Polícia

Falta de policiais civis pode colocar Operação Verão em xeque, prevê presidente do Sinpolsan

Márcio Pino diz que já alertou vários conselhos de segurança da Região, mas Estado não atendeu reivindicações

Publicado em 30/09/2015 às 12:01

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A Secretaria da Segurança Pública nega, mas segundo o presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado de São Paulo na Região de Santos (Sinpolsan), Márcio Pino, o efetivo da Polícia Civil da Região Metropolitana da Baixada Santista caiu, em média, 50% nos últimos cinco anos. Diante do que prevê como um grande problema principalmente durante o período da temporada de Verão, Márcio Pino, alerta para um verdadeiro caos nas delegacias, “caso o Governo do Estado não mude essa realidade”.

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Segundo Pino, não adianta o Governo enviar reforço somente para Polícia Militar, pois trabalhos ostensivos e preventivos sem a investigação, não fazem efeito. “A capacidade da Polícia de esclarecer crimes só acontece em função do esforço pessoal de alguns policiais que estão perdendo o convívio familiar e utilizando recursos próprios para investigar”, garante o sindicalista.

“É a velha história do cobertor curto. O aumento da criminalidade está diretamente relacionado à impunidade que, por sua vez, se dá pela falta de estrutura e do efetivo da Polícia Civil. A falta de funcionários já chegou a Santos, considerada a principal cidade da região. Os escrivães, como diz o jargão da polícia, estão tocando o serviço como podem”, afirma Pino, alertando que, em Praia Grande, as pessoas evitam registrar ocorrências porque a média de espera é de duas horas.

Márcio Pino é presidente do sindicato alerta para sérios problemas por deficit de policiais (Foto: Luiz Torres/DL)

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O representante afirma que chegam a 300 procedimentos por mês fora da temporada. No entanto, o policial revela o exemplo do que ocorre no 1º Distrito Policial de Santos que, em 2009, tinha 48 policiais. “Hoje tem 24. Eram oito delegados e só tem três. Eram 14 escrivães e tem cinco. Eram 20 investigadores e hoje tem 10. E não funciona aos sábados e domingos”, afirma o presidente.

Segundo Pino, outro exemplo é o 4º Distrito, que de cinco escrivães passou a ter três, sendo que um está próximo da aposentadoria e o outro “sou eu, que vou me afastar para exercer as atividades sindicais. Portanto, ficará restrito a dois. Tinha 23 investigadores e agora deve também ter somente 10. Isso ocorre em quase todos os distritos da região, mas principalmente em Praia Grande, Guarujá e São Vicente”, revela o sindicalista.

Márcio Pino conta que a precariedade operacional de Santos se igualou às demais cidades do entorno. “Santos está muito ruim. O policial civil terá que optar: atender o público ou dar andamento às investigações para desvendar o crime. A população, que paga impostos, não tem culpa da falta de planejamento do Estado. Tem o direito de exigir o trabalho bem feito”, afirma Pino.

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O sindicalista explica que um concurso foi feito em 2013, mas os alunos ainda não foram chamados. O Estado deveria ter 32 mil policiais civis. No entanto, só tem 18 mil. “Faltam 14 mil. O Governo está há dois anos alertando que vai efetivar mais três mil, mas não o faz. O pior é que contingente não supre a cidade de São Paulo. Três mil policiais é mais ou menos 20% do que deveríamos ter em todo o Estado”, afirma.

Márcio Pino diz que já alertou vários conselhos de Segurança (Consegs) da Região, mas o Estado não responde às reivindicações. “Na temporada, vem cerca de 500 policiais militares para a região e não chega a 10% (50) o número de civis. As delegacias não estão e nem estarão estruturadas para a demanda. Voltando ao exemplo de Praia Grande, que chega a 1,5 milhão de pessoas, não tem jeito: as pessoas não vão prestar queixa e, consequentemente, os índices não corresponderão à realidade”, revelou.

Secretaria nega redução brusca

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Ao contrário das afirmações do presidente do Sinpolsan, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirma que o efetivo da Polícia Civil é de 28,5 mil policiais e nega que o efetivo da corporação na região da Baixada tenha sido reduzido em 50% nos últimos cinco anos.

Nos últimos dois anos, segundo a SSP, foram enviados para a região 191 novos policiais. Foram 41 policiais civis (dois agentes de telecomunicações, 14 agentes policiais, quatro papiloscopistas, cinco auxiliares de papiloscopista, 11 investigadores e cinco escrivães), em 2014, e 16, ou seja, quatro delegados e 12 agentes de telecomunicações, em 2013.

A Secretaria afirma ainda que está em andamento concursos com 7.537 vagas para ingresso nas carreiras policiais, que serão distribuídos para todo o Estado após o processo de formação policial. Os concursos são para Polícia Militar (quatro mil soldados e 240 alunos-oficiais); Polícia Civil (129 delegados, 788 escrivães e 1.384 investigadores); Polícia Técnico-científica (89 atendentes de necrotério, 447 peritos, 140 médicos legistas, 120 fotógrafos técnico-periciais, 55 desenhistas técnico-periciais e 145 auxiliares de necropsia).

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Além disso, está em formação, segundo a SSP, 110 escrivães, 189 agentes policiais, um investigador, um papiloscopista para a Polícia Civil; e um perito e um médico legista para a Polícia Técnico Científica.

Sindicato prevê horas de lentidão em atendimento (Foto: Luiz Torres/DL)

Alckmin assina adicional

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Contrariando as tentativas da SSP em negar a redução no efetivo da polícia civil, o governador Geraldo Alckmin, assinou, na última segunda-feira, projeto de lei para a criação da Diária Especial por Jornada Extraordinária de Trabalho Policial Civil (Dejec). A medida autoriza os policiais civis trabalharem voluntariamente nas folgas, com direito a uma remuneração adicional.

A explicação para tal medida é a de que a escala remunerada de trabalho aumentará a renda dos policiais civis, a exemplo do que já acontece com os militares, e reforçará o efetivo nas ruas, nas delegacias, no trabalho de investigação e atendimento à população.

Cada policial poderá trabalhar até 8 horas diárias (fora da jornada normal), por até 10 dias no mês, ou seja, máximo de 80 horas, para que o serviço extraordinário não prejudique o descanso do policial civil.

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O valor pago aos delegados está estimado em R$ 204, 00 por dia, contemplando oito horas de trabalho. As demais carreiras receberão R$ 170,00 por dia. O valor é calculado com base na Unidade Fiscal do Estado de São Paulo (Ufesp).

Sobre a medida, o presidente Márcio Pino se mostrou indignado. Segundo afirma, a diferença oferecida aos policiais do que é pago a uma diarista na capital paulista é R$ 2,82/dia. Para os delegados, a diferença é R$ 36,82 por dia. “Nada contra o trabalho das diaristas, que são dignos e importantes, mas os riscos dos policiais são, sem dúvidas, bem superiores”, disparou.

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