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O jovem de 15 anos que foi agredido e preso pelo pescoço com uma tranca de bicicleta a um poste no bairro do Flamengo, zona sul do Rio, em 31 de janeiro, acabou apreendido por policiais militares após assaltar uma turista canadense e tentar roubar um turista inglês na Praia de Copacabana. O caso ocorreu na noite da última terça-feira, 18, mas só foi divulgado pela polícia nesta sexta-feira, 21.
O turista inglês vítima de tentativa de roubo, no entanto, reagiu. O menor, que estava com outros três comparsas, foi cercado por um grupo de pessoas que passavam pelo local, que começaram a agredi-lo com tapas. Para fazer com que as pessoas parassem de bater, ele gritou: "Eu sou o do poste! Parem de bater", segundo o site da revista Veja. Em seguida, os policiais militares foram acionados.
Inicialmente o adolescente foi levado para a Delegacia Especial de Atendimento ao Turismo (Deat), no Leblon (zona sul). Em seguida, foi encaminhado à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), no centro. O rapaz não fez registro das agressões que teria sofrido em nenhuma delegacia, segundo a Polícia Civil.
Após ter a internação provisória decretada pela Justiça, o jovem foi levado para uma unidade do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase), na Ilha do Governador (zona norte). Esta seria a terceira vez que ele foi apreendido pela polícia. As outras duas foram por furto e agressão.
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Artista plástica
Quando foi preso ao poste por um grupo de supostos "justiceiros" cansados da violência no Aterro do Flamengo, o menor teve ajuda da artista plástica Yvone Bezerra de Mello, fundadora do projeto Uerê - ONG com sede no Complexo da Maré, que oferece reforço educacional para crianças com dificuldades de aprendizagem por causa de traumas provocados pela violência.
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Yvonne foi chamada por vizinhos, fotografou o garoto e postou a foto numa rede social. Depois disso, a Polícia Civil abriu inquérito para apurar a violência contra o menor. Em virtude da repercussão do caso, a artista plástica chegou a afirmar que estava recebendo ameaças de morte.
Procurada pelo Estado, por telefone, Yvonne preferiu não comentar a detenção do garoto. Ela cancelou seu perfil no Facebook. "Não quero opinar. Meu trabalho terminou quando chamei a ambulância dos bombeiros e coloquei esse menino nas mãos do Estado. Esse problema não é meu", disse Yvonne.
Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Social da Prefeitura, após ter sido liberado do poste, o adolescente deu entrada espontaneamente na Central de Recepção Carioca, em 1.º de fevereiro. Ele foi encaminhado a uma das unidades do órgão, que informou que estava sendo montado um "plano de desenvolvimento individual, visando à reinserção social do mesmo". Contudo, o jovem fugiu no dia 11. Como não havia nenhum mandado de busca, ele não foi encaminhado ao Degase. A Polícia Civil também está investigando a ação de supostos justiceiros, que abordaram o menor em janeiro.
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