Santos
Autoridade Portuária diz já ter "quatro ou cinco" empresas interessadas em investir na Usina de Itatinga para produzir combustível menos poluente em Santos
O presidente da Autoridade Portuária de Santos, Anderson Pomini / Nair Bueno/DL
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O presidente da Autoridade Portuária de Santos, Anderson Pomini, anunciou que a APS deverá publicar ainda neste semestre o chamamento para empresas interessadas em investir na modernização da Usina de Itatinga. O aporte de “R$ 200 milhões a R$ 300 milhões” é fundamental para viabilizar a produção de hidrogênio verde (H2V) no Porto de Santos. O chamado ‘combustível do futuro’ será viabilizado a partir da energia hidrelétrica gerada na Vila de Itatinga, em Bertioga. Segundo Pomini, “quatro ou cinco empresas já formalizaram o interesse no negócio” através de protocolo de intenções. O acordo será formatado na modalidade de Parceria Público-Privada (PPP).
Neste momento, os técnicos da APS trabalham no termo de referência, em seguida, uma consultoria contratada deverá propor a modelagem jurídica e econômica da transação. “O mundo está procurando energias alternativas e o Porto de Santos tem de se destacar na agenda da sustentabilidade”, resumiu Pomini durante visita à redação do Diário do Litoral no final de janeiro.
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Para viabilizar o H2V será necessária a revisão completa dos 35 quilômetros de cabos que interligam a Usina Hidrelétrica de Itatinga ao Porto. “O maior custo para produção do hidrogênio verde é a energia, e nós temos uma hidrelétrica à disposição, ou seja, não precisamos construir nenhuma estrutura nova, o que reduz o custo”, salientou o presidente da Autoridade Portuária.
Os portos do Nordeste têm anunciado nos últimos meses investimentos bilionários para produção do hidrogênio verde, considerado fundamental na transição energética rumo a uma navegação menos poluente e livre dos gases que provocam as mudanças climáticas. Porém, em todos os casos, há a necessidade de licenciamento ambiental e construção, também, de usinas fotovoltaicas (energia solar) ou eólicas (eletricidade gerada pelos ventos) para produção da energia limpa que promoverá a eletrólise da água, que dá origem ao H2V em um processo isento da emissão de gás carbônico.
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Itatinga gera, atualmente, 15 megawatts. Mas, segundo o presidente da Autoridade Portuária, só metade disso é usado no Porto porque, sem investimentos em novos cabos e subestações, “alguns operadores não querem nossa energia por conta das oscilações”. A outra metade é injetada na rede de abastecimento da CPFL. Ainda de acordo com Pomini, a usina poderia gerar até 20 megawatts com as devidas atualizações tecnológicas.
POLUIÇÃO DOS TRANSATLÂNTICOS.
A APS também quer diminuir a poluição causada pelos navios de cruzeiro, ofertando o H2V nos berços de atracação do futuro terminal de passageiros, a ser erguido do Valongo.
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Segundo Pomini, os transatlânticos são “um dos maiores contaminantes do Porto depois das dragas” que fazem o aprofundamento do canal de navegação.
Isso se deve ao fato de que os navios de cruzeiro, mesmo atracados, têm de manter em operação, 24 horas por dia, toda a estrutura de climatização das cabines e ambientes internos. Por transportarem grandes quantidades de alimentos e bebidas, essas embarcações também requerem energia para refrigeração dessas provisões.
E a fonte dessa energia é o óleo de navegação, altamente poluente para o ar que os santistas respiram. Esse combustível à base de petróleo também é responsável pelo aquecimento global, que provoca as mudanças climáticas.
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PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA.
“Vamos alimentar o cais de passageiros com outro tipo de combustível. Somos o único porto do mundo que tem uma usina hidrelétrica. E isso significa energia barata e confiável, algo fundamental para produção do hidrogênio verde”, adiantou o presidente.
Mas, diferente do que foi anunciado no início dos estudos para viabilização do H2V no cais santista, o investimento em Itatinga e em suas linhas de transmissão deve ficar entre R$ 200 milhões e R$ 300 milhões, portanto abaixo dos R$ 500 milhões previstos.
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“Vamos entregar a geração da energia elétrica para o mercado, mas eles precisam saber qual será a formatação”, explicou Pomini. “Eles estão interessados no lucro, nós no serviço de qualidade, na inovação e na sustentabilidade. Nossa posição é muito atraente para o mercado”, completou o presidente da APS.
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