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Em Santos, parte do funcionalismo cobra perdas de 29 anos

Dias atrás, com cartazes em mãos, eles foram à Câmara de Santos pedir apoio dos parlamentares em relação ao que acreditam ser uma situação desvantajosa e desestimulante

Carlos Ratton

Publicado em 19/03/2024 às 07:00

Atualizado em 19/03/2024 às 08:55

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Protesto do funcionalismo durante sessão da Câmara dos Vereadores gerou repercussão / Igor de Paiva / Diário do Litoral

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Funcionários públicos em Santos - assistentes sociais, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos e terapeutas ocupacionais - estão cobrando da prefeitura de Santos promessas de seus antecessores por conta do não cumprimento do Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS), previsto na Lei Complementar 162/95, que teriam ocasionado perdas nos últimos 29 anos. Querem uma gratificação como mecanismo de compensação.

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Dias atrás, com cartazes em mãos, eles foram à Câmara de Santos pedir apoio dos parlamentares em relação ao que acreditam ser uma situação desvantajosa e desestimulante. Eles também elaboraram um manifesto público em que explicam que não houve, como prometido, implantação de avaliações sistemáticas que acarretariam em mudanças de classe e, consequentemente, aumento salarial e estímulo ao exercício profissional.

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Segundo informam, no processo avaliativo, deveriam ser considerados também cursos de formação que o funcionário fizesse em prol da melhoria da qualidade de seu trabalho. Na ocasião da implantação do PCCS, os servidores tiveram de abrir mão de alguns direitos que já haviam incorporado.

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No entanto, a Prefeitura não cumpriu sua parte, fazendo apenas uma avaliação parcial que nem foi aproveitada, e, ao longo do tempo, passados 14 anos, impôs-se aos servidores com formação universitária, enquadrados na categoria N-O do PCCS e lotados na Secretaria de Saúde e de Assistência Social, perdas de direitos e de valores salariais.

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O grupo que esteve na Câmara informa que houve indução dos servidores a abrirem mão de direitos salariais com a promessa de cumprimento do PCCS, caracterizando-se patente violação das constituições Federal, Estadual e da Lei Orgânica Municipal, valorizando apenas algumas categorias profissionais.

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Os servidores afirmam, no manifesto, que a discriminação de categorias ficou evidente quando, passados alguns meses da aprovação da lei 162/95, no transcurso do ano de 1996, várias categorias conseguiram gratificações por entenderem que mereciam um reajuste salarial diferenciado, sem que tenha sido respeitada a lei em vigor.

Segundo informam, servidores ingressaram com ações judiciais contra a Prefeitura e muitos já obtiveram decisões favoráveis nas três instâncias do Judiciário.

FUNDAÇÃO.
O grupo que esteve na Câmara revelou que, em 1999, a Municipalidade contratou a Fundação Getúlio Vargas (FGV) para realizar novos estudos para a criação de um novo Plano de Cargos e Salários, noticiando-o como uma inovação no gerenciamento de pessoal.

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A ideia à época era adequar-se ao teor das emendas constitucionais 19 e 20, que determinaram a criação de formas de avaliação anuais do servidor, para que a máquina pública adotasse princípios de eficiência, transparência e valorização dos profissionais, exatamente o que já estabelecia antes na Lei 162/95, portanto sendo desnecessária tal contratação da FGV. A FGV foi contratada de novo em 2006.

"Submetidos a essa situação, nas últimas quatro administrações temos sofrido os efeitos nefastos dessa política salarial distorcida, que é perversa e acintosa, praticada com aumentos salariais diferenciados, privilegiando, ano após ano, aumentos sempre maiores para os níveis fundamentais e médios do funcionalismo, que têm padrão de ganhos praticamente equivalente aos de nível superior", apontam no documento.

CESTAS.
Além disso, segundo revelam, o benefício da cesta básica nunca foi fornecido para os funcionários de nível superior, cujo valor é de R$ 96,00, corresponde atualmente a 5,6% do salário base do N-O.

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Em meados de 2008, contam que houve mais uma vez a nova ação de desvalorização profissional, com anuência da Câmara, com a aprovação das Leis 629/08, 630/08 e 631/08 que novamente deram aumentos diferenciados para determinadas categorias profissionais em detrimento de outras.

A lei 631/08, por exemplo, além de ampliar a diferença salarial já existente entre as categorias profissionais do nível N-O, também favoreceu a cisão entre os funcionários de uma mesma unidade de serviço, por contemplar apenas algumas categorias, o que é danoso para o ambiente de trabalho.

Com essa distorção, todo o trabalho interdisciplinar, que é preconizado para o atendimento das demandas de saúde e sociais, ficou sensivelmente prejudicado, pois a própria administração estabelece formas diferentes para tratar os iguais.

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Reclamam que Santos vem perdendo profissionais ao longo do tempo para outras instâncias de poder e para a iniciativa privada. "Muitos classificados não chegam a assumir os cargos ou assumem e logo pedem exoneração. Com isso, as administrações vem fazendo repetidas contratações pela Lei 650, numa ação que passa a ideia à sociedade de favorecimento político aos contratados, além do fato de que a Prefeitura faz esforços e gastos para qualificar um profissional que logo deixará o serviço público", apontam.

PREFEITURA.
A Prefeitura argumenta que todos os projetos reivindicados pelos servidores foram encaminhados para Câmara de Santos e seguem em tramitação. Reitera que a Secretaria de Finanças e Gestão (Sefin) mantém diálogo com os sindicatos das categorias. Além disso, o Gabinete do Prefeito realizou reunião com os representantes recentemente.

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