Foram sete meses se movimentando graças a uma cadeira de rodas / Divulgação/PMS
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Sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) em 30 de julho de 2017 tinha significado o início de uma vida de privações para o motorista Hamilton Fernandes, hoje com 65 anos. E enfrentar as sequelas, a recuperação e a paralisação parcial dos membros nos meses seguintes foi, de fato, bem difícil. Como também foi doloroso abandonar a prancha, sua companheira no mar por mais de 50 anos. Mas a virada de chave para ele, morador do Estuário, foi o reencontro com o surfista Cisco Araña, coordenador da Escola de Surfe Adaptado, que funciona no Posto 3, no Gonzaga.
“O que você está fazendo nesta cadeira de rodas?”, espantou-se Cisco ao ver o companheiro de ondas naquela situação. Hamilton explicou que o AVC tinha deixado sequelas nos movimentos, principalmente na parte direita do corpo. O surfe, entendia ele, tinha ficado no passado. Para Cisco, não.
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A recuperação do AVC já não estava fácil para Hamilton. Foram sete meses se movimentando graças a uma cadeira de rodas. Quando começou a melhorar, outro baque: quebrou o fêmur, em 15 de novembro daquele ano. E foi nesse cenário nada animador que Cisco Araña reencontrou o companheiro. “Quero você fazendo as aulas”, determinou. Hamilton aceitou o convite e, aos poucos, foi redescobrindo o prazer do contato com a água salgada do mar.
“Quando voltei, a Escola de Surfe Adaptado ficava no Posto 2. No começo, tive muitas dificuldades, como subir na prancha. Testei modelos de vários tipos e tamanhos. Agora, estou mais solto. Aumentou minha autonomia”.
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Na manhã desta quarta-feira (21), Hamilton Fernandes fez mais uma das aulas na Escola de Surfe Adaptado. O frio da manhã do primeiro dia de inverno foi encarado com o aquecimento na parte interna do local das aulas, no Posto 3, no Gonzaga.
Logo, ele foi para a segunda parte da aula: acompanhado de um dos professores, seguiu aquecendo a musculatura até se encontrar com a água fria, por volta das 10h.
“Antes de reencontrar o Cisco, ele ficava deprimido porque seguia as competições de surfe pela TV. Agora, vir aqui, nas aulas de quarta-feira, é o melhor momento da semana dele”, conta Cristina, esposa de Hamilton. “Ele só deixou a cadeira de rodas porque voltou a surfar”.
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Para Cisco Araña, a evolução de Hamilton é gratificante. “Antes, ele usava várias peças de adaptação na prancha. Agora, não precisa mais. Eu falei para ele que ele era forte, que tinha experiência no surfe e voltaria a praticar o esporte. Insisti para que ele se levantasse nas primeiras aulas, e hoje ele está aí”.
Remar, mesmo com muita dificuldade no braço direito, uma vez por semana nas aulas, fez Hamilton recuperar sua autonomia. Hoje usa uma bengala para caminhar, mas comemora poder tomar banho sozinho e executar, com menos dependência, outras tarefas do cotidiano. “A ajuda do Cisco e dos outros professores foi fundamental”.
COMO SE INSCREVER
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Uma das responsáveis pela parte administrativa da Escola de Surfe Adaptado, Jenifer Pavani Ribeiro também é aluna da unidade. Ela conta que mais informações sobre as inscrições podem ser obtidas, de segunda a sexta, das 8h às 12h, pelo telefone (13) 3235-8081. No período da tarde, o interessado pode tirar dúvidas pelo WhatsApp (13) 98852-4352. Por ano, passam cerca de 250 alunos pela escola, entre os que apresentam necessidades especiais permanentes ou temporárias.
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