POLÍCIA

Litoral de SP tem aumento de roubos e furtos no 1º semestre

O número de vítimas em homicídios dolosos no primeiro semestre em Caraguatatuba, Cubatão, Itanhaém, Mongaguá também supera o verificado no mesmo intervalo em 2022 nessas cidades

LUCAS LACERDA - FOLHAPRESS

Publicado em 28/08/2023 às 19:01

Atualizado em 28/08/2023 às 19:11

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Policiais durante operação em Guarujá / Divulgação/SSP-SP

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Cidades do litoral paulista, de norte a sul, registraram aumento de roubos e furtos nos primeiros seis meses deste ano, em comparação com o mesmo período de 2022.

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O número de vítimas em homicídios dolosos (quando há intenção por parte de quem comete o crime) no primeiro semestre em Caraguatatuba, Cubatão, Itanhaém, Mongaguá também supera o verificado no mesmo intervalo em 2022 nessas cidades. Foram, respectivamente, 19, 7, 8 e 4 vítimas.

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Embora os dados da SSP (Secretaria da Segurança Pública) sejam do primeiro semestre, cidades da Baixada Santista e também do litoral norte viram a tensão aumentar após a morte de um soldado da Rota, da Polícia Militar, no fim de julho. Depois desse caso, a PM desencadeou uma operação na região e 22 pessoas morreram.

A Folha de S.Paulo reuniu informações de Bertioga, Caraguatatuba, Cubatão, Guarujá, Ilhabela, Itanhaém, Mongaguá, Peruíbe, Praia Grande, Santos, São Sebastião, São Vicente, Ubatuba. Ao todo, as cidades acumularam 7.678 ocorrências de roubo e 18.863 de furto no primeiro semestre deste ano, com aumentos, em relação ao mesmo período do ano passado, de 20,2% e 11,6%, respectivamente.

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Os furtos caíram em Caraguatatuba, Peruíbe, São Sebastião e Ubatuba, e os roubos, em Caraguatatuba, Itanhaém, Peruíbe, Praia Grande e São Sebastião.

Segundo a SSP, as mortes nos Deinter (Departamentos de Polícia Judiciária de São Paulo Interior) 1 e 6, que englobam outras cidades além daquelas nas faixas litorâneas do norte e do sul do estado, caíram 20,5%, com 60 casos a menos no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. A pasta cita investimentos em tecnologia e capacitação dos agentes para o trabalho de investigação.

"Uma das medidas é o Sistema de Informação e Prevenção aos Crimes Contra a Vida (SPVida), que analisa os indicadores criminais e auxilia as equipes na elaboração de planos de ação com o objetivo de reduzir o número de mortes."

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Ainda, disse que deteve ou apreendeu 10.642 infratores e que apreendeu 921 armas de fogo -um aumento de 7,5% na apreensão de armamento para a região em relação a 2022.

Para Rafael Alcadipani, professor da FGV (Fundação Getulio Vargas) e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os furtos e roubos nas cidades litorâneas podem estar ligados ao movimento de turistas e à falta de um plano de longo prazo de policiamento.

"Precisaríamos analisar dias e horários, mas nos fins de semana tende a haver um aumento dessas pessoas que vão ao litoral, que podem ter posses e gerar essas oportunidades de crime", disse o pesquisador. "Mas há uma desguarnição de policiamento, que é reforçado nas operações verão ou como agora, na Operação Escudo, mas faltam efetivos de polícia Civil e Militar. Não vemos uma articulação entre as forças de segurança e as cidades, num plano de longo prazo."

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Os homicídios, segundo Alcadipani, estariam ligados ao universo do tráfico de drogas. "O PCC tem comando no litoral, muitos homicídios são ligados aos tribunais do crime, a dívidas de droga ou mesmo a conflitos interpessoais."

Em Itanhaém, que teve oito vítimas de homicídio contra seis no primeiro semestre de 2022 e viu os furtos crescerem 29,4%, a prefeitura inaugurou em abril o Novo COI (Centro de Operações e Inteligência), que integra 1.141 câmeras instaladas nos últimos três anos. Vinte e seis delas fazem leitura de placas e identificam veículos roubados. Ainda, a Guarda Civil Municipal da cidade criou uma divisão ostensiva e contratou 50 agentes em 2023.

Cubatão, que também criou um centro de operação de câmeras de segurança, afirmou que as vítimas de homicídios "são decorrentes, principalmente, de conflitos entre marginais". Ainda, disse que um dos principais tipos de crimes na região são os roubos de carga, como grãos, das ferrovias.

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A administração afirmou, sem detalhar, que outras ocorrências caíram no primeiro semestre do ano, em parte pelo início da operação da GCM, em setembro do ano passado. "A Prefeitura tem combatido a criminalidade agindo de maneira integrada com as Polícias Civil e Militar, aumentando o número de policiais da Operação Delegada, melhorando a remuneração àqueles que participam desta Operação", disse, em nota, a administração municipal.

As câmeras também estão presentes em Mongaguá, que criou uma ronda ostensiva da GCM. O governo municipal afirmou, em nota, que tem pedido ao governo do estado o aumento do efetivo de policiais para a cidade e para toda a região da Baixada Santista.

Para a socióloga Isabela Vianna Pinho, que pesquisa o tráfico de drogas na Baixada Santista, as dinâmicas de crimes locais têm mudado, ao menos na percepção das pessoas, como o roubo de cargas, que ganhou força nos últimos anos. "Se você olha para lugares estratégicos para a circulação de droga, a tendência é que não sejam violentos para não chamar a atenção.

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O que pode estar acontecendo é uma disputa mercantil", afirmou sobre os crimes de roubo e furto e sobre a sensação de insegurança.

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