Continua depois da publicidade
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) considerou que o laudo de exame de voz do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), anexado ao processo de apuração do desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza, coincide com o parecer técnico da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI) sobre o caso, que identifica como sendo do soldado Marlon Campos Reis, um dos denunciados no crime, a voz do homem que ligou para outro policial fingindo ser o traficante Thiago da Silva Neris, conhecido como Catatau. A ideia era atribuir ao tráfico de drogas a responsabilidade pelo desaparecimento do pedreiro, torturado e morto em 14 de julho de 2013 por policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha.
Segundo o Ministério Público, durante a ligação o soldado faz falsas ameaças e diz que já botou o Boi na sua conta. Boi era o apelido de Amarildo. Um laudo da Polícia Civil descartou a versão inicial de que a voz seria do traficante Catatau. Para o MP-RJ, o laudo reforça as provas apresentadas até agora, pelo órgão, sobre o desaparecimento do pedreiro.
Análise da Divisão de Evidências Digitais e Tecnologia da CSI, que comparou as vozes dos 34 policiais militares citados no processo, descobriu que Marlon foi o autor da ligação, acompanhado do soldado Vital. Com o telefone monitorado, eles foram a Higienópolis fazer a ligação. A interceptação dos celulares particulares dos dois também identificou que eles estavam na mesma Estação de Rádio Base da ligação.
Continua depois da publicidade
Dentre as coincidências encontradas no laudo do ICCE e na análise da CSI, o MP-RJ apontou a pronúncia da palavra "nove", indicando total identificação na comparação de vozes. A análise indicou ainda que “a fala questionada indicava a possibilidade de disfarce da voz do falante”.
O laudo do ICCE, destacou também que os exames periciais foram realizados por meio de comparações fundamentais nas características linguísticas e sociolinguísticas, bem como de outros elementos informativos obtidos a partir dos áudios questionados e a relação deles com o réu. “Foram avaliadas também as características acústicas dependentes do locutor, obtidas da voz do suspeito e da voz questionada”, indicou.
Conforme o MP-RJ, o processo do caso Amarildo, que tramita na 35ª Vara Criminal, ingressará na fase de alegações finais. A denúncia do órgão contra 25 policiais, por tortura, foi encaminhada à Justiça em outubro de 2013. Entre os denunciados, oito foram na modalidade omissiva, 17 por ocultação de cadáver, 13 por formação de quadrilha e quatro por fraude processual.
Continua depois da publicidade