No sentido contrário ao êxodo das empresas do centro de Santos, a chapelaria 'O Malão' se mantém, há 45 anos, no mesmo endereço. / NAIR BUENO/DIÁRIO DO LITORAL
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No sentido contrário ao êxodo das empresas do centro de Santos, a chapelaria 'O Malão' se mantém, há 45 anos, no mesmo endereço: Rua Amador Bueno, 219.
A loja - que começou vendendo apenas malas e bolsas - sustentou-se por anos com elas, até que a demanda pediu variedade e o casal de proprietários, Custódio Antunes e Enedina Gomes, decidiu trazer os chapéus.
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Desde então, são eles os carros-chefes dessa tradicional loja que ultimamente anda meio triste. O motivo é o falecimento, ano passado, do simpático Custódio, aos 95 anos.
"Ele era o cabeça daqui, sabia cativar os clientes, era amigo de todos", conta a esposa Enedina (84), que desde a partida do companheiro tenta manter as portas da loja abertas.
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Buscando se adaptar à nova rotina, agora é ela quem cuida da administração e pagamentos de fornecedores. Antes, ficava responsável pela compra dos produtos. "Era a parte da rotina que eu mais gostava de fazer. Agora que ele foi embora, ficou muita coisa", explica.
Sem filhos, têm nas duas vendedoras um pouco de família. Afinal, as duas estão lá há mais de décadas: Luzia Fernandes (51), se dedica à chapelaria há 28 anos; e Elizabeth Lima (31), há 12 anos.
"A partida do Seu Custódio abalou todas nós, mas principalmente a dona Enedina. Tanto que ela cogitou até fechar a loja, mas pensou melhor e viu que não seria bom ficar parada em casa, sem fazer nada. Ele era um patrão muito bom", relembra Elizabeth.
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Sendo assim, 'O Malão' segue atendendo tanto aos clientes novos, que entram na loja pela primeira vez surpresos ao descobrir que há na cidade um comércio específico para chapéus, quanto àqueles mais antigos, como o vereador santista Carabina.
"O preferido dele é o modelo Panamá. Há muito tempo ele é nosso cliente", conta Enedina.
Outro consumidor marcante para elas é um músico, já idoso, que de tanto comprar chapéu virou amigo e agora tem a mordomia de fazer os pedidos por telefone. "Ele liga, pede para separar tal modelo e quando chega para buscar nem desce do carro. Paga ali mesmo enquanto recebe o produto pela janela".
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NOVOS ARES
A queda do movimento em um centro cada vez mais vazio preocupa dona Enedina. Por outro lado, ela diz que os jovens têm procurado mais por chapéus hoje em dia.
Para esse público, as boinas e os bonés são os mais vendidos.
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Já para o carnaval, a pedida são os "malandrinhos", modelo que lembra os chapéus dos antigos sambistas. O "fedora" contempla um estilo mais formal, usado muito em casamentos. Outro que faz sucesso entre os mais novos, principalmente os da tribo 'hipster', é o Pork Pie.
Tímida, a chapelaria ainda não divulga seus produtos nas redes sociais. Porém, a ideia já foi cogitada pelas vendedoras, que aguardam a autorização da patroa para lançar a loja no mundo online. "Antes da internet, preciso ver como vai ser daqui pra frente", pontua com saudade dona Enedina.