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Polícia vê ação conjunta entre black blocs de SP e Rio

Em depoimento, o ex-integrante da comissão de organização dos protestos violentos detalhou à Polícia Civil quem são os líderes do movimento e como funcionava a estratégia de depredações

Publicado em 26/07/2014 às 13:38

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O inquérito da Polícia Civil do Rio que investigou ativistas e resultou na decretação de prisão preventiva de 23 pessoas - medida revogada na quinta-feira pelo desembargador Siro Darlan - também reuniu indícios de que black blocs de São Paulo e do Rio trocam informações frequentemente e atuam juntos em algumas manifestações.

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Uma ligação telefônica interceptada com autorização judicial às 12h31 de 2 de julho indica que a ativista Camila Jourdan procurou uma pessoa de São Paulo chamada Priscila, pedindo informações sobre “a vinda de pessoas de São Paulo para as manifestações do dia 13 de julho, final da Copa no Rio”.

Também é citado um homem identificado apenas como Feijão, até agora não identificado pela polícia.

No mesmo dia, às 16h38, Camila pede a outro ativista, Igor D’Icarahy, que confirme a existência de local para hospedar “as pessoas que vêm de São Paulo”. A viagem de São Paulo foi descartada por causa da prisão de ativistas, no dia 12 de julho.

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O inquérito da Polícia Civil do Rio reuniu indícios de que black blocs de São Paulo e do Rio trocam informações frequentemente e atuam juntos em algumas manifestações (Foto: Alex Falcão/Futura Press)

Estratégias

Em depoimento, o ex-integrante da comissão de organização dos protestos violentos, o técnico químico Felipe Braz Araújo, de 30 anos, detalhou à Polícia Civil quem são os líderes do movimento e como funcionava a estratégia de depredações.

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As reuniões do grupo, segundo ele, ocorriam, geralmente, em prédios públicos - ou no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), no centro, ou na sede da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), na zona norte.

O objetivo da comissão, de acordo com o depoimento dado à Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI) no último dia 3, era definir os temas que seriam explorados nos protestos, como a morte do pedreiro Amarildo de Souza, a desocupação do acampamento Aldeia Maracanã (montada no antigo Museu do Índio, no Maracanã, zona norte) e a desativação do Hospital dos Servidores, na zona portuária.

A partir da escolha das prioridades, marcava-se um ato e planejava-se o que o depoente chamou de “atos criminosos”. “Nas reuniões eram planejados trajetos e atos criminosos, como incendiar ônibus, destruição do patrimônio público e privado, furto a caixas eletrônicos de agências bancárias”, afirmou Araújo aos investigadores.

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O ex-integrante contou ter deixado o grupo por discordar das ações violentas, que estavam gerando repúdio veemente por parte da sociedade.

“O declarante decidiu abandonar a comissão da FIP (Frente Independente Popular, formada a partir do pioneiro Fórum de Lutas, responsável pelas primeiras manifestações) porque só existia o ‘quebra-quebra’ e não havia nenhum resultado”, diz o texto enviado à Justiça, em que a DRCI transcreve o teor do depoimento da testemunha.

Para Araújo, a prioridade do confronto com a Polícia Militar nos protestos relegou “a ideia principal de mudar o País” para segundo plano. 

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