Polícia

Justiça condena ex-PM a 15 anos de reclusão

Jurados acolheram a tese de que Wagner da Cunha atirou a esposa em poço de elevador

Gilmar Alves Jr.

Publicado em 12/04/2013 às 10:51

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O ex-policial militar Wagner da Cunha foi condenado, na madrugada de hoje (12), a 15 anos e oito meses de reclusão pelo homicídio de sua esposa, a oficial de Justiça Federal Cláudia Regina Petri, e por cinco crimes conexos de uso de documento falso. Claudia foi encontrada morta no poço do elevador do prédio onde o casal morava, na Rua Mario Carpenter, 5, no Gonzaga, em Santos. 

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A sentença foi lida pelo juiz Antônio Álvaro Castello, titular da Vara do Júri, por volta de 1h30. O magistrado permitiu que o ex-PM recorra da decisão, junto ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), em liberdade. 

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A acusação foi feita pelo promotor de Justiça Octávio Borba de Vasconcellos Filho, que teve como assistente a advogada Cristiane Battaglia Vidilli, enquanto a defesa foi realizada pelos advogados Eugênio Malavasi e Bolivar dos Santos Xavier. Dez testemunhas foram ouvidas, sendo sete arroladas pela acusação e três pela defesa.

Borba sustentou a condenação por homicídio duplamente qualificado e cinco crimes conexos de uso de documento falso. Segundo o representante do Ministério Público (MP), Cunha cometeu o assassinato após a vítima descobrir fraudes patrimoniais cometidas por ele. “Quem, acidentalmente, vai pegar um travesseiro, um cobertor, sem enxergar nada e cair no poço do elevador?”, disse o promotor, referindo-se às condições como servidora federal foi encontrada morta.

>SEGURO DE VIDA - “Ela (Cláudia) fez para provar que gostava de mim”, disse o réu (Foto: Matheus Tagé/ DL)


O promotor ressaltou, aos jurados, que, diante da descoberta das fraudes, não havia mais possibilidade de convivência do casal. “Eles já estavam dormindo em quartos separados”. Na avaliação de Borba, retiradas de extrato bancários feitas por Claudia no dia 27 de agosto, data em que foi supostamente atirada no poço, foram o estopim para ela querer terminar, de vez, a relação, culminando na trágica morte.

O defensor do réu Eugênio Malavasi frisou aos jurados que tanto o inquérito policial como a denúncia do Ministério Público (MP) não fornecem provas que levem seu cliente à cena da morte. “Nesse quebra-cabeça faltam peças”. Malavasi ainda disse que o exame necroscópico não prova que Claudia tenha sido projetada de costas.

Interrogatório

Wagner da Cunha, que respondeu a todo o processo em liberdade, foi ouvido das 17h45 às 19 horas. Em seu depoimento, afirmou que percebeu a ausência de Claudia no apartamento, na noite do dia 27, mas disse que achou que ela poderia ter saído. Afirmou que só soube da morte no dia seguinte, nas dependências do 7º DP de Santos, onde ficou em uma sala ao longo da maior parte do dia.

Questionado pelo juiz Antônio Álvaro Castello sobre as constatações periciais de falsas assinaturas da esposa na apólice de seguro, na compra de um Ford Fusion e em uma moto Yamaha, Cunha relatou que foi a esposa quem assinou todas as aquisições. Ele disse que ela tinha costume de fazer as assinaturas no carro, com pressa, hábito que tinha, segundo ele, devido à atividade profissional como oficial de Justiça.

O ex-PM afirmou que Claudia ficou com ciúmes ao saber que ele tinha uma apólice de seguro que tinha como beneficiária a ex-mulher. Diante disso, conforme afirmou, eles decidiram fazer dois seguros, um tendo ele como beneficiário e outro ela. As disparidades são grandes no valor a ser pago pelas seguradoras. O dela, R$ 47.520,00, enquanto o dele, R$ 410.000,00. “Ela fez para provar que gostava de mim”, disse no plenário.

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Depoimentos

O perito João Alves Neto, do Instituto de Criminalística (IC) de Santos, disse que examinou minuciosamente as condições do elevador após a morte, inclusive com a presença do técnico de manutenção Wandos Messias Borges dos Santos, que também foi ouvido em plenário nesta quinta-feira.

De acordo com Alves Neto, não foi detectado nenhum tipo de problema técnico no funcionamento do maquinário, o que o fez descartar a hipótese de acidente. Ao ser perguntado pelo promotor Octávio Borba de Vasconcellos Filho sobre o procedimento necessário para abrir a porta do elevador sem ele estar no andar de embarque, o perito disse que, mesmo com a chave específica para esse tipo de procedimento “é necessário certo traquejo e inclusive o técnico tinha alguma dificuldade quando precisava’’.

Irmã da oficial de Justiça, Mônica Petri disse acreditar que a irmã não teria habilidades técnicas para abrir o elevador sem estar no andar do embarque. “Ela nunca trocou uma lâmpada’’, exemplificou. Mônica citou ainda outros impedimentos para esse tipo de abertura: Cláudia foi encontrada sem suas lentes contato, para 12 graus de miopia, e sem o par de óculos. Tanto as lentes como os óculos estavam no apartamento.

 

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