Polícia

Soldado se passou por traficante no caso Amarildo, diz laudo da polícia

A ideia era atribuir ao tráfico de drogas a responsabilidade pelo desaparecimento do pedreiro, torturado e morto em 14 de julho de 2013 por policiais da UPP da Rocinha

Publicado em 02/09/2014 às 00:54

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O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) considerou que o laudo de exame de voz do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), anexado ao processo de apuração do desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza, coincide com o parecer técnico da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI) sobre o caso, que identifica como sendo do soldado Marlon Campos Reis, um dos denunciados no crime, a voz do homem que ligou para outro policial fingindo ser o traficante Thiago da Silva Neris, conhecido como Catatau. A ideia era atribuir ao tráfico de drogas a responsabilidade pelo desaparecimento do pedreiro, torturado e morto em 14 de julho de 2013 por policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha.

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Segundo o Ministério Público, durante a ligação o soldado faz falsas ameaças e diz que já botou o Boi na sua conta. Boi era o apelido de Amarildo. Um laudo da Polícia Civil descartou a versão inicial de que a voz seria do traficante Catatau. Para o MP-RJ, o laudo reforça as provas apresentadas até agora, pelo órgão, sobre o desaparecimento do pedreiro.

Análise da Divisão de Evidências Digitais e Tecnologia da CSI, que comparou as vozes dos 34 policiais militares citados no processo, descobriu que Marlon foi o autor da ligação, acompanhado do soldado Vital. Com o telefone monitorado, eles foram a Higienópolis fazer a ligação. A interceptação dos celulares particulares dos dois também identificou que eles estavam na mesma Estação de Rádio Base da ligação.

O pedreiro Amarildo desapereceu em 14 de julho de 2013 (Foto: Divulgação)

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Dentre as coincidências encontradas no laudo do ICCE e na análise da CSI, o MP-RJ apontou a pronúncia da palavra "nove", indicando total identificação na comparação de vozes. A análise indicou ainda que “a fala questionada indicava a possibilidade de disfarce da voz do falante”.

O laudo do ICCE, destacou também que os exames periciais foram realizados por meio de comparações fundamentais nas características linguísticas e sociolinguísticas, bem como de outros elementos informativos obtidos a partir dos áudios questionados e a relação deles com o réu. “Foram avaliadas também as características acústicas dependentes do locutor, obtidas da voz do suspeito e da voz questionada”, indicou.

Conforme o MP-RJ, o processo do caso Amarildo, que tramita na 35ª Vara Criminal, ingressará na fase de alegações finais. A denúncia do órgão contra 25 policiais, por tortura, foi encaminhada à Justiça em outubro de 2013. Entre os denunciados, oito foram na modalidade omissiva, 17 por ocultação de cadáver, 13 por formação de quadrilha e quatro por fraude processual.

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