SAÚDE

Em Praia Grande, Usafa Samambaia concorre a premiação da OMS por uso de Libras na unidade

Com o nome "Atendimento em Libras na Usafa Samambaia em Praia  Grande-SP Uma Experiência de Acessibilidade a Pacientes Surdos",  esse trabalho se tornou referência para além de Praia Grande

Da Reportagem

Publicado em 07/03/2022 às 10:40

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funcionários da Usafa  Samambaia buscaram aprender a Linguagem Brasileira de Sinais (Libras)  para poder se comunicar com os pacientes surdos e ajudar na mediação  com a equipe médica / Richard Aldrin / Prefeitura de Praia Grande

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Comunicar. Esclarecer. Orientar. Acolher. Esses são alguns dos  desafios no dia a dia no atendimento de saúde na atenção primária. E esse trabalho se acentua quando a relação é com pessoas com  deficiência auditiva, que precisam se fazer entendidos quando procuram  atendimento médico. Com essa missão à frente, funcionários da Usafa Samambaia buscaram aprender a Linguagem Brasileira de Sinais (Libras)  para poder se comunicar com os pacientes surdos e ajudar na mediação com a equipe médica.

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Com o nome “Atendimento em Libras na Usafa Samambaia em Praia Grande – Uma Experiência de Acessibilidade a Pacientes Surdos”,  esse trabalho se tornou referência para além de Praia Grande. Tanto  que foi um dos quatro projetos do Município selecionados pela edição  de 2021 do APS Forte no SUS – integralidade do cuidado, organizado  pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS).

Tudo começou já há alguns anos, a partir da vontade das agentes  comunitárias de saúde Rose Franco Sanches de Souza e Cazandra Roberta  Domingos de Oliveira em conseguir atender as pessoas com deficiência  auditiva. “A gente teve uma necessidade, a Cazandra foi agente de  saúde de uma surda e depois com a redivisão de área a paciente acabou  vindo para mim. Quando eu cheguei na casa dela para fazer o  atendimento pela primeira vez me vi numa situação difícil, pensei:  ‘meu Deus, como eu vou comunicar com ela’? Eu não tinha entendimento  nenhum, fazia vários sinais e não entendia nada e aí surgiu um desejo  de aprender alguma coisa para me comunicar com ela”, contou Rose.

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O mesmo desejo aflorou em Cazandra, que recebeu um convite para fazer  o curso básico de Linguagem Brasileira de Sinais (Libras) em Santos e  chamou a Rose para acompanhá-la. E logo de cara elas perceberam que  como alguma noção faria uma grande diferença.

“Um dia uma paciente surda foi mordida por um cachorro e veio em  atendimento, só que nós não estávamos na unidade. Para uma auxiliar a  paciente fez um sinal de cachorro (mão semiaberta e curvada sobre o  nariz, imitando um focinho), só que a auxiliar de enfermagem entendeu  que ela precisava de inalação. A surda ficou nervosa, sinalizou que  não era aquilo. Foi quando nós chegamos, daí como a gente já tinha uma  noção básica, entendemos o sinal e pudemos ajudar no atendimento”,  relatou Cazandra.

Tal situação fez com que as duas agentes de saúde se especializassem  ainda mais nos últimos anos e se tornassem intérpretes da unidade,  auxiliando na comunicação dos pacientes com deficiência auditiva com  os profissionais da unidade, como médicos, enfermeiros, auxiliares,  técnico de farmácia. Essa mediação na comunicação tornou a unidade  referência, fazendo com que até mesmo pacientes de outras unidades  fossem buscar orientação na Usafa Samambaia.

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Ao mesmo tempo, criou-se uma vontade cada vez maior, não apenas em  Rose e Cazandra, mas também nos demais funcionários da unidade, de  aprender algumas noções de Libras. Isso levou as agentes de saúde a  desenvolverem um projeto de aulas de Libras para os colegas da Usafa,  aglutinando outras agentes comunitárias de saúde que fizeram o curso  básico e posteriormente se tornaram multiplicadoras na unidade, são  elas: Joana Dantas Correa Gander, Elaine Ariele Leocádio Leal,  Graziela Augusta dos Santos e Gisele Maria Panhan Domingos.

“Temos um grupo de seis pessoas que fizeram o curso básico de Libras e  fizeram a multiplicação de alguns sinais básicos para os demais  colegas da Usafa. De certo modo, todo mundo se envolveu no assunto e  aprendeu, estando habilitado em algum nível. Todos aqui sabem pelo  menos dar bom dia, recepcionar, forjando uma verdadeira cultura de  Libras na unidade”, destaca o diretor da Usafa Samambaia, Jocemar Dias  Pacheco.

Devido à pandemia do novo coronavírus, as aulas foram temporariamente  suspensas. Mas a expectativa é de retomar em breve as turmas e dar  oportunidade para que mais profissionais da Usafa possam se conectar a  esse mundo. “Na comunidade surda eles precisam tanto dessa comunicação  que independe o assunto. Às vezes atendemos homem surdo e se ele tiver  um problema de foro íntimo ele fala mesmo, porque ele sabe que a gente  vai tentar traduzir e ajudar. Então você vê a importância de ter essa  comunicação, deixando eles seguros de passar para o médico o que estão  sentindo”, afirmou Cazandra.

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E isso impactou a vida de diversos pacientes surdos, que conseguiram  ter suas demandas atendidas pela equipe de saúde. É o caso do  atendente de loja Fabio Yukio Yano, 44 anos, que frequenta a Usafa  Samambaia. Por meio da Libras, ele parabenizou a equipe pelo empenho  em aprender a linguagem de sinais. “É muito importante para os surdos  esse trabalho, porque se comunicar é bastante difícil, ainda mais  quando se está doente, o médico não sabe o que a pessoa surda sente.  Mas com a ajuda delas é possível que o médico saiba a dor do paciente,  indique os exames, remédios corretos. Estou muito feliz e agradecido  por isso”.

Para Rose, ter essa percepção de gratidão por parte do paciente surdo  é combustível para seguir estudando e aprendendo. “É tudo que a gente  precisa esse reconhecimento para saber que a que está no caminho  certo. Eu amo Libras”.

Sobre a premiação – O prêmio APS Forte no SUS – integralidade do  cuidado é aberto aos profissionais de saúde e secretarias de todo o  país. Organizada pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial  da Saúde (OPAS/OMS), a iniciativa visa reconhecer as experiências de  assistência realizadas pela atenção primária à saúde, sendo que esse  ano a premiação levou em conta os desafios provocados pela pandemia.

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O prêmio APS Forte no SUS objetiva a troca de conhecimento entre os  técnicos e também o compartilhamento das melhores ações para melhorar  as políticas públicas desenvolvidas no âmbito federal.

Segundo o secretário de Saúde interino, José Isaías Costa Lima, a  seleção dos projetos é um grande reconhecimento do trabalho feito pela  administração pública praia-grandense. “Essa conquista enche a todos  nós de orgulho, pois demonstra que tais ações, que se mostraram  relevantes e exitosas, se tornaram referência em âmbito nacional”.

Praia Grande inscreveu quatro projetos realizados pela Saúde e todos  foram aprovados e classificados para a etapa seguinte, que define os  finalistas que vão disputar a premiação máxima. Confira os projetos:

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- Acolhe PG – Central de Acolhimento ao Munícipe de Praia Grande;
- Estratégia de Saúde da Família como garantia de acesso à Saúde: a  experiência do Município de Praia Grande;
- Atendimento em Libras na Usafa Samambaia em Praia Grande- SP – Uma  Experiência de Acessibilidade a Pacientes Surdos;
- Inovações tecnológicas na comunicação recíproca e integralizada  entre Gestão Administrativa e Comunidade.

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