Polícia
Claudio José Pinheiro Freitas, de 36 anos, recebeu os policiais com tiros de pistola, segundo eles, em um apartamento na Aviação, em Praia Grande
Claudio José Pinheiro Freitas armazenava emulsões explosivas (TNT) em seu apartamento / Reprodução
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Considerada pelo Ministério Público Estadual (MPE) como a ação mais importante contra o Primeiro Comando da Capital (PCC) desde a transferência de lideranças para outros estados, em fevereiro de 2019, a Operação Sharks, deflagrada nesta segunda-feira (14), atingiu a cúpula da organização criminosa de atuação direta no Estado, ou seja, formada pelos sucessores dos altos integrantes da facção que se encontram presos.
De 12 ordens de prisão contra líderes, quatro foram cumpridas, conforme anunciou o MPE na tarde desta segunda. Um dos principais alvos da operação foi Claudio José Pinheiro Freitas, de 36 anos, uma liderança da facção na Baixada Santista e que recebeu policiais a tiros no apartamento onde morava, sendo morto no revide, com tiros de fuzil e de pistola, por volta das 6h.
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No apartamento dele, na Avenida Dona Ophelia Cacerrari Reis, 404, na Aviação, os policiais da Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota), que agiram em apoio ao MPE, encontraram oito emulsões explosivas, sendo necessária a vinda do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) da capital para retirar os artefatos do local. Celulares, relógio, pen drive, anotações e dinheiro, incluindo quantia em moeda paraguaia, foram apreendidos no local para a continuidade das investigações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPE.
Os policiais afirmam que foram feitas reiteradas solicitações para que Claudio abrisse a porta do apartamento. O objetivo era o cumprimento do mandado de prisão dele por 30 dias. Diante das respostas negativas, a porta foi arrombada e com uma pistola em punho o homem começou a atirar contra os policiais, segundo eles. O revide da Rota foi com quatro tiros de fuzil e dois tiros de pistola.
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Entrevista coletiva
Em entrevista coletiva na capital paulista, o promotor de Justiça Lincoln Gakiya explicou detalhes dos resultados que foram alcançados pela Operações Sharks. "Conseguimos identificar e mapear toda a liderança da facção. Os mandados expedidos foram contra pessoas com poder de comando, tanto dentro como fora dos presídios. Localizamos setores importantes da organização ligados ao tráfico, além de termos identificado indivíduos responsáveis pela logística do fornecimento de drogas a partir do Paraguai e da Bolívia".
Ainda segundo Gakiya, a desestruturação do gerenciamento interno e externo da organização criminosa visa a atingir também o setor financeiro do bando, já que as investigações apontaram para a remessa de milhares de dólares ao exterior, além da lavagem de dinheiro por meio da aquisição de imóveis e automóveis. "Os investigados tinham vida suntuosa na capital, assim como em apartamentos à beira-mar", acrescentou.
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"Atingimos a cúpula da organização criminosa”, enfatizou o procurador-geral de Justiça, Mario Sarrubbo.
De acordo com o promotor Leonardo Romanelli, a Operação Sharks atingiu também o chamado setor de Raio-X da organização, responsável por reunir as informações a respeito das funções inferiores da facção com o intuito de proteger a sua cúpula.
"O PCC nunca chegou a se dividir em células, continua sendo uma organização essencialmente piramidal. Há a cúpula que se encontra presa, a cúpula ainda solta, que foi alvo da Operação Sharks, e em seguida vem o setor de Raio-X, que faz uma proteção à denominada Sintonia Final, reunindo uma pessoa de cada função, como se fosse um conselho consultivo, para orientar decisões", afirmou.
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