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Internet, telefones celulares, cartões de banco e novas tecnologias em geral não estão transformando somente o cotidiano dos empregos e do mercado formal. Estão mudando também o mundo do crime, que ficou menos violento para as vítimas e mais lucrativo para os ladrões. É o que mostra a série de pesquisas de vitimização feita ao longo de dez anos em São Paulo pelo Insper. Os dados da última rodada, que serão divulgados nesta semana, foram obtidos com exclusividade pelo Estado.
Na década, o tipo de crime que mais cresceu na capital foi a fraude eletrônica em cartão de crédito. Em 2003, apenas 1,4% das pessoas entrevistadas para a pesquisa tinha sido vítima desse crime. Após 10 anos, a fraude já atingia 5,9% dos entrevistados - aumento de 327,5%.
“O estudo mostra que houve uma alteração clara no padrão de vitimização ao longo do tempo. Hoje em dia os crimes relacionados a cartões de crédito, fraudes bancárias e sites de compras são bem mais comuns. Esses crimes são menos violentos e os criminosos correm menos riscos, mas envolvem uma perda maior de dinheiro”, diz o professor Naercio Menezes Filho, que coordenou a pesquisa. “A polícia e o Judiciário precisam se atualizar para lidar com esse crime.”
Como resultado, atualmente há mais pessoas que sofreram esse tipo de estelionato do que vítimas de roubo - crimes contra o patrimônio com violência. Em 2003, segundo o estudo, 5,4% dos entrevistados relataram que foram roubados na capital pelo menos uma vez nos 12 meses anteriores à pesquisa, total que caiu para 4,6% em 2013.
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“Os dados levantam a hipótese de que talvez a notificação de roubo esteja crescendo mais do que o crime propriamente”, diz o sociólogo Renato Sérgio de Lima, conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Segundo estatísticas da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, os casos de roubo são crescentes.
“Os boletins eletrônicos podem ter ajudado (a aumentar a notificação). A aparente contradição entre dados oficiais e respostas de entrevistados revela como a pesquisa é importante”, afirma Lima.
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