POLÊMICA

Artista de rua é constrangido por 15 Guardas Municipais de Santos; assista

O argumento foi uma suposta perturbação pública

Carlos Ratton

Publicado em 20/07/2023 às 10:12

Atualizado em 20/07/2023 às 10:14

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O conhecido violinista santista, Robson Peres, afirmou que estava 'ganhando seu pão' no Gonzaga / NAIR BUENO / DIÁRIO DO LITORAL

"Santos é a cidade onde o tocar violino virou delito". A frase é da representante comercial Letícia Moraes, que não se conforma com a ação da Guarda Municipal de Santos (GCM) que, na última terça-feira, abordou e quase autuou o conhecido violinista santista Robson Peres, que estava 'ganhando seu pão' no Gonzaga. Peres chegou a gravar e publicar um vídeo nas redes sociais.

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O constrangimento público foi grande. Cerca de 15 guardas cercaram o artista.

O argumento foi uma suposta perturbação pública. Os guardas queriam levar o instrumento. Os agentes insistiam que Peres não poderia tocar e até o ameaçaram de conduzi-lo à Delegacia de Polícia porque se recusava a fornecer os documentos, o que acabou ocorrendo diante da insistência.

Robson Peres toca no mesmo lugar há pelo menos 10 anos, sobrevive e sustenta dois filhos com sua música. Todos conhecem seu esforço para sobreviver da arte. Sua página no Facebook possui 70 mil seguidores.

FURTO.
Ontem, o artista desabafou para a Reportagem. Disse que outros colegas passam pela mesma situação e não só em Santos. Além de músico e pedagogo, Robson é compositor, professor e escritor, com três livros já publicados e participantes da Bienal Internacional do Livro, entre outros eventos. Robson também vive da venda de suas obras.

"A partir da rua, eu divulgo o meu trabalho, levo a musicalidade do violino a pessoas que nunca o viram na vida e abro espaço para apresentações em ambientes fechados. Eu conheço as leis e disse ao guarda que se meu violino fosse tomado, eu o acusaria de furto. Falo isso com o consentimento da Secretaria de Cultura de Santos e da própria Corporação", afirma.

O artista, que também toca gratuitamente em hospitais de Santos para levar conforto a pacientes, explicou por que a abordagem aconteceu.

"Os guardas falaram que teve uma denúncia de perturbação e eu nem havia começado a tocar. Fui tratado como bandido e só não aconteceu o pior porque muita gente que me conhece intercedeu", revela, alertando que vai continuar tocando nas calçadas do
Gonzaga.

PREFEITURA.
Procurada, a Prefeitura se defende informando que o número de guardas e viaturas atendeu ao procedimento padrão de segurança para primeira abordagem dos fatos, de acordo a ocorrência - denúncia de perturbação da ordem pública por som alto - e o local, no caso, via e comércio com grande fluxo de pessoas. Outros guardas que faziam ronda de rotina nas imediações também se dirigiram ao local, mas logo voltaram ao patrulhamento.

Ao chegar ao local, continua a Prefeitura, o efetivo da GCM fez a intermediação do diálogo entre o denunciante e o artista, que usava uma caixa de som amplificada ligada. Foi pedido documento apenas para identificação do mesmo - procedimento padrão. Não houve nenhum tipo de ação truculenta ou necessidade de condução das partes envolvidas às autoridades policiais.

Ainda conforme a Administração, após orientação da GCM para diminuir o volume do som da caixa, o artista optou - por livre e espontânea vontade - deixar o local.

A Secretaria de Cultura, juntamente com o Conselho de Cultura de Santos, já marcou uma reunião, para próxima semana, com o músico. O encontro, no qual também estarão presentes representantes da Câmara Municipal de Santos, terá como pauta a discussão conjunta para a regulamentação da atuação destes trabalhadores da Cultura.

A Prefeitura de Santos mantém o compromisso de estimular e garantir que a arte e a cultura estejam em todas as partes da Cidade, mantendo viva a tradição de Santos de ser um celeiro de artistas das mais variadas vertentes.

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