Política

'É preciso recuperar a credibilidade do CREA-SP', afirma José Manoel Ferreira Gonçalves

O candidato à presidência do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo concedeu entrevista exclusiva ao Diário

Da Reportagem

Publicado em 08/11/2023 às 07:30

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José Manoel Ferreira Gonçalves revelou sua preocupação com os destinos do órgão / Nair Bueno/DL

Hoje, às 17 horas, na sede da Associação Comercial e Empresarial de Guarujá (Aceg) - Avenida Artur Costa Filho, 645 - Vila Maia - o candidato à presidência do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (CREA-SP), engenheiro José Manoel Ferreira Gonçalves, apresenta suas propostas para a Gestão 2024/2026. 

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Ontem, em entrevista exclusiva ao Diário, o candidato revelou sua preocupação com os destinos do órgão e acredita que só uma gestão austera e, principalmente, transparente, vai retomar a credibilidade que o Conselho precisa.

DL - Qual o papel do CREA-SP hoje?
José Manoel Ferreira Gonçalves - Decorativo. A maior autarquia pública federal do País num papel totalmente secundário dentro da sociedade brasileira. Há muito o sistema caiu na mão de ‘grupelhos’, formado por pessoas completamente irresponsáveis que atuam em com interesses específicos com objetivos pequenos, medíocres e inconfessáveis. 

DL – O órgão poderia estar ajudando muito os profissionais, não?
José Manoel - O sindicato da categoria tem o papel de atender os profissionais. As associações de engenharia também têm o papel de defender profissionais e a profissão. O CREA, além disso tudo, tem uma coisa chamada fé pública. Ele não precisa pedir licença. Vai, bate na porta, entra e fiscaliza. No entanto, está cumprindo este papel de forma burramente programada, avisando que vão fazer uma blitz. 

DL - Mesmo com toda a tecnologia de hoje?
José Manoel - Pois é. Numa época que existe o geoprocessamento, georeferenciamento, geoestatística, em que você pode fazer tudo de forma pensada, detalhada e planejada, estão fazendo tudo anunciado, para fazer uma ação midiática. É melhor pendurar um abacaxi e sair na rua. O CREA parou no tempo e no espaço. Do jeito que está indo, vai morrer e logo.

DL – Mas os profissionais pagam por um órgão mais eficiente, não?
José Manoel - O CREA cobra um espetáculo. Nisso é especialista. Somos em torno de 320 mil engenheiros no Estado. Cerca de 120 mil pagam rigorosamente. No Brasil, são cerca 1,2 milhão de profissionais de Engenharia. Teremos a primeira eleição virtual, pela Internet, agora. E pouca gente sabe disso.

DL – Como tem pouca gente que sabe o que é um engenheiro-clínico?
José Manoel - Sim, que é uma especialidade da Engenharia ligada à área da infraestrutura hospitalar. Ela é importantíssima, porque os hospitais não podem ser mal planejados, dimensionados, organizados. Hoje uma atividade que a turma está descobrindo. 

DL - Existe alguma prova de autenticidade do registro do CREA?
José Manoel - Não. A pessoa se forma e recebe o registro provisório. O definitivo vem depois. Eu também sou advogado. Acredito que tenhamos que seguir na mesma direção do que acontece na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que faz provas. Mas ainda não está nada definitivo sobre isso. Quando me formei, formaram-se 18 mil. Hoje, são cerca de 70 mil por ano. 

DL - Tem mercado para isso?
José Manoel - O mercado é flutuante. O Brasil vai entrar num ciclo de projetos de execução de engenharia que serão muito grandes. E nós temos faculdades que pararam no tempo há 20 anos. É preciso aproximar a realidade factual do que é ensinado na vida acadêmica. O menino ou a menina sai da faculdade e olha pra vida sem nenhuma aderência do que foi repassado em sala de aula. Isso é uma loucura. Temos que pressionar o MEC, o Governo Federal, falar com os profissionais, enfim, não podemos ter um currículo defasado. 

DL – E na Baixada Santista?
José Manoel - Temos várias faculdades. Precisamos que elas ministrem cursos voltados às necessidades da região. Petróleo, meio ambiente, recursos oceânicos, pesca, enfim. Por que não estamos preparando nossa juventude para essas áreas. Uma das minhas especializações é na área é engenharia oceânica. Tenho mestrado e doutorado e pós-doutorado também. Temos que ter engenharia costeira. Temos marinas, um porto espetacular. Temos a interferência do homem na natureza. Isso precisa ser estudado, especializado. A Universidade Santa Cecília já faz isso. Mas é preciso mais investimentos, mais recursos. Há projetos realizados aqui mas são todos paliativos. É preciso estudos técnicos profundos. Temos que estudar as causas e não as consequências. 

DL - Por exemplo?
José Manoel - A praia possui um equilíbrio instável. Se nada for feito, o sedimento vai e volta. A praia do Góes está desaparecendo. Existem movimentos oceânicos que precisam ser compreendidos, estudados. Você pode vocacionar centenas de jovens que podem trabalhar aqui e no Mundo todo. E o que o CREA faz? Nada. Fica só olhando. Não apoia iniciativa alguma. Faz só cursos que não tem a menor conexão com a realidade prática. Ao invés de direcionar recursos, fomentar estudos modernos e eficientes, O CREA-SP ajuda ‘amiguinhos’ que possuem cursos pré-estabelecidos aos próprios interesses. O CREA-SP é atualmente um paquiderme surdo. Deveria ser uma instituição séria que ouve as pessoas. Tem que caminhar em prol de interesse das regiões do Estado, no que pode gerar projetos, investimentos e empregos. 

DL - É preciso iniciar um novo trabalho institucional?
José Manoel - Sim e de forma transparente, imparcial e sistêmica. Se eu me tornar presidente, vamos investir em comunicação. Vamos abrir as contas para que todos os profissionais possam ver e opinar sobre a administração do CREA-SP. Hoje, o site do CREA-SP nada mais é que um emaranhado de informações jogadas, dispersas. Desaparecem constantemente. Há coisas absurdas. Vou fazer uma auditoria forte e internacional, inclusive, jurídica e contábil. Quero que cada tostão gasto do CREA-SP seja explicado. Inclusive, saber porque estão querendo vender os imóveis do órgão. 

DL – O CREA-SP poderia agir mais aqui na região?
José Manoel - Sim, aqui no centro da cidade de Santos. O CREA-SP deveria estar liderando grandes projetos. A Engenharia precisa estar presente. Quero envolver os sindicatos também nisso. É preciso fiscalizar outros profissionais sendo contratados em setores de engenharia sem a formação. Temos que ter gente para fiscalizar o Porto de Santos. Minha administração será feita gerando reuniões com atas. Em 17 de novembro, nas eleições, precisamos mudar tudo. Vamos fazer acontecer. Recuperar a credibilidade do CREA-SP.

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