"Não dependeu só de mim", diz acusado de linchamento em Guarujá

O eletricista Valmir Dias Barbosa, de 47 anos, confessou ontem ter participado do assassinato da dona de casa Fabiane de Jesus, morta a pancadas, no último sábado, em um episódio que chocou a opinião pública no País.

Ao ser apresentado pela Polícia Civil aos meios de comunicação, durante a noite de ontem, Valmir confessou o crime e disse que agrediu a vítima, juntamente com outras pessoas,  porque acreditou que ela fosse uma sequestradora de crianças. Ele afirmou que só soube que Fabiane era inocente “por intermédio da sociedade”.

“Fazer o quê? Aconteceu”, declarou Valmir para os jornalistas.

Segundo a polícia, é Valmir quem aparece agredindo Fabiane com um pedaço de madeira em imagens que captaram a barbárie.

Em um dos vídeos, um homem tenta apartar a situação, mas sem sucesso. “Um só não segura ninguém”, afirmou Valmir aos meios de comunicação.

“Não dependeu só de mim, não foi só eu que agredi. Se vocês procurarem, vocês vão achar muito mais”. declarou.

Detenção

Valmir foi detido na tarde de ontem por investigadores do 1º Distrito Policial de Guarujá (Jardim Conceiçãozinha). Ao ser preso, ele confessou de imediato seu envolvimento no crime.

A pedido do delegado Luiz Ricardo de Lara Dias Júnior, a 1ª Vara Criminal de Guarujá decretou a prisão temporária do acusado por 30 dias.

Segundo o delegado, o eletricista detido a cerca de 100 metros onde o crime ocorreu, no bairro Morrinhos 4.

Durante o interrogatório, segundo Lara, Valmir apresentou declarações vagas, apesar de confessar seu envolvimento. Ele não indicou os nomes dos outros envolvidos no linchamento.

“Ele foi muito vago, disse ser usuário de drogas, que não estava plenamente dentro do seu juízo. Disse que movido por aquela circunstância toda, movido pela população que clamava por justiça, acabou por se apoderar do pedaço de madeira e golpeou a vítima”, afirmou a autoridade policial.

Boato em rede social

Fabiane foi linchada após uma postagem da página Guarujá Alerta, mantida no Facebook, publicar o desenho do rosto de uma mulher e informar que havia sequestro de crianças na Cidade. Segundo a polícia, esse tipo de crime não ocorreu em Guarujá.

Na tarde do último sábado, os agressores associaram a imagem publicada na rede social com a fisionomia de Fabiane, o que resultou na barbárie.
Informações publicadas pela imprensa apontam que o retrato falado foi feito no Rio de Janeiro em 2012. O delegado Lara afirmou que irá entrar em contato com a Polícia Civil do Rio para saber se a imagem trata-se de uma peça forense.

Análise

Lara informou que informações contidas na postagem do perfil Guarujá Alerta estão sendo minuciosamente analisadas para apuração da conduta do responsável pela página, que já foi ouvido formalmente.