Polícia

Roubos de carga na Baixada Santista aumentaram 197% em 2023

Relatório aponta que maioria dos casos aconteceram em áreas urbanas e em 79% há uso de arma de fogo e ameaça direta

Da Reportagem

Publicado em 14/05/2024 às 16:43

Atualizado em 14/05/2024 às 19:51

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Roubos de carga na Baixada Santista aumentaram 197% em 2023 / Divulgação

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Os roubos de carga na Baixada Santista, região que concentra o maior complexo portuário da América Latina, aumentaram 197% em 2023, na comparação com 2022, segundo dados da Overhaul, que analisa a segurança no transporte de mercadorias no território nacional. Em 2023, foram registrados 548 casos de roubos de carga, contra 184 em 2022. 

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Os roubos se concentram principalmente em Praia Grande, São Vicente, Guarujá, Cubatão e em áreas urbanas (70%). O relatório também aponta que em 79% dos casos houve uso de arma de fogo e ameaça direta, sendo que as ocorrências se dão, principalmente, às terças-feiras (24%) e no período da manhã (65%). 

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Município

2022     2023    

Praia Grande         

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51 196

São Vicente

11 150

Guarujá

9 92

Cubatão

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52 54

Santos

29 23

Mongaguá

14 16

Itanhaém

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16 11
Peruíbe 1

3

Bertioga

1 3

Total

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184 548

"O porto de Santos é fundamental para a economia nacional, responsável por grande parte da movimentação de cargas no país. Sua localização estratégica e infraestrutura moderna permitem que a cidade seja um importante centro logístico contribuindo significativamente para o comércio exterior brasileiro e para a economia como um todo. Por isso, muitas empresas têm reforçado a segurança das cargas na região ", diz o gerente de inteligência, Reginaldo Catarino. 

A Overhaul faz o acompanhamento diário de casos registrados em diversos países, incluindo o Brasil. A empresa compara as informações oficiais divulgadas pelas Secretarias de Segurança e Polícias Rodoviárias dos 26 Estados e do Distrito Federal com dados de empresas de segurança, transportes e tecnologia de inteligência de dados.

Produtos mais roubados

No topo da lista de cargas mais "cobiçadas" pelas quadrilhas que atuam no Brasil, segundo o levantamento da Overhaul, estão os caminhões com carregamentos diversos, ou cargas "miscelâneas", com 43% das ocorrências, um crescimento de quase 10% em comparação à 2022. 

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Na região da Baixada, os cinco produtos mais roubados em 2023 também foram de cargas mistas, em seguida alimentos e bebidas; cargas agrícolas, como agrotóxicos, grãos e sementes; bebidas alcoólicas; e, por fim, eletrônicos.

A escolha dos criminosos por determinados itens está diretamente ligada à facilidade de escoar os produtos furtados e comercializá-los no mercado paralelo, sem a necessidade de pagar impostos ou emitir notas fiscais. "Notamos um aumento no caso de roubos de oportunidade, que envolvem quadrilhas e o crime organizado", afirma Reginaldo. Ele conta que, ao analisar os casos de roubos de cargas, a consultoria considera todos os tipos de ocorrência, sejam aquelas realizadas pelo crime organizado ou também no caso de saques às cargas, a exemplo de um caminhão que tomba na pista com um carregamento de bebidas alcoólicas e é saqueado pelo público. 

Brasil 

Quase duas cargas foram roubadas por hora nas estradas brasileiras em 2023, somando 17.118 ocorrências. O resultado mostra um crescimento de 4,8% do crime em comparação com 2022, segundo os dados do estudo "Brasil: Relatório Anual de Roubo de Cargas". São Paulo foi o estado com o maior número de ocorrências em 2023, representando 42% do total de casos — um resultado 4% superior ao ano anterior.

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O Sudeste se manteve como a área com o maior número de roubos de cargas, sendo responsável por 76% das ocorrências. Em seguida, as regiões Sul (10%), Nordeste (8%), Centro-Oeste (5%) e Norte (1%) fecham o mapa desse tipo de crime no Brasil no ano passado. Conforme os resultados do relatório, as sub-regiões com maior ocorrência de criminalidade continuam sendo aquelas localizadas nas regiões metropolitanas de grandes cidades. 

Tendência

Reginaldo Catarino diz que há uma onda crescente de roubos de cargas no Brasil e que este aumento pode ter relação direta com mudanças de comportamento de consumo, questões macroeconômicas, avanço da produção agrícola e crescimento da informalidade.

"Percebemos que a população que consome os produtos vindos de desvios de cargas tem aumentado, e assim como no mercado regulado, a "lei da oferta e demanda" também dita o crescimento desse tipo de crime. Essa é uma questão social muito importante que tem de ser analisada. Além disso, a falta de infraestrutura nas estradas e paradas seguras também são um agravante", avalia. 

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Soluções

Para combater esse problema, os especialistas apontam que é primordial um excelente trabalho de inteligência e monitoramento da situação, reduzir a exposição das cargas nas entradas e saídas do porto e utilizar equipes de segurança especializadas. O uso de tecnologia avançada, como sistemas de monitoramento de veículos, carga e contêineres, também é um diferencial, assim como ter a capacidade de detectar mudanças de comportamento e permitir uma resposta rápida para evitar o roubo e fazer o acionamento das autoridades policiais.

"Para as cargas que entram em Santos, é importante escolher rotas e horários que minimizem a exposição e garantam uma entrada fluida no porto. Medidas de segurança devem estar em vigor para proteger a carga enquanto espera em filas e durante o trânsito até o destino final", destaca Catarino.

Na questão de importação, o trabalho de inteligência deve começar desde a origem, com monitoramento de movimentação do trajeto e pelo porto e terminais. Atenção também deve ser dada à liberação do contêiner e à saída do porto, com várias camadas de segurança em vigor para garantir a passagem segura por áreas de alto risco.

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