SAÚDE
Com o nome "Atendimento em Libras na Usafa Samambaia em Praia Grande-SP Uma Experiência de Acessibilidade a Pacientes Surdos", esse trabalho se tornou referência para além de Praia Grande
funcionários da Usafa Samambaia buscaram aprender a Linguagem Brasileira de Sinais (Libras) para poder se comunicar com os pacientes surdos e ajudar na mediação com a equipe médica / Richard Aldrin / Prefeitura de Praia Grande
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Comunicar. Esclarecer. Orientar. Acolher. Esses são alguns dos desafios no dia a dia no atendimento de saúde na atenção primária. E esse trabalho se acentua quando a relação é com pessoas com deficiência auditiva, que precisam se fazer entendidos quando procuram atendimento médico. Com essa missão à frente, funcionários da Usafa Samambaia buscaram aprender a Linguagem Brasileira de Sinais (Libras) para poder se comunicar com os pacientes surdos e ajudar na mediação com a equipe médica.
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Com o nome “Atendimento em Libras na Usafa Samambaia em Praia Grande – Uma Experiência de Acessibilidade a Pacientes Surdos”, esse trabalho se tornou referência para além de Praia Grande. Tanto que foi um dos quatro projetos do Município selecionados pela edição de 2021 do APS Forte no SUS – integralidade do cuidado, organizado pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS).
Tudo começou já há alguns anos, a partir da vontade das agentes comunitárias de saúde Rose Franco Sanches de Souza e Cazandra Roberta Domingos de Oliveira em conseguir atender as pessoas com deficiência auditiva. “A gente teve uma necessidade, a Cazandra foi agente de saúde de uma surda e depois com a redivisão de área a paciente acabou vindo para mim. Quando eu cheguei na casa dela para fazer o atendimento pela primeira vez me vi numa situação difícil, pensei: ‘meu Deus, como eu vou comunicar com ela’? Eu não tinha entendimento nenhum, fazia vários sinais e não entendia nada e aí surgiu um desejo de aprender alguma coisa para me comunicar com ela”, contou Rose.
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O mesmo desejo aflorou em Cazandra, que recebeu um convite para fazer o curso básico de Linguagem Brasileira de Sinais (Libras) em Santos e chamou a Rose para acompanhá-la. E logo de cara elas perceberam que como alguma noção faria uma grande diferença.
“Um dia uma paciente surda foi mordida por um cachorro e veio em atendimento, só que nós não estávamos na unidade. Para uma auxiliar a paciente fez um sinal de cachorro (mão semiaberta e curvada sobre o nariz, imitando um focinho), só que a auxiliar de enfermagem entendeu que ela precisava de inalação. A surda ficou nervosa, sinalizou que não era aquilo. Foi quando nós chegamos, daí como a gente já tinha uma noção básica, entendemos o sinal e pudemos ajudar no atendimento”, relatou Cazandra.
Tal situação fez com que as duas agentes de saúde se especializassem ainda mais nos últimos anos e se tornassem intérpretes da unidade, auxiliando na comunicação dos pacientes com deficiência auditiva com os profissionais da unidade, como médicos, enfermeiros, auxiliares, técnico de farmácia. Essa mediação na comunicação tornou a unidade referência, fazendo com que até mesmo pacientes de outras unidades fossem buscar orientação na Usafa Samambaia.
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Ao mesmo tempo, criou-se uma vontade cada vez maior, não apenas em Rose e Cazandra, mas também nos demais funcionários da unidade, de aprender algumas noções de Libras. Isso levou as agentes de saúde a desenvolverem um projeto de aulas de Libras para os colegas da Usafa, aglutinando outras agentes comunitárias de saúde que fizeram o curso básico e posteriormente se tornaram multiplicadoras na unidade, são elas: Joana Dantas Correa Gander, Elaine Ariele Leocádio Leal, Graziela Augusta dos Santos e Gisele Maria Panhan Domingos.
“Temos um grupo de seis pessoas que fizeram o curso básico de Libras e fizeram a multiplicação de alguns sinais básicos para os demais colegas da Usafa. De certo modo, todo mundo se envolveu no assunto e aprendeu, estando habilitado em algum nível. Todos aqui sabem pelo menos dar bom dia, recepcionar, forjando uma verdadeira cultura de Libras na unidade”, destaca o diretor da Usafa Samambaia, Jocemar Dias Pacheco.
Devido à pandemia do novo coronavírus, as aulas foram temporariamente suspensas. Mas a expectativa é de retomar em breve as turmas e dar oportunidade para que mais profissionais da Usafa possam se conectar a esse mundo. “Na comunidade surda eles precisam tanto dessa comunicação que independe o assunto. Às vezes atendemos homem surdo e se ele tiver um problema de foro íntimo ele fala mesmo, porque ele sabe que a gente vai tentar traduzir e ajudar. Então você vê a importância de ter essa comunicação, deixando eles seguros de passar para o médico o que estão sentindo”, afirmou Cazandra.
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E isso impactou a vida de diversos pacientes surdos, que conseguiram ter suas demandas atendidas pela equipe de saúde. É o caso do atendente de loja Fabio Yukio Yano, 44 anos, que frequenta a Usafa Samambaia. Por meio da Libras, ele parabenizou a equipe pelo empenho em aprender a linguagem de sinais. “É muito importante para os surdos esse trabalho, porque se comunicar é bastante difícil, ainda mais quando se está doente, o médico não sabe o que a pessoa surda sente. Mas com a ajuda delas é possível que o médico saiba a dor do paciente, indique os exames, remédios corretos. Estou muito feliz e agradecido por isso”.
Para Rose, ter essa percepção de gratidão por parte do paciente surdo é combustível para seguir estudando e aprendendo. “É tudo que a gente precisa esse reconhecimento para saber que a que está no caminho certo. Eu amo Libras”.
Sobre a premiação – O prêmio APS Forte no SUS – integralidade do cuidado é aberto aos profissionais de saúde e secretarias de todo o país. Organizada pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), a iniciativa visa reconhecer as experiências de assistência realizadas pela atenção primária à saúde, sendo que esse ano a premiação levou em conta os desafios provocados pela pandemia.
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O prêmio APS Forte no SUS objetiva a troca de conhecimento entre os técnicos e também o compartilhamento das melhores ações para melhorar as políticas públicas desenvolvidas no âmbito federal.
Segundo o secretário de Saúde interino, José Isaías Costa Lima, a seleção dos projetos é um grande reconhecimento do trabalho feito pela administração pública praia-grandense. “Essa conquista enche a todos nós de orgulho, pois demonstra que tais ações, que se mostraram relevantes e exitosas, se tornaram referência em âmbito nacional”.
Praia Grande inscreveu quatro projetos realizados pela Saúde e todos foram aprovados e classificados para a etapa seguinte, que define os finalistas que vão disputar a premiação máxima. Confira os projetos:
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- Acolhe PG – Central de Acolhimento ao Munícipe de Praia Grande;
- Estratégia de Saúde da Família como garantia de acesso à Saúde: a experiência do Município de Praia Grande;
- Atendimento em Libras na Usafa Samambaia em Praia Grande- SP – Uma Experiência de Acessibilidade a Pacientes Surdos;
- Inovações tecnológicas na comunicação recíproca e integralizada entre Gestão Administrativa e Comunidade.