Polícia

Parente diz que polícia matou jovem em Santos enquanto ele dormia

Segundo boletim de ocorrência, Layrton foi assassinado por dois sargentos do Baep (Batalhão de Ações Especiais de Polícia) durante a Operação Escudo, da polícia paulista

Do Uol/Fabíola Perez/Folhapress

Publicado em 10/08/2023 às 11:45

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Layrton de Oliveira, 22 anos, morto durante operação Escudo em Santos / Arquivo Pessoal

Uma semana após a morte do ajudante de pedreiro Layrton Fernandes da Cruz Vieira de Oliveira, 22, familiares e amigos que vivem no bairro Jabaquara, em Santos, cobram que as circunstâncias sejam investigadas e os responsáveis, punidos. Segundo boletim de ocorrência, Layrton foi assassinado por dois sargentos do Baep (Batalhão de Ações Especiais de Polícia) durante a Operação Escudo, da polícia paulista.

O que aconteceu, segundo a família

Familiares de Layrton Oliveira afirmam que o ajudante de pedreiro foi morto por policiais militares com um tiro no tórax. Fotos enviadas à reportagem mostram que o rapaz tinha ferimentos no rosto.

"Ele estava com uma marca roxa na testa, outra embaixo da boca, um furo entre a testa e o nariz. Além disso, tinha um hematoma na área dos olhos", diz um parente que pediu para não ser identificado por medo de sofrer represálias.

Parentes de Layrton acreditam que ele tenha sido agredido depois de ser atingido pelo disparo no tórax. "Mataram ele dormindo", diz o familiar do ajudante de pedreiro, executado na manhã da terça-feira, dia 1º de agosto.

Layrton foi assassinado na casa de um amigo. Segundo o parente, ele foi até lá jogar videogame na noite anterior e acabou passando a noite no local. Na manhã de terça, o amigo do rapaz saiu para trabalhar e Layrton ficou dormindo. Os policiais militares do Baep teriam chegado por volta das 8h40.

"Viram a porta aberta e entraram pela portal do quintal na casa", diz. Antes de entrarem na casa, um dos policiais teria disparado contra um homem apontado como suspeito, de acordo com os vizinhos.

Segundo o familiar, o tiro contra Layrton teria ocorrido enquanto ele estava dormindo sozinho em um quarto da casa. "Todo mundo começou a me ligar para avisar, cheguei lá e perguntei para os policiais se era ele, mostrei foto e negaram. Um dos policiais chegou a dizer que tinha certeza que não era ele."

O parente de Layrton afirma também que ele não tinha arma. "Colocaram a arma em cima do rapaz", diz. Durante a ação policial, um cachorro que estava na casa também foi morto. Em imagens enviadas ao UOL é possível ver o chão da casa sujo de sangue, vidros quebrados e uma televisão com marcas de disparos.

Layrton morava com a mãe, o padrasto e cinco irmãos. Ele trabalhava informalmente como ajudante de pedreiro, mas queria ser jogador de futebol. "Ele ajudava o pessoal da comunidade que morava mais para cima a subir pedras, sacos de areia e cimento para ganhar um dinheirinho", diz o familiar.

A mãe dele só chora, toda vez que abrem a porta de casa, ela acha que é ele [Layrton]. Queria poder olhar para o policial que atirou nele e perguntar: 'por que você tirou a vida dele?'

Familiar de Layrton de Oliveira, morto em Santos, durante a Operação Escudo

O que os policiais contaram

Os policiais militares do Baep afirmam que se deslocaram para o Morro São Bento para verificar supostas denúncias de "criminosos portando arma longa, bem como traficando drogas". Segundo o boletim de ocorrência, os policiais chegaram primeiro ao bairro Jabaquara e depois partiram para o local da suposta denúncia.

Os policiais relataram que viram "ao longe um indivíduo operando um rádio comunicador" e, então, avançaram. O suspeito teria corrido, de acordo com os PMs.

Na sequência, os sargentos afirmam que ouviram um disparo e em dos policiais teria constatado ter sido atingido na região pélvica. Segundo o boletim de ocorrência, os agentes continuaram a ação e "passaram a realizar uma varredura a cada cômodo individual".

Os policiais disseram que foram recebidos por Layrton com um revólver da marca Taurus, calibre 38. No registro, contaram que o rapaz disparou contra os agentes, "sem atingi-los". Eles afirmam terem "chutado a porta do cômodo e se depararam com o criminoso armado".

Nesse momento, o sargento Matheus Porto Genaro teria dado quatro disparos com pistola e o sargento Alex dos Santos Oliveira, um disparo de fuzil, atingindo o rapaz no tórax.

Os policiais não puderam afirmar com convicção se o criminoso Layrton é o mesmo indivíduo que fora avistado utilizando o rádio HT no mesmo local, no início da ação.
Informação que consta no boletim de ocorrência

Policiais disseram que no cômodo foram encontrados o rádio transmissor e 10.300 microtubos vazios que, segundo eles, seriam para armazenar drogas. O familiar de Layrton afirma que os objetos utilizados para o tráfico de drogas foram depositado pelos policiais no local. "Entraram no cômodo com um saco preto e saíram com o saco preto."

Segundo o boletim de ocorrência, os policiais teriam tirado a arma de perto do corpo de Layrton porque ele estaria com sinais vitais e "poderia reagir".

O que diz a SSP

A SSP informou que por determinação da pasta "todas as circunstâncias relativas aos casos de mortes ocorridos durante a Operação Escudo são investigadas pela Deic de Santos, com o assessoramento do DHHP, e por meio de inquérito policial militar (IPM)."

Segundo a pasta, os processos estão "documentados e são acompanhados pelo Ministério Público e Poder Judiciário".

Em relação ao caso de Layrton, a pasta afirmou que "houve troca de tiros e o suspeito foi baleado". A secretaria ainda diz que o Samu foi acionado e a morte, constatada no local. "Com ele foi apreendido uma arma de fogo e, até o momento, nenhuma denúncia foi formalizada quanto à ação policial na região".

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