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Elói Pietá: Petista histórico cogita deixar partido para se candidatar em Guarulhos

Ex-prefeito de Guarulhos, Elói Pietá revela razão de se opor à decisão do diretório municipal por Alencar Santana e aposta em apoio de Lula

Bruno Hoffmann e Matheus Herbert

Publicado em 02/12/2023 às 16:36

Atualizado em 02/12/2023 às 16:42

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Elói Pietá durante entrevista na redação da Gazeta de S. Paulo / Thiago Neme/Gazeta de S. Paulo

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Elói Pietá é uma figura histórica do PT (se filiou em 1980, mesmo ano do nascimento da sigla), mas acabou de buscar a justiça contra uma decisão do próprio diretório municipal da legenda de escolher o deputado federal Alencar Santana como pré-candidato à Prefeitura de Guarulhos em 2024. Segundo Pietá, a indicação contraria o estatuto do Partido dos Trabalhadores, que prevê votação entre todos os filiados da localidade em caso de haver dois ou mais postulantes ao cargo. O PT de Guarulhos tem mais de 25 mil membros.

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Ex-vereador, ex-deputado estadual, ex-deputado federal e ex-prefeito de Guarulhos por dois mandatos (2001-2004 e 2005-2008), Pietá contou nesta entrevista à Gazeta não entender a aposta no parlamentar em detrimento ao seu nome. Seu principal trunfo, explicou, é força que tem nas pesquisas eleitorais na cidade. Ele também destacou ser um “lulista histórico” e disse não acreditar que Lula se oponha à sua pré-candidatura: “Tenho convicção de que o presidente não se debruçou ainda sobre o tema”.

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Ele não descartou a possibilidade de deixar o PT e concorrer por outra legenda caso a decisão da justiça seja contrária ao seu desejo ou demore demais para sair. “Estou dependendo dessa decisão judicial. Agora, evidentemente, se a decisão judicial demorar demais... Eleições não são adiadas”.

Leia e assista à entrevista abaixo.

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O PT escolheu Alencar Santana como pré-candidato em Guarulhos. Como se deu essa situação?

Elói Pietá - Escolheu, mas escolheu fora do estatuto do Partido dos Trabalhadores. O estatuto do PT, que eu como secretário-geral nacional inclusive ajudei a fazer a versão atual, mostra que para escolher candidato a prefeito, a governador ou a presidente da República tem que ser pelos [votos dos] filiados e filiadas caso haja dois ou mais pré-candidatos. Guarulhos tem 25.500 filiados. Sabe quantas pessoas escolheram o deputado Alencar para pré-candidato a prefeito? Trinte e cinco pessoas. Foi contra a norma estatutária, e por isso entrei no judiciário para o PT cumprir sua própria constituição, que é o estatuto. Não aceito que tirem a democracia interna do meu partido.

Como o sr. se sentiu?

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Me senti oprimido. Quando se faz um arranjo fora da constituição do partido está tirando os direitos de 25 mil pessoas. E não foi só o meu direito de ser pré-candidato, tinha mais um outro pré-candidato [o vereador Mauricio Brinquinho]. Ele aceitou o resultado, eu não aceitei.

Como o sr. analisa a pesquisa Ipec para a cidade, que o coloca na liderança para o ano que vem?

Bem, como é que pode eu com 31% das intenções de voto na pesquisa do Ipec, ex-Ibope, e o Partido dos Trabalhadores escolher quem está com 7%, 8% das intenções de voto? Qual é a lógica disso? Além de que os outros candidatos dos outros partidos são todos novatos, calouros, e eu fui prefeito por 8 anos. Conheço a cidade bairro por bairro, local por local, liderança por liderança. E é uma cidade de 1 milhão e 300 mil habitantes.

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Provavelmente, se o PT escolheu Alencar Santana é que Lula quer Alencar Santana, não? Guarulhos é considerada uma cidade estratégica pelo presidente Lula.

Mas, calma lá. Lula tinha que indicar o novo Ministro do Supremo Tribunal Federal; tinha que indicar o novo procurador-geral da República; tinha que garantir o apoio do PT ao [Guilherme] Boulos na Capital; tinha que negociar com o centrão e alterar ministérios para ter maioria no Congresso; tinha que aprovar a reforma tributária; tinha que cuidar da questão do arcabouço fiscal; tinha que fazer a política internacional, falar com o [Joe] Biden [presidente dos EUA], com Xi Jinping [presidente da China, com [Emmanuel] Macron [presidente da França]; ver a questão da guerra da Rússia com a Ucrânia, da guerra de Israel com o Hamas.

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Mas Guarulhos não é uma cidade qualquer...

Eu sei, mas o Brasil é grande demais. Tenho convicção de que o presidente Lula não se debruçou ainda sobre o tema.

Há alguma chance de o senhor sair do partido para concorrer a prefeito de Guarulhos em 2024 por outra legenda?

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Estou dependendo dessa decisão judicial. Agora, evidentemente, se a decisão judicial demorar demais... Eleições não são adiadas, né?

Então confirma que pode deixar o PT?

O meu destino é tentar solucionar ou reduzir os problemas da cidade, mantendo a mesma linha que sempre tive, uma linha que prioriza as pautas sociais. Evidentemente, numa atuação conjunta com o presidente Lula. Sou um lulista histórico. A minha intenção é resolver ou minorar os grandes problemas urbanos e sociais que existem na cidade, da mesma forma que fiz nos 8 anos em que fui prefeito. Se o PT disser “você não serve para nós”, vou fazer a mesma coisa que fiz, na mesma linha, com a mesma honestidade...

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Ex prefeito de Guarulhos Elói Alfredo Pietá Elói Pietá durante entrevista ao podcast De Olho no Poder/Thiago Neme/Gazeta de S. Paulo

O que quer fazer de diferente, ou novamente, caso tenha um novo mandato em Guarulhos??

Em primeiro lugar a questão da saúde pública. O principal desastre da atual gestão (do prefeito Guti, do PSD) foi o de desestruturar o sistema de saúde. Ele privatizou os hospitais, tirou toda a administração direta do principal hospital de Guarulhos, o Hospital Municipal de Urgências, e do Hospital da Criança, além de outras unidades de saúde. As organizações sociais deixaram dívidas, sumiram, mudaram de nome. Quando fui prefeito conseguimos dois hospitais: um hospital para uma região de cerca de 300 mil habitantes, de Pimentas e Bonsucesso, e o Hospital da Criança, no centro da cidade. Criamos 23 novas unidades de saúde e de pronto atendimento. Ele não criou sequer uma unidade de saúde. A reorganização do sistema de saúde é essencial. Também há outros grandes problemas, como a questão da falta de creches e a do transporte coletivo.

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Há tempos se fala sobre a possibilidade de o Metrô chegar  a Guarulhos. O prefeito pode ter influência sobre o tema?

No governo do [então governador e hoje vice-presidente Geraldo] Alckmin, quando eu era prefeito, fizemos um acordo de fazer pelo menos o trem até o aeroporto. Já o Metrô sempre negou, dizia que que o carregamento seria grande demais se estendesse a linha do Tucuruvi até Guarulhos. Aliás, onde é que o Metrô está fora da Capital?

Mas o sr. confia que o Metrô vai chegar a Guarulhos?

Vai chegar, mas lá pela década de 2030. Tem duas linhas propostas para Guarulhos. A linha que vem da Chácara Klabin, passando pela Penha e chegando no início de Guarulhos, na divisa com São Paulo. E tem outra saindo da estação Anhangabaú, indo pela Vila Maria e chegando no centro de Guarulhos. O governo resolveu fazer a ligação com a Chácara Klabin. Quero ser prefeito, e vou dialogar muito com o Metrô. E voltei a falar sobre o trem.

Como assim?

Conversei no início do ano com Alckmin sobre o trem. Tem uma região de Guarulhos, com cerca de 450 mil habitantes, que a chegada do trem do aeroporto seria muito boa. Seria bom para o sistema da CPTM e bom para aquela população toda, que hoje está sufocada. O aeroporto está no centro geográfico da cidade, é uma espécie de obstáculo para a mobilidade urbana. A linha de trem ali é essencial para desobstruir aquele sufoco que acontece quase para um terço da cidade de Guarulhos.

Ex prefeito de Guarulhos Elói Alfredo Pietá Elói Pietá durante entrevista ao podcast De Olho no Poder/Thiago Neme/Gazeta de S. Paulo

Como o sr. avalia o primeiro ano da gestão Tarcísio?

Se eu avaliar pela minha cidade é zero de coisas feitas. Zero. E o Tarcísio foi ministro dos Transportes. Quando era ministro tinha que terminar um trevo importantíssimo da via Dutra e fazer o outro. O Tarcísio como ministro não fez um metro quadrado de asfalto na cidade de Guarulhos. Agora, como governador, ele fala que tem que concluir os trevos da via Dutra, mas é uma rodovia federal, não estadual. Tarcísio não fez absolutamente nada até agora a não ser falar. Fala é fácil, as palavras voam, mas quando se vê a realidade é outra coisa. tive, uma linha que prioriza as pautas sociais. Evidentemente, numa atuação conjunta com o presidente Lula. Sou um lulista histórico. A minha intenção é resolver ou minorar os grandes problemas urbanos e sociais que existem na cidade, da mesma forma que fiz nos 8 anos em que fui prefeito. Se o PT disser “você não serve para nós”, vou fazer a mesma coisa que fiz, na mesma linha, com a mesma honestidade...

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