O Teatro Coliseu, em Santos / Igor de Paiva / Diário do Litoral
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Inaugurado em 21 de junho de 1924, o Teatro Coliseu completou cem anos em absoluto silêncio, tanto no palco quanto na plateia. Só os 28 operários e os cinco engenheiros e assistentes que trabalham na obra 'comemoraram' o aniversário do prédio, projetado pelo arquiteto espanhol João Bernils. A primeira intervenção no Coliseu foi autorizada em 1996, no final do mandato do ex-prefeito David Capistrano (1948/2000). E o contrato original recebeu sucessivos aditamentos durante os governos Beto Mansur e João Paulo Papa. Esses aditamentos foram considerados irregulares pelo Ministério Público, que ajuizou uma ação civil pública pedindo a devolução de R$ 128,8 milhões aos cofres públicos. A ação pede a condenação de 14 réus.
Além de Mansur e Papa no rol de acusados por crimes como dano ao erário, dano moral coletivo e improbidade administrativa também está o atual diretor-presidente da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), Antônio Carlos Silva Gonçalves, mais conhecido como Fifi. Engenheiros da Prefeitura e representantes da empreiteira vencedora da licitação completam o grupo de citados.
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Os réus negam qualquer irregularidade nos aditamentos ao contrato original. A Prefeitura alegou que durante a restauração surgiram serviços imprevistos, mas necessários. Os réus e a Administração Municipal também culparam o clima chuvoso e citaram atrasos no repasse de verbas por parte do Governo do Estado.
A investigação reuniu documentos ao longo de 20 anos e foi conduzido inicialmente pelo Tribunal de Contas do Estado e, depois, pelo Ministério Público. Segundo o MP, o sobrepreço nas obras foi de 325,78%. O prazo para entrega do Coliseu à população saltou dos 30 meses estabelecidos no contrato original para 115 meses até a entrega do Teatro de volta à Prefeitura.
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A ação civil pública tramita na 1ª Vara da Fazenda Pública de Santos desde dezembro de 2017. Nesse intervalo de tempo, cinco juízes e juízas já se debruçaram sobre o processo, a começar por José Vitor Teixeira de Freitas.
Mesmo depois de tantos anos fechado para obras e dos milhões investidos na restauração da fachada, do mobiliário e das pinturas artísticas no teto, no foyer e nas galerias, a falta de manutenção básica no telhado provocou infiltrações no forro em gesso, que chegou a ruir próximo às duas paredes laterais do prédio. As portas e janelas em madeira maciça foram corroídas pela maresia e apodreceram.
Na fase atual das obras, estão previstas a reforma do telhado e no terraço externo, conhecido como piano bar, além da substituição do reboco em uma área com 1.849,97 metros quadrados do prédio anexo ao Teatro. Atualmente, a obra é executada pela construtora Lemam e o valor do contrato é de R$ 4,3 milhões.
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Uma nova etapa de obras no Coliseu já está em licitação. A próxima intervenção foi aprovada pelo Departamento de Apoio ao Desenvolvimento dos Municípios Turísticos do Estado no final de 2023. O valor do convênio com o Estado é de R$ 5,4 milhões, com prazo para execução de nove meses.
O edital para contratação dessa nova etapa foi publicado em maio. E, segundo a Diretoria de Comunicação da Prefeitura, a Secretaria Municipal de Obras e Edificações "mapeou as necessidades de recomposição interna e modernização das instalações para que o Teatro acompanhe as transformações tecnológicas dos espetáculos e eventos que pretende sediar".
Ainda de acordo com a Dicom, "os serviços contemplados são de modernização da caixa cênica, com restauro do urdimento, elevadores de palco e de orquestra, iluminação cênica, sonorização, substituição das varas cênicas e cortinas, e atualização das diretrizes de acessibilidade de acordo com as normas vigentes, que foram atualizadas em 2020".
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Nessa nova etapa "também serão sanadas questões que provocaram o isolamento dos camarotes do Coliseu desde 2004. Sendo assim, ao final da execução o equipamento será devolvido à população com a sua capacidade total". A Prefeitura projeta ainda uma outra licitação para restauro das pinturas decorativas internas e substituição do mobiliário da plateia.