Amor pela sétima arte começou na época de escola e levou Gabriela Ono até os EUA / Gabriela Ono / Arquivo Pessoal
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“A locadora de filmes era meu lugar favorito”. Quando se inicia uma conversa com alguém em que esta é a primeira frase a ser dita, não é de se surpreender que se trata de uma profissional apaixonada pela sétima arte. Fica ainda menos surpreendente ao se saber que essa mesma pessoa não só ama cinema, como também correu atrás dessa paixão e passou a trabalhar com roteiros, câmeras e luzes no país que mais produz e consome filmes em todo o planeta. E é com uma sensibilidade ímpar para dirigir, roteirizar e produzir, que a santista Gabriela Ono vem deixando sua marca em Los Angeles, nos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que faz da sua missão tornar o Brasil um país mais reconhecido na terra do Tio Sam como uma cultura que vai muito além de um gramado cercado por quatro linhas e 22 atletas correndo atrás de uma bola.
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A trajetória de Gabriela começa em terras caiçaras quando ela, ainda menina, passou a dar à família os primeiros sinais de que sua ambição estava relacionada a telonas e projetores.
“Tive professores no ensino médio, especialmente em literatura, que pediam pra a gente fazer vídeos em grupo e foi onde comecei a editar e tentar fazer versões de dez minutos de livros para explicar a história para outros colegas de sala”, relata.
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Fã de locadoras, ela lembra com carinho do estabelecimento que o, hoje vereador, Fabrício Cardoso (Podemos) possuía em Santos e que era sua fonte de primeiras referências na forma de longas-metragens. Ainda na escola, ela chegou a flertar com a área de ciências e viu um projeto seu, e de sua amiga, se destacar na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE). O sucesso foi tanto que ela, e sua colega de classe, foram parar em Los Angeles para fazer parte da International Science and Engineering Fair. Uma vez lá, entretanto, o amor pelo cinema voltou a falar mais alto.
“Quando vim pra cá [pela primeira vez] falei pra virmos na Calçada da Fama, isso quando eu tinha meus 15, 16 anos e isso abriu os olhos para ‘quem sabe um dia’. Eu achava que queria ser editora porque era um acesso mais fácil, mas numa feira de profissões veio uma galera de cinema e explicaram o que uma produtora fazia nos filmes e achei interessante”, explica Gabriela.
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Com um roteiro claro de quais passos deveria dar para chegar aonde queria, Gabriela Ono começou a estudar no Centro Universitário Senac Santo Amaro, na Capital.
“Decidi fazer audiovisual, cinema e as pessoas ficavam surpresas porque eu era ‘muito esperta’ e eu achava isso um absurdo. Eu morava em Santos ainda, mas subia e descia todo dia durante quatro anos pegando fretado. No fim de semana eu estava morta de cansaço e dedicava as folgas a ir no cinema do Praiamar pra assistir filmes”, explica.
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Apesar de afirmar não ser fã de determinados diretores, Gabriela tem um nome pelo qual guarda alta estimar e explica que gosta de ir assistir filmes tendo o menor conhecimento possível a respeito dos próprios.
“Eu gosto de filmes em geral, nunca fui muito de gostar muito de algo ou de certos diretores, gosto de ir no cinema sem saber o que vou ver, no máximo vejo pôsteres e sinopse, até porque os trailers hoje em dia entregam tudo. Um cara que gosto muito é do Edgar Wright, gosto muito do estilo dele, mas num geral gosto de ver filme, até filmes ruins, porque eles são aprendizados sobre o que não fazer e me colocam em um exercício de ‘o que eu teria feito melhor’, sabe?”, explica.
A ida até terras estrangeiras se deu ainda durante 2017, quando Gabriela decidiu fazer mestrado e o destino era certo para quem quer crescer e aprender cada vez mais sobre a indústria cinematográfica.
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“Em 2015 fiz um curso de um mês só para ver se cinema era de fato o que eu queria e foi muito bom. Terminei a faculdade e vim em 2017 para fazer mestrado na New York Film Academy, que começaram em Nova York mas têm um campus em Los Angeles que fica na frente da Warner Brothers".
Estudando quase sempre ao lado de uma janela em que era possível ver a eterna caixa d’água da Warner habitada pelos Animaniacs, e visitada por Pernalonga, Gabriela começou a produzir, escrever e dirigir curtas. Produções como ‘Tsuru’ e ‘Once Upon a Costume’, que podem ser assistidas no Youtube com legendas em português brasileiro, levaram a cineasta santista a grandes festivais.
“O documentário consegui levar a alguns festivais com o ‘Dances with Films’, no Chinese Theather, e ao Valley Film Festival”.
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Atualmente, ela trabalha junto de uma produtora que cria programas e conteúdos focados em assuntos paranormais e explica que a experiência tem sido enriquecedora e também um pouco assustadora.
“Conheci até uma das filhas do casal Warren e fomos até a casa da família”, diz.
Mas o principal objetivo de Gabriela Ono é levar o verdadeiro Brasil cada vez mais para suas produções feitas nos EUA.
“Sempre tenho várias ideias e estou escrevendo um roteiro de algo meio ‘Brasil-EUA’ porque meu objetivo é trazer o Brasil pra cá, mostrar que é um país que é mais que futebol, carnaval e contar histórias de pessoas, da nossa história, que fizeram coisas importantes, mas as pessoas não prestam atenção. Santos Dumont está na minha lista porque aqui se fala muito dos irmãos Wright, mas ninguém conhece Dumont aqui”.
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“Carmem Miranda foi uma das principais pessoas a trazer a cultura brasileira para cá em uma época em que a comunicação era zero então quero muito trazer as pessoas brasileiras para cá para mostrar pro mundo que o País tem pessoas influentes em diferentes épocas da nossa história e honrar o Brasil”, conclui Gabriela Ono.
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