Polícia
O corpo de Bernardo foi encontrado no dia 14 de abril enterrado em um matagal em Frederico Westphalen, a 80 quilômetros da residência da família, em Três Passos
Continua depois da publicidade
A promotora de Três Passos, Dinamárcia Maciel de Oliveira, vai apresentar as conclusões do Ministério Público sobre o inquérito que investigou a morte do menino Bernardo Boldrini, de 11 anos, nesta quinta-feira, 15, três dias antes do prazo formal. Como concordou com a conversão da prisão temporária dos três indiciados pela Polícia Civil na terça-feira, 13, é provável que também ofereça denúncia de todos eles à Justiça.
O corpo de Bernardo foi encontrado no dia 14 de abril enterrado em um matagal em Frederico Westphalen, a 80 quilômetros da residência da família, em Três Passos. A polícia concluiu que o pai, o médico Leandro Boldrini, e a madrasta, a enfermeira Graciele Ugulini, foram mentores do assassinato, que teriam executado com ajuda de uma amiga dela, a assistente social Edelvânia Wirganovicz. Os três foram indiciados por homicídio qualificado mediante pagamento ou promessa de recompensa, motivo fútil, meio insidioso, dissimulação e recurso que impossibilitou a defesa da vítima e ocultação de cadáver.
Vídeo
Uma peça fundamental para o esclarecimento do caso foi divulgada na internet pela imprensa gaúcha nesta quarta-feira, 14. São as imagens captadas por uma câmera de segurança de um posto de combustíveis no dia 4 de abril. O vídeo mostra Graciele estacionando uma caminhonete, descendo dela com Bernardo e embarcando no automóvel de Edelvânia, que sai do local. Mais tarde, o automóvel retorna ao estacionamento somente com a madrasta e a amiga, que se despedem.
Continua depois da publicidade
Essas imagens levaram a polícia a obter a confissão de Edelvânia, a localizar o cadáver e a buscar as provas que a levaram aos indiciamentos apresentados na terça-feira, ao final do inquérito. No caso do médico, a investigação considerou que o pouco empenho demonstrado nas buscas e relatos de atitudes atípicas, como bajular Bernardo pouco antes de ele sair com a madrasta, telefonar para o garoto sabendo que ele estava sem o celular, só comunicar o desaparecimento dois dias depois, entre outras, foram indicativos de que ele participou do plano e sabia da morte.
Também pesaram como provas o testemunho de uma mulher visitada por Graciele em janeiro, que disse que a madrasta lhe revelou que ela e o pai queriam matar o menino; uma receita do medicamento midazolam, encontrado no corpo de Bernardo, emitida por Boldrini para Edelvânia; e a interceptação de diálogo entre familiares do médico falando que ele seria inocentado pelas outras duas suspeitas.
Continua depois da publicidade
Defesa
O advogado de Boldrini, Jader Marques, considera que as conclusões da polícia contra seu cliente não são provas, mas conjecturas. "A sociedade esperava uma prova, um elemento concreto e, ao fim, vimos que a delegada (Caroline Bamberg Machado) apenas colocou sua posição pessoal diante de indícios fracos", afirmou, nesta quarta-feira, referindo-se às declarações dadas pela policial na coletiva de apresentação dos resultados do inquérito, na terça-feira. "São conjecturas sem base probatória", reiterou.
Marques destacou que a própria delegada reconheceu que a receita de midazolam não parece ter sido escrita por Boldrini e que a confirmação da assinatura do médico depende de uma perícia ainda não feita. "O depoimento de alguém que diz que ouviu Graciele dizer que Leandro não gostava de Bernardo é fraco", prosseguiu. "A delegada não tem prova, a não ser uma afirmação de alguém que participava de rede social contra o médico". Marques admite que está diante de um caso difícil "pelo cenário criado pela polícia", mas, ao mesmo tempo, diz que ficou "otimista" diante da fragilidade dos elementos apresentados pela polícia. O advogado Demetryus Grapiglia, de Edelvânia, passou o dia com telefone indisponível. O defensor de Graciele, Vanderlei Pompeo de Mattos, não retornou as ligações.
Continua depois da publicidade
Continua depois da publicidade