Polícia

Visitas temem 'novo Carandiru' em Presidente Venceslau-SP

A possibilidade de uma megarrebelião é levada a sério pelas autoridades. Elas temem que a facção ordene o quebra-quebra nos presídios controlados por ela

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 01/03/2014 às 14:01

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O primeiro dia de visitas, após o anúncio de uma possível transferência dos principais líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC) para o Regime Disciplina Diferenciado (RDD), foi marcado neste sábado, 1º, pelo medo de que uma rebelião, causada pela transferência, possa transformar a Penitenciária 2, de Presidente Venceslau, em um "novo Carandiru", no interior de São Paulo.

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A possibilidade de uma megarrebelião é levada a sério pelas autoridades. Elas temem que a facção ordene o quebra-quebra nos presídios controlados por ela, se a remoção, solicitada pelo governo do Estado, for efetivada. O receio é de que os presos usem os próprios familiares como reféns para dar início aos motins, por isso, os horários de visitas, neste sábado e domingo, 2, estão cercados de medidas extremas de segurança em todos os presídios do Estado.

Na P-2 de Venceslau - onde estão detidos os principais líderes do PCC e seria executado neste sábado um audacioso plano de fuga com uso de helicópteros e armamento pesado -, os agentes apertaram a operação de revista nos visitantes, o que atrasou a entrada de alguns deles no presídio. Ao menos duas mulheres foram barradas pelo detector de metais, mas até as 11 horas, a Polícia Militar não tinha confirmado qualquer apreensão.

As visitas temem 'novo Carandiru' em Presidente Venceslau-SP (Foto: Arquivo/DL)

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Uma das mulheres era Marly Olímpio da Mata. Moradora em Itaquaquecetuba, ela chorou por não poder ver o filho, que cumpre seis anos de prisão. "Fazia dois anos que não vinha aqui e agora eles me barram, sem eu não ter nada. Eles poderiam procurar, me revistar, e como não encontrariam nada comigo, então me deixassem entrar. Mas não é assim, me deixaram aqui, do lado de fora. É muita injustiça porque não tenho dinheiro para vim sempre aqui, vivo de reciclagem", contou ela, chorando.

Além do choro de Marly, as mulheres também deixaram transparecer medo com a atual situação. "Não queremos falar nada, mas essas notícias que têm saído na imprensa, sobre fuga e transferência, prejudicam nossos filhos e dão muito medo na gente, porque sabemos o quanto de ódio quem está aqui fora carrega dos nossos parentes que estão lá dentro. Que Deus abençoe a todos", disse uma mulher que se identificou como Eliana de Fátima, que visitava o marido. "Não podemos falar nada, mas é claro que todo mundo tem medo (sobre os efeitos que possível rebelião causaria)", disse outra mulher.

"Neste presídio nunca haverá rebelião, porque se houver, pode escrever aí menino, será um outro Carandiru", disse Renata Freitas, dona de um trailer de lanche instalado nas proximidades do presídio. "Estou aqui há seis anos e nunca aconteceu nenhum motim, mas agora a segurança está muito reforçada. Nunca vi igual",afirmou.

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A segurança no entorno e na frente do presídio era feita por viaturas da Polícia Militar e por homens camuflados do Comando de Operações Especiais (COE), dentro de viaturas escuras. No meio da manhã, depois de gritos mais altos dentro do presídio e de um forte estouro, policiais da Tropa de Choque foram para a portaria, mas logo saíram fazendo sinal de positivo, de que tudo continua calmo. Porém, os agentes determinaram a retirada das equipes de jornalistas que estavam à frente portaria desde as primeiras horas da manhã.

O sábado foi o dia de visitas dos detentos que estão nos raios pares, o baixo clero do PCC. Por isso, o clima de tensão deve continuar neste domingo, quando serão liberadas as entradas dos visitantes dos raios ímpares, incluindo o 1, onde estão detidos Marcos Wliians Herbas Camacho, o Marcola, comandante da facção, e os outros três líderes que participariam da fuga com Marcola.

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