", afirma.
Consultado novamente ontem, Edimillson de Almeida Duarte (Didi), presidente da Sociedade de Melhoramentos do Jardim São Manoel, bairro com mais de 10 mil habitantes e um dos mais afetados pelo problema, revelou que nada foi resolvido e que o problema só cresce.
"Está feio demais. Ficamos ilhados perdendo o direito de ir e vir. Os caminhoneiros não têm culpa, pois também ficam horas e horas aguardando nas filas com fome. As empresas alegam que trabalham com agendamento, mas o sistema não funciona. Usam a avenida marginal como estacionamento", reafirma Didi.
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Como sempre, nada passa. Exaustos depois de um dia inteiro de trabalho, passageiros do transporte público descem dos ônibus para fugir do congestionamento, ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), bombeiros e veículos particulares que, muitas vezes, estão conduzindo pessoas a atendimento médicos há meses aguardados, ficam presos. Estudantes perdem aulas. Gente perde o emprego.
Pessoas chegam atrasadas ao trabalho e, quando voltam no final da tarde para o merecido descanso, amargam uma distância considerável a pé para chegar em casa, inclusive quem mora no Piratininga e na Vila dos Pescadores.
JOGO DE EMPURRA.
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Enquanto trabalhadores e trabalhadoras sofrem, um verdadeiro 'jogo de empurra' ocorre entre outros atores que deveriam solucionar a questão. Procurada, a Santos Port Authority (SPA), autoridade portuária e antiga Codesp, garante que o problema relatado, por estar fora do porto organizado - em terminais retroportuários, mais especificamente nos centros Logísticos Industriais Aduaneiros (Clias) - não tem ingerência direta sobre eles.
"Os mesmos são regrados e localizados no município, ou seja, é um problema da Prefeitura de Santos. A SPA vem conduzindo um projeto de melhoria de integração de sistemas com os terminais, portuários e retroportuários, que visa melhorar a gestão do tráfego portuário", realça.
Por sua vez, a Prefeitura de Santos garante as empresas da marginal da Alemoa foram intimadas para atendimento da legislação municipal, com o intuito de organizar seus acessos para impedir o surgimento dos congestionamentos na via e a solução apresentada deve contar com a anuência da Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), Ecovias e Polícia Militar Rodoviária, que respondem pela fiscalização na área onde foi constatado o tráfego intenso de veículos pesados.
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Também identificou a necessidade de melhor organização por parte da SPA em relação ao fluxo de operação de descarga de contêineres entre os terminais de área primária, ao receberem a carga do navio e o encaminhamento desse volume ao retroporto.
Através de ofício, a Prefeitura solicita providências à SPA para que seja definido regramento operacional com a finalidade de que transporte de carga ao retroporto seja orientado de acordo com a capacidade de recebimento dos terminais de recinto alfandegado.
ECOVIAS.
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Por fim, a Ecovias garante que os congestionamentos estão fora do trecho de concessão, que monitora o tráfego por câmeras e rotas de inspeção para auxiliar no fluxo e toda vez que é identificada alguma situação na rodovia, a concessionária aciona imediatamente o Policiamento Rodoviário, que fica dentro do Centro de Controle Operacional (CCO), além dos demais integrantes do Programa de Gestão Integrada (PGI) na Baixada Santista, que conta com empresas do entorno do Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI) e a SPA, para estudos de soluções e providências.