Abandono do Escolástica Rosa expõe problemas na administração / Paolo Perillo / Diário do Litoral
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O diretor da Associação dos Empresários da Construção Civil da Baixada Santista e da Associação Comercial de Santos, Rogério Conde, sugere que o 'novo' Escolástica Rosa seja gerido por uma entidade capaz de reunir vários atores relevantes de Santos. Na prática, Conde propõe algo nos moldes do que acontece com a Pinacoteca Benedito Calixto: "Se formarmos um grupo e esse grupo for inteligente, envolve toda a sociedade no projeto".
E, com exclusividade ao Diário do Litoral, o construtor admite que já aconteceram conversas no sentido de se formar esse colegiado com entidades representativas da Cidade. Conde também propõe que empresas privadas sejam convidadas a resgatar todo o conjunto arquitetônico, que ocupa 17 mil metros quadrados.
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Na avaliação do construtor, seria viável que cada empresa disposta a ajudar adotasse um pavilhão do antigo complexo educacional. Isso poderia dar nova vida às antigas oficinas que formaram gerações em profissões ligadas às atividades portuárias e ao comércio.
"Várias atividades poderiam ser contempladas, inclusive um pequeno hotel-boutique, de frente para o mar", salienta o empresário. E essas parcerias poderiam ser viabilizadas através de eventual renúncia fiscal por parte do Município, do Estado e da União, nos moldes da Lei Rouanet.
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"Só o que não pode é tudo ser feito a sete chaves, sem transparência e participação da sociedade", resume Conde. "O imóvel é muito grande e pode ser explorado de muitas formas, sempre respeitando as diretrizes da Santa Casa e do patrimônio histórico", completa o construtor.
Diante das condições precárias dos oito imóveis que compõem o conjunto arquitetônico erguido há 116 anos, a Procuradoria do Trabalho constatou riscos a trabalhadores e alunos no imóvel até então ocupado pela ETEC Escolástica Rosa. E esse risco motivou a saída da unidade de ensino do prédio, que era ocupado pelo Estado desde 1933, quando o então governador Armando Sales de Oliveira resolveu intervir no Instituto.
Em 2021, o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) também instaurou inquérito civil para apurar a eventual falta de Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros. Esse documento emitido pelos Bombeiros atesta legalmente que a edificação está segura contra incêndios.
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Esse inquérito civil é presidido pelo 16º Promotor de Justiça, Carlos Cabral Cabrera. Mas, ele não é o único procedimento aberto pelo MP-SP em face do estado de abandono do Escolástica Rosa. A 13ª Promotoria de Justiça Cível de Santos promove mais duas ações civis, ambas na fase de instrução processual.
O Diário do Litoral procurou a Santa Casa na semana passada e o provedor Ariovaldo Feliciano chegou a agendar uma entrevista para a última sexta-feira. Mas, o encontro acabou desmarcado devido a um "imprevisto". A Assessoria de Comunicação do hospital prometeu "reagendar" a entrevista.