Documentário Colchão de Pedra, realizado com alunos de Jornalismo, ouviu o drama de quem vive a dureza das ruas de Santos / Divulgação
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Com apoio cultural do Diário do Litoral, o documentário Colchão de Pedra, tem a sua aguardada pré-estreia nesta terça-feira, às 19h e 20h30, no Consistório da Universidade Santa Cecília (Unisanta), patrocinadora do filme. O endereço é Rua Oswaldo Cruz, 277 (Bloco M - Térreo), no Boqueirão - Santos/SP. O ingresso é gratuito, mas as vagas são limitadas e aqueles que se interessarem podem efetuar a inscrição no link.
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Para realizar o filme, o jornalista Carlos Ratton - conhecido por suas inúmeras reportagens investigativas, uma delas inclusive finalista do prêmio Esso de Jornalismo - se uniu ao cineasta Tony Valentte, reconhecido na região. O projeto envolveu alunos de jornalismo da universidade e levou cerca de três meses para ser produzido.
"Esse filme reflete uma parcela da sociedade que não sabe lidar com a miséria humana e que, por causa disso, se cerca de ferramentas hostis para afastá-la de sua porta. Quando não consegue, usa o poder público para tirá-la da frente, nem que seja preciso a força bruta", explica Ratton que, além de diretor, é roteirista de Colchão de Pedra.
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TRIPÉ.
Aporofobia, a arquitetura higienista e a violência formam o tripé básico do longa-metragem, que promete revelações fortes e emocionantes.
Ambientado em Santos, o filme teve o desafio de preparar os estudantes para uma nova possibilidade profissional e promover a capacidade de reflexão sobre a sociedade, cada vez mais excludente.
O documentário - que deve ser exibido em diversos locais - também deverá ser usado publicamente (em escolas, teatros, cinemas, praças e espaços em geral), como na própria universidade e outros ambientes privados.
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Também deverá usar plataformas digitais para atingir o máximo de pessoas possíveis. Agendamentos podem ser feitos pelo telefone (13) 99146-7060.
FERIDA.
Uma das feridas que serão expostas no filme é que grande incapacidade de uma parte dos santistas de lidar, ou melhor, admitir que a extrema pobreza se espalha por toda a Cidade e não só nas regiões periféricas. Ele já é parte da rotina que torna as pessoas em situação de rua vulneráveis e invisíveis.
"A extrema pobreza, que mais incomoda pela estética do que gera indignação e caridade, gera problemas sociais que o poder público ainda não conseguiu resolver. É muita gente sob marquises, dentro de prédios abandonados, na porta de comércios, restaurantes e equipamentos públicos que fornece comida", completa Ratton.
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No Restaurante Bom Prato, no Centro da Cidade, a demanda só aumenta e não só de pessoas em situação de rua, mas trabalhadores e famílias inteiras que sobrevivem fora das ruas.
CENSO.
Segundo último censo realizado pela Universidade Federal de São Paulo, em parceria com a Prefeitura de Santos, no ano de 2019, quase mil pessoas estavam em situação de rua no município.
Dez anos antes, eram 507. Ou seja, um aumento de cerca de 100% em 10 anos, na Cidade que tem em seu brasão a frase "Pátria da Caridade e Liberdade".
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CAPITAL E BRASIL.
Na capital paulista, o número de pessoas passou de 24 mil para 31 mil ao final de 2021, o que representa um aumento de sete mil pessoas, de acordo com o Censo da População em Situação de Rua feito pela prefeitura paulistana.
Entre maio e junho de 2022, os números já ultrapassavam 32 mil, sendo cerca de 3.800 crianças e adolescentes - 60% meninos e 70% pardos.
A população em situação de rua no Brasil não apenas cresceu em ritmo avassalador com a crise econômica e social do País, como também mudou drasticamente de perfil.
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De acordo com pesquisas acadêmicas recentes e informações do Movimento Nacional da População de Rua, as mulheres, e consequentemente crianças, passaram a ser um contingente bastante expressivo dessa população.
Em março de 2020, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o Ipea, informou que 221.869 brasileiros viviam nas ruas naquele ano, o equivalente a cerca de 0,1% da população total do País.
FOME.
Para piorar, o número de pessoas passando fome no Brasil quase duplicou em menos de dois anos. Segundo pesquisa, 33,1 milhões de brasileiros não comem (15,5% da população brasileira).
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Levantamento realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, em 2020, eram 19 milhões de pessoas com fome no Brasil (9,1% da população). O trailer do filme também já está disponível no Youtube.
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