Em São Paulo, déficit de efetivo policial chegou a 12% em 10 anos / Divulgação
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O número de policiais militares na ativa no Brasil caiu 6,8% entre 2013 e 2023, segundo estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O de policiais civis e científicos recuou 2% no mesmo período. Recortando o Estado de São Paulo, este déficit é ainda maior. O número do efetivo policial de 2013 a 2023 caiu de 120.147 para 106.017, algo em torno de 12%.
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Para André Pereira, presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (ADPESP), esse decréscimo é resultado da mudança de prioridade dos governos estaduais. "É inegável que a falta de reposição dos quadros está diretamente relacionada à priorização das políticas públicas adotadas pelos Estados, sobretudo no que diz respeito à gestão de pessoal e orçamento. Evita-se preencher cargos vagos nas polícias e direcionar aqueles recursos que devem estar previstos no orçamento para outras áreas. Portanto, há ausência de prioridade nas políticas públicas, em âmbito estadual, por parte dos governadores, como a principal causa do déficit de policiais civis e militares", critica.
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De acordo com o Raio-X das Forças de Segurança Pública do Brasil, em 2023 havia 404.871 PMs ativos no Brasil, contra 434.524 em 2013. No caso de policiais civis e científicos, essa relação ficou 113.899 em 2023 e 116.169 em 2013.
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O recuo no número de policiais ativos vai na contramão do crescimento da população. Entre 2010 e 2022, segundo dados do Censo do IBGE, a população brasileira cresceu 6,5%.
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Pereira acredita que é possível combater o crime organizado, mas a tarefa vem ficando difícil a cada ano. "Com a consolidação do crime organizado, por intermédio das grandes facções brasileiras, passamos a observar uma considerável transformação nesse cenário criminal. Não só o potencial deletério de suas atividades violentas à sociedade e ao Estado Democrático, mas também uma grande influência dessas organizações nos mais variados segmentos da sociedade, como nas atividades financeiras, comerciais, prestação de serviços, ambiente jurídico e até mesmo político, podem nos conduzir a uma desordem generalizada, que ultrapassa áreas conflagradas. Essa infiltração dos integrantes das facções criminosas no convívio social, fora dos presídios, inclusive apropriando-se de algumas parcelas de 'poder' nas estruturas sociais e de Estado, revelam uma dimensão ainda maior do problema", alerta.
Para o presidente da ADPESP, que atua há seis anos como delegado no Estado, apesar de melhorias em razão dos avanços tecnológicos e equipamentos mais modernos, houve piora nas condições de trabalho sob o aspecto humano em São Paulo. "Permanecer entre as piores remunerações do país, maior déficit da história, número elevado de suicídios, sobrecarga de jornadas, sobreaviso ininterrupto, falta de critérios objetivos para promoções e distorções relacionadas ao mérito no âmbito do plano de carreira, ainda são os maiores e históricos problemas da Polícia Civil", opina.
André Pereira, que entrou para a PM de Pernambuco aos 18 anos, reitera que o combate ao crime mudou bastante ao longo da última década. Os bandidos ficaram mais tecnológicos. "Muitos criminosos já abandonaram as velhas práticas de saírem às ruas com uma arma de fogo para roubar, por exemplo, dinheiro em espécie, pois as vítimas não andam mais com dinheiro. Atualmente, o criminoso rende as vítimas e manda que façam transferências via PIX diretamente pelo celular. Esses crimes, porém, deixam rastros no ambiente virtual que podem levar à identificação e prisão desse criminoso".
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O presidente da ADPESP lembra também que os golpes estão em alta. Segundo ele, somente em 2022 e 2023, em razão das operações policiais e atividades desenvolvidas pela Polícia Civil junto à Divisão de Crimes Cibernéticos do Deic, foram apreendidos e recuperados bens e valores que totalizaram mais de R$ 62 milhões.
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