Política

Lula lista leis de seu governo para tentar quebrar resistência entre evangélicos

Lula afirmou que é preciso desfazer críticas feitas por "determinadas pessoas de má fé, mentirosas, tentando transformar religião em partido político"

ITALO NOGUEIRA - FOLHAPRESS

Publicado em 26/08/2022 às 18:01

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Ex-Presidente Lula / Guilherme Gandolfi/Facebook//Lula

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O ex-presidente Lula (PT) adotou nesta sexta-feira (26) a estratégia de listar leis sancionadas em seu governo para tentar quebrar a resistência entre o eleitorado evangélico à sua candidatura à Presidência.

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Em reunião com o deputado Marcelo Freixo (PSB), candidato ao Governo do Rio de Janeiro, o petista disse que sua campanha planeja um ato em São Gonçalo (RJ) voltado para o grupo religioso.

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"Não sou daqueles que misturam política. Mas nós precisamos esclarecer algumas coisas. As pessoas não sabem que quem criou a lei da liberdade religiosa foi o meu governo, em 2003. O Dia Nacional da Marcha para Jesus, em 2009, o Dia Nacional do Evangélico, em 2010, ainda no meu governo. E o Dia Nacional da Proclamação do Evangelho foi no governo da Dilma Rousseff, em 2013", afirmou.

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Lula afirmou que é preciso desfazer críticas feitas por "determinadas pessoas de má fé, mentirosas, tentando transformar religião em partido político". "É preciso que a gente diga para os evangélicos, para as pessoas normais, o que alguns pastores não querem dizer."

A pesquisa Datafolha mais recente mostra o presidente Jair Bolsonaro (PL) com 49% das intenções de voto entre evangélicos, contra 32% do petista. Entre os eleitores mais pobres desse grupo (renda familiar até dois salários mínimos), porém, Lula atinge 41% da preferência, contra 38% de Bolsonaro. Esse grupo representa 53% dos fiéis entrevistados.

O recorte explica a estratégia de focar o debate da crise econômica nessa fatia. As leis listadas visam a minar a estratégia de Bolsonaro de, com a pauta moral, ampliar a rejeição a Lula entre evangélicos.

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"Tenho pleno interesse de fazer o debate com evangélicos e discutir, não religião, mas discutir Brasil, política, emprego, fome, cultura, a situação da mulher brasileira, duplamente sofrida com essa situação."

As campanhas de Bolsonaro e Lula fazem apostas diferentes para cativar o eleitorado evangélico. A do atual presidente elegeu a pauta moral, enquanto a do petista prefere virar a chave para o tema econômico, na expectativa de que a dificuldade financeira leve esse fiel a rejeitar mais quatro anos de bolsonarismo.

Números da mais recente pesquisa Datafolha mostram que as duas estratégias podem ganhar tração, a depender do grupo social. A arrancada de Bolsonaro nessa parcela religiosa se deve sobretudo aos fiéis de renda média e alta, enquanto, entre os mais pobres, Lula se mantém em empate técnico com o rival.

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Entre os evangélicos que recebem mais de dois salários mínimos por mês, Bolsonaro dispara: tem 61% da predileção, e o petista, 22%. A conta explica a prevalência do presidente nesse nicho como um todo: 49% dos evangélicos estão com ele, e 32% dizem optar por seu adversário à esquerda.

O levantamento indica ainda que a questão econômica divide espaço com a identidade religiosa na formação do voto de parte dos fiéis. Quanto menor a renda, mais sensível fica esse eleitor a fatores como a inflação. A tendência de votar em Lula cresce. Não o bastante, contudo, para impedir que crença e temas morais roubem votos do petista entre os mais pobres, como sugere o resultado do Datafolha.

O evento marcado para São Gonçalo deve ter tons mais religiosos, diferentes dos comícios políticos tradicionais da campanha petista.

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A intenção é fazer no mesmo dia um ato, nos moldes tradicionais, em Nova Iguaçu.

O comício na Baixada Fluminense estava previsto para ocorrer em 8 de setembro, dia seguinte ao ato de Bolsonaro com as Forças Armadas em Copacabana no Dia de Independência.

Contudo, há possibilidade de alteração em razão da lotação de hotéis na cidade com turistas para o Rock in Rio. Também há preocupação com a chegada de Lula em Copacabana, onde ele geralmente se hospeda, na noite do dia 7, quando a orla deve estar lotada de bolsonaristas.

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