Polícia

Investigação sobre dentista 'serial killer' teve cooperação internacional

Avanço sobre paradeiro, porém, só veio após pista certeira de presença de Flávio do Nascimento Graça na Rodoviária do Jabaquara, em São Paulo, há cerca de dois meses; investigação foi voltada para imóveis em Santos

Gilmar Alves Jr.

Publicado em 30/11/2018 às 08:20

Atualizado em 30/11/2018 às 18:52

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Flávio do Nascimento Graça, de 39 anos, foi preso na manhã desta quinta-feira (29) em um imóvel da família dele, na Pompéia / Divulgação/Polícia Civil

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Um porta-retrato com uma fotografia do dentista Flávio do Nascimento Graça, de 39 anos, fazia parte do cenário da sala do Setor de Homicídios da Baixada Santista, sendo rotineiramente visto por investigadores envolvidos no caso e por quem ali ocasionalmente estava, como este repórter. Na manhã desta quinta-feira (29), após três anos de investigações, inclusive com cooperação internacional, policiais do setor chegaram ao procurado do porta-retrato em um imóvel em Santos.

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Na casa, no bairro Pompéia, Graça não ofereceu resistência ao ser preso. Nada declarou sobre os três homicídios consumados e dois tentados pelos quais está sendo processado, na série de casos envolvendo a Clínica Americana, que era sua concorrente em São Vicente.  Respondeu apenas que um documento adulterado encontrado em sua mochila fora comprado na Praça da Sé, na capital paulista, e reclamou que uma das algemas apertava o pulso.

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O dentista só deverá falar sobre os crimes em juízo e segundo seu advogado, Eugênio Malavasi, ele está ­“abalado”.

Pista certeira

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Para avançarem na busca do paradeiro de Graça, os investigadores do Setor de Homicídios da Delegacia Especializada Antissequestro (Deas), sob o comando do delegado Renato Mazagão Júnior e do investigador-chefe,  Marcelo Canuto, obtiveram uma pista certeira há cerca de dois meses. A informação dava conta que o foragido passou pelo terminal rodoviário do Jabaquara, em São Paulo, com destino a Santos.

“Voltou (então) o foco da investigação para Santos”, frisou o delegado Mazagão Júnior nesta quinta-feira, em entrevista coletiva sobre a prisão.

Os investigadores, após obterem a pista, foram até a rodoviária da capital e localizaram imagens de monitoramento que mostraram um homem muito semelhante ao foragido. O jeito de andar, ainda conforme o delegado, “era muito parecido”.

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Os policiais, então, tiveram as atenções voltadas a todos os imóveis da família em Santos. “Em um parecia que tinha alguém dentro”, detalhou Mazagão Júnior.

A diligência que resultou na prisão foi programada na noite de quarta-feira (28). Fez parte de uma operação regional que deteve 467 pessoas por crimes diversos.  

Ao cumprirem a prisão do dentista, os policiais constataram que havia poucos itens pessoais dele no imóvel.

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Para dormir, o foragido usava, segundo Mazagão Júnior, um pano no chão. Livros, uma faca de caça e um aparelho de choques elétricos estão entre os objetos apreendidos na diligência.

Denúncias

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Antes da pista na rodoviária, os policiais já tinham checado denúncias no Acre, em Santa Catarina, em Pernambuco, e em Araraquara.

Segundo o diretor da Polícia Civil na Baixada e Vale, Manoel Gatto Neto, houve contatos até com a Interpol (polícia internacional que reúne 192 países), e com as polícias dos Estados Unidos e Portugal.

Os crimes

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A Polícia Civil apurou durante as investigações que o dentista nutria ódio com relação à Clínica Americana. As atividades da então clínica do acusado, a Oral New,  em São Vicente, foram encerradas em 2013. A concorrência foi decisiva para o ­fechamento. 

A primeira vítima foi Agilson de Carvalho, de 54 anos, dono da clínica. Ele foi baleado pelas costas logo após sair da unidade do Gonzaga, na Rua Floriano Peixoto, na madrugada de 23 de dezembro de 2014, e morreu três dias depois.

Na segunda investida, em 16 de julho de 2015, foi morta a irmã de Agilson, Aldacy de Carvalho, de 56 anos, e ficaram feridos um outro irmão dele, Arnaldo de Carvalho, de 54, que morreu em novembro, e o  sobrinho, de 21, atingido de raspão. O atentado ocorreu após as vítimas saírem da unidade no Centro de Santos, na Rua João Pessoa.

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O terceiro crime ocorreu na Rua Marcílio Dias, no Gonzaga, em 23 de setembro de 2015, tendo como vítima uma funcionária da clínica, que foi ferida a tiros e sobreviveu.

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