SANTOS

Conselheiro da Comissão de Política de Saúde de Santos diz que sofreu racismo

Prefeitura diz que abriu processo administrativo para apurar o caso e também acompanhará eventual investigação criminal

Carlos Ratton

Publicado em 15/09/2023 às 07:30

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O caso já foi encaminhado ao Ministério Público / Nair Bueno/DL

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O conselheiro e coordenador da Comissão de Política de Saúde de Santos, Silas da Silva, afirma ter sido vítima de crime de racismo em Santos cometido por uma médica, chefe do Departamento de Atenção Básica, na Secretaria de Saúde da Cidade.

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A médica não é funcionária de carreira (concursada) mas, segundo apurado, comissionada oriunda da cidade de Peruíbe. O caso já foi encaminhado à Promotoria Pública Criminal do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP).

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Também foi registrado um Boletim de Ocorrência (BO) com testemunhas. Segundo o documento policial, a médica, numa reunião do conselho realizada em 27 de junho último, teria ficado irritada porque Silva teria questionado o contrato com um hospital do município e proferido a seguinte frase: "o que esse negro filho da p*ta está fazendo aqui?".

A Reportagem entrevistou ontem Silas da Silva. "Estou na área da saúde há décadas e participando do Conselho por anos. Nunca havia passado por usa situação dessa. Como pode uma pessoa da área da saúde ter preconceito? Esse tipo de atitude contraria os preceitos profissionais. Vou a fundo e não quero reparação financeira, mas sim, moral. Santos é a terra da liberdade e da caridade. Não podemos aceitar calados qualquer tipo de preconceito", desabafou Silva.

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O coordenador vai representar criminalmente a médica. O caso foi registrado como crime de preconceito de raça ou cor, por injúria, ofensa da dignidade ou decoro. Tudo ocorreu durante uma plenária para aprovação de contratos da Prefeitura de Santos, que ocorreu na Rua Júlio Conceição, 238, na Encruzilhada.

Uma conselheira que está servindo como testemunha e que pediu que sua identidade fosse preservada disse à Reportagem que "foram palavras racistas proferidas por uma mulher branca ao mencionar o seu incômodo frente ao comportamento de um homem negro desempenhando o seu papel no controle social do Sistema Único de Saúde (SUS), como coordenador de Políticas de Saúde. Vale ressaltar que o Conselho Municipal de Saúde não tem implicação no ato racista, mesmo tendo acontecido na plenária".

CÂMARA.

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O vereador Benedito Furtado (PSB) está pedindo, via requerimento na Câmara, explicações, apuração e, se o crime for confirmado, afastamento da médica pela Administração. Ele fez um pronunciamento na última terça-feira (12).

"É necessário que a Câmara apure o que ocorreu. Não tem como a Prefeitura manter, num cargo de chefia de departamento, uma médica, uma profissional que se dirija a um conselheiro com essa expressão ou outra pejorativa alguma"

O parlamentar apurou que houve muita restrição para que o fato se tornasse público chegando ao ponto de não terem registrado o episódio na ata do dia da reunião. "Foi colocado apenas na ata da reunião seguinte após pressão. É preciso que isso chegue ao conhecimento do prefeito (Rogério Santos), para que providências sejam tomadas".

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PREFEITURA.

Procurada, a Prefeitura de Santos informa que rechaça, veementemente, qualquer tipo de ato de racismo - crime que deve ser apurado e julgado pelas autoridades competentes.

"Ao ter conhecimento da denúncia, imediatamente a Administração abriu processo administrativo para apurar o caso e também acompanhará eventual investigação criminal da acusação ocorrida em reunião do Conselho Municipal de Saúde", finaliza nota.

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