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Um depoimento, acompanhado de uma foto, obtido com exclusividade pelo Diário do Litoral, dá conta que a lancha que virou na Prainha Branca, na última sexta-feira (2), causando a morte por afogamento de Rita Vieira, de 35 anos, e seu filho João Pedro Vieira, de três anos, na verdade estava com 10 pessoas e não nove conforme revelado pelo condutor da embarcação à Capitania dos Portos. As imagens foram publicadas ontem, em primeira mão, no site do DL.
Em contato com a reportagem no último final de semana, o fotógrafo profissional Nael Domingues disse que fez as imagens momentos antes do acidente e detectou que havia uma pessoa a mais. “Não sei porquê o condutor, em depoimento à Capitania dos Portos, revelou que seriam menos que 10 pessoas. Talvez, para minimizar a responsabilidade”, disse o fotógrafo, que acompanhou todo o acidente.
Na foto, são visualizados três jovens na proa (frente) da embarcação e uma mulher de pé, de costas. Ainda um homem de boné e o condutor em frente ao painel do barco. Atrás, um homem inclinado para a popa (fundos da embarcação) e duas jovens sentadas. Segundo o fotógrafo, provavelmente, o pequeno João Pedro estaria no colo de uma delas.
Vale lembrar que, até então, sete pessoas teriam sido resgatadas do mar e a mãe e o filho morreram presos nos cintos de segurança na lancha em que passeavam pela Prainha Branca, totalizando nove pessoas. Rita e João Pedro foram removidos para o Hospital Municipal de Bertioga, mas não resistiram. Os dois foram enterrados na manhã do último sábado (3), em Suzano (SP). A família alugou uma casa em Bertioga para passar o feriado de 1º de maio.
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Procurado pela reportagem, um experiente condutor de embarcações semelhantes a do acidente revelou ao DL que o limite prudencial de uma lancha de 22 pés seria de cinco pessoas. No caso, a lancha estaria com o dobro de capacidade. Outro detalhe observado na foto é que a maioria estava sem coletes salva-vidas.
Ontem, o comandante da Capitania dos Portos do Estado de São Paulo, capitão-de-mar-e-guerra Ricardo Fernandes Gomes, disse à reportagem que já está com a foto publicada pelo DL em mãos e ela será importante dentro do inquérito. Gomes já suspeitava da existência de 10 ocupantes, mas ratificou que o peso não foi o principal causador do acidente.
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“O excesso de pessoas será avaliado pela perícia. Ainda sou da opinião que o problema ocorreu porque a lancha atingiu a área de arrebentação, o que é proibido por lei. Também é importante ressaltar que não é preciso que as pessoas estejam com coletes salva-vidas. A lei obriga que o equipamento esteja disponível e de fácil acesso aos ocupantes”, disse.
No último sábado, o capitão disse que a capacidade de transporte da lancha seria de sete passageiros, contando com o condutor. Gomes também revelou a possibilidade de imprudência do condutor e o desconhecimento das características da Prainha Branca. Ontem, o condutor teria negado imprudência.
Vale lembrar que por conta das fortes ondas, não é aconselhado o desembarque de passageiros no trecho do acidente. O usual é que este tipo de manobra seja feito em um dos cantos da praia, pontos em que a rebentação é menor.
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Inquérito
A Capitania já abriu inquérito para apurar as causas do acidente. O prazo para o fim do inquérito (sob sigilo) é de 90 dias. Ontem, além do condutor, foram ouvidos um bombeiro, um salva-vidas, um passageiro, o gerente e o proprietário da marina de onde teria partido a embarcação. Outras pessoas serão ouvidas nos próximos dias. Se for constatada imprudência, o condutor pode ser indiciado por homicídio culposo (sem intenção de matar).
Conforme já divulgado, o acidente ocorreu por volta das 10h30. A lancha tentou chegar à praia para o desembarque dos turistas de Suzano. Porém, as fortes ondas fizeram com que a embarcação virasse.
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Conforme apurado ontem, os sobreviventes foram resgatados por moradores da Prainha e frequentadores da praia, acostumados com o local. Mãe e filho só foram descobertos após o barco ter encalhado. A criança foi levada de bote até uma praia próxima ao Hospital Municipal de Bertioga e a mãe por um helicóptero Águia 8 da Polícia Militar (PM). As duas vítimas tiveram paradas cardiorrespiratórias e não resistiram.
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