Os casos vêm em disparada desde maio e vão na contramão da queda de registros policiais / Reprodução
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Os furtos de aparelhos celulares tiveram aumento de 46% na capital paulista, quando comparados os 16,5 mil boletins de ocorrências registrados na cidade, entre julho e agosto deste ano, com os 11,2 mil registros do mesmo período do ano passado. O crime ocorre quando o aparelho é levado sem que a vítima perceba.
Levando em conta os dados referentes a julho e agosto deste ano, é como se um celular fosse furtado a cada cinco minutos na cidade.
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Na média do ano, são 228 furtos todos os dias na cidade de São Paulo.
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Os casos vêm em disparada desde maio e vão na contramão da queda de registros policiais, já que entre janeiro e agosto de 2021 foram computados 55.330 furtos de aparelhos do tipo na capital, uma queda de 6,2% em relação aos 59.015 do mesmo período de 2020.
Ladrões também roubaram ao menos 12 celulares por hora na capital paulista, entre janeiro e agosto deste ano, considerando os 69.927 boletins de ocorrência sobre assaltos registrados pela polícia, em que os aparelhos constam como levados de vítimas.
O número de registros oficiais da Polícia Civil, em que celulares acabam roubados, corresponde a 84% do total de assaltos em geral computados na cidade no período, que foram de 83.321 casos. Os números constam no portal da transparência da SSP (Secretaria da Segurança Pública).
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Como nos furtos, os roubos destes aparelhos também têm crescido mensalmente na capital desde maio e alcançou em agosto passado a sua maior estatística, com 9.334 celulares roubados.
O avanço nas ocorrências envolvendo celulares fizeram com que o Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital Paulista) realizasse uma operação, nesta terça-feira (28), mobilizando mais de mil agentes, das oito delegacias seccionais da cidade. Ao todo, foram presas 333 pessoas e cerca de 2.400 celulares apreendidos.
Considerando os dados em que celulares foram roubados, eles representam em média 288 crimes diários na cidade, nos oito primeiros meses deste ano e, os assaltos em geral, 344 casos por dia.
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A zona sul da capital, quase alcançada pela zona leste, lidera o número de assaltos em que celulares acabam levados das vítimas por criminosos, ainda nos oito primeiros meses deste ano. Foram, respectivamente, 21.792 e 21.383 ocorrências nas duas regiões.
A zona sul também é responsável por pouco mais da metade dos registros de roubos com morte, segundo dados da pasta da Segurança estadual.
O pesquisador Dennis Pacheco, do FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública), afirmou que, desde o início da pandemia, em março do ano passado, roubos registraram queda na cidade. Apesar disso, a dinâmica dos criminosos mudou, focando celulares como "objetos de desejo". Segundo a SSP, os assaltos em geral na cidade caíram 4,4% –de 87.187 para 83.321– comparando o período entre janeiro e agosto deste ano com 2020.
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"O que ocorreu neste período foi o advento do Pix [possibilitando transferências bancárias instantâneas, implantado no fim do ano passado], aumentando o valor absoluto do celular, tornando-o um item mais valioso [para os ladrões]", afirmou o especialista.
Ele acrescentou que a "reconfiguração da dinâmica criminal", focada em usar os celulares também como ferramenta para roubos e sequestros, ocorre por causa das facilitações oferecidas pela tecnologia. "O Pix é uma transferência que não dá para ser desfeita e, estando nos celulares, pode eventualmente resultar num aumento de roubos e latrocínios [o que já ocorre na capital paulista no segundo caso]."
Um caso recente de latrocínio, decorrente do roubo de celular, é o de um porteiro de 38 anos, que morreu após dois ladrões em uma moto roubarem seu celular, quando a vítima aguardava para ir ao trabalho, por volta das 17h20 do dia 19 em Pedreira (zona sul da capital paulista). Nenhum criminoso ainda foi preso.
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O crime foi o segundo latrocínio em sequência na capital, na ocasião. O neto do narrador esportivo Luciano do Valle (1947-2014), Lucas do Valle Oliveira, 29, morreu no dia 17 após ser abordado, dois dias antes, por dois criminosos em uma moto, no Ipiranga (zona sul). Um dos suspeitos já foi preso.
A zona oeste da cidade foi a única região em que houve aumento no número de roubos de celular na cidade, em relação a janeiro e agosto do ano passado. Foram, respectivamente, 10.911 e 11.855 casos, uma alta de 8,6%.
Já na região central foram registrados 8.065 roubos de celulares, entre janeiro e agosto deste ano e, na zona norte, 6.839.
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O policial civil Luiz Carlos Zapparoli, chefe de investigações da 1ª Seccional do Centro de São Paulo, afirmou que desde 2019 a delegacia mantém uma ação contínua de combate aos roubos, furtos e receptação de celulares na região central da cidade, chamada de "Mobile" –também realizada pelas outras sete seccionais da cidade.
"Em um ano e meio já recuperamos quase 10 mil aparelhos produtos de crime, fomos a 443 locais suspeitos e prendemos 657 pessoas envolvidas em crimes relacionados a celulares", afirmou Zapparoli, em entrevista à reportagem, se referindo somente à região central da cidade.
Do total de presos, ele estima que mais de 90% foram de receptadores, ou seja, pessoas que compram aparelhos levados por criminosos.
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"Se não existisse o receptador, os criminosos seriam desestimulados a praticar os crimes. É da mesma forma que com carros e motos roubados e furtados, isso ocorre, pois comércios compram os veículos, desmontam e vendem as peças. Com os celulares, observamos ocorrer a mesma coisa", acrescentou.
O investigador disse ainda que assistências técnicas de celular, na região central, são monitoradas por causa disso. "Verificamos os números de registros dos aparelhos [IMEI] vendidos nestes locais, se é constatada a origem ilícita, ocorre o flagrante de receptação."
Segundo dados da transparência da SSP, entre janeiro e agosto do ano passado, 10.112 roubos de celular foram registrados na região da 1ª Seccional e, no mesmo período deste ano, 8.065, uma queda de 20%.
A SSP (Secretaria da Segurança Pública) afirmou em nota que oito delegacias seccionais da capital paulista realizam com regularidade a ação "Mobile", com o intuito de identificar estabelecimentos que comprem, vendam ou desmontem celulares usados, além de aparelhos novos "de origem duvidosa" e que tenham "indícios de crime de receptação."
Entre janeiro a julho deste ano, acrescentou a pasta da Segurança estadual, 957 estabelecimentos foram visitados, 8.031 celulares apreendidos e 2.532 aparelhos foram devolvidos aos donos em toda a capital.
No estado, ainda segundo a SSP, foram registrados ao menos 39.681 boletins de ocorrência, em que celulares foram levados por criminosos, entre janeiro e agosto deste ano. Isso representa 26,9% dos 147.214 roubos em geral identificados pelas polícias Civil e Militar no período.
Comparando com os 36.578 boletins em que celulares constam como levados por bandidos, ainda no período, houve aumento de 8,4% neste tipo de assalto nos municípios paulistas.
Dados da pasta também indicam que o número de pessoas assassinadas na capital paulista em assaltos subiu de 31, entre janeiro e agosto do ano passado, para 38 no mesmo período deste ano, uma alta de 22,5%.
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