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Arrocho no crédito, credores no calcanhar e investidores sem segurança para comprar ativos estão tirando o fôlego financeiro das empresas envolvidas direta ou indiretamente na Operação Lava Jato. O cenário cada vez mais complicado está levando empreiteiras a avaliar a recuperação judicial como uma alternativa de sobrevivência. Segundo o 'Estado' apurou, o grupo OAS e a Galvão Engenharia são as que estão em processo mais avançado e podem pedir nos próximos dias. A Schahin também caminha a passos largos. Na berlinda estão ainda a UTC e a Engevix.
Na avaliação do diretor sênior de empresas da agência de classificação Fitch Ratings, Ricardo Carvalho, as empresas que estão com caixa apertado e dependem da rolagem de dívidas correm um risco elevado de não conseguirem crédito, o que pode levá-las à bancarrota.
O crédito no mercado internacional está fechado para todas as empresas que têm envolvimento com Petrobras ou Lava Jato. No Brasil, o principal financiador, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), ficou mais seletivo. Executivos de empresas ouvidos pela reportagem contam que a instituição têm pedido garantias adicionais até para liberar parcelas de financiamentos já aprovados. "O pior é que não podemos condenar nenhuma instituição financeira: ninguém sabe se essas empreiteiras vão conseguir pagar o que devem ou se vão existir até o fim do ano", diz um advogado especializado em obra pública.
Os bancos privados, por sua vez, se recolheram. Até oferecem linhas, mas o custo, que varia de caso a caso, chega a ser dobro do que era no ano passado. O número de garantias e exigências aumentou de tal maneira que, na prática, a maioria das construtoras acusadas de corrupção pena há meses sem conseguir sinal verde para o seu pedido. "Os bancos não querem dar o dinheiro, mas nenhum quer ser acusado de matar a galinha dos ovos de ouro que é o setor: estão empurrando com a barriga", diz um executivo da área. "Vão esperar para ver se a galinha resiste por conta própria ou morre."
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Paralisia
Nessa toada, grupos envolvidos na Lava Jato começam a desmoronar. Uma recuperação judicial já dada como certa pelo mercado é a da Galvão Engenharia, que paralisa obras e demite. Por meio de sua assessoria de imprensa, confirmou que está numa situação financeira delicada, mas disse que não se manifestaria sobre os comentários de que pedirá recuperação judicial nos próximos dias.
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Das construtoras que saíram vencedoras dos leilões de rodovias em 2013 e 2014, a Galvão foi a única que não conseguiu nem sequer o empréstimo-ponte para tocar as obras da BR-153. Antes dos trâmites burocráticos serem concluídos, o diretor da área de engenharia foi preso na Lava Jato. O pedido de financiamento permanece em análise no BNDES, enquanto a empresa aguarda a liberação de garantias por bancos privados.
A Galvão chegou a colocar R$ 200 milhões em obras menores na rodovia. Pelo contrato, as obras de duplicação devem começar no mês que vem, mas a empresa não tem fôlego financeiro. Apenas na praça, com fornecedores, deve R$ 442 milhões. Dos R$ 7,7 bilhões que tem em contratos a receber, R$ 2,1 bilhões são com a Petrobras: R$ 1,2 bilhão de obras concluídas e não pagas e outros R$ 900 milhões a vencer.
A recuperação judicial também entrou no radar das empreiteiras porque também encontram dificuldade para vender ativos que poderiam tirá-las do sufoco. "Se eu compro agora e, nos meses seguintes, a empresa entrar em recuperação, eu posso ser responsabilizado junto com ela: é encrenca", diz um executivo que tem interesse em ativos de construtoras.
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Uma que já seu conta dessa realidade é a OAS. A empresa tem R$ 8 bilhões em dívidas, já suspendeu o pagamento de qualquer passivo desde o início do ano. Quer preservar o caixa para poder entrar com um processo de recuperação judicial em que possa de fato dar a volta por cima, sem quebrar.
Cinco empresas do grupo devem entrar na recuperação, entre elas, a OAS Infraestrutura. Ao incluir a Infraestrutura, sua participação na Invepar, concessionária de diversos ativos, entre eles o Aeroporto de Guarulhos, terá de ser vendida dentro do processo judicial. A Invepar é o seu ativo mais valioso: pode valer até R$ 2,5 bilhões.
O que atrasa plano da OAS são ações na Justiça, inclusive uma americana, em que credores acusam a empresa de desviar patrimônio para garantir a venda da Invepar. Parte da venda está até bloqueada. Os advogados da empresa não quiseram comentar. Informaram que a OAS mantém o processo de reestruturação e fará uma proposta a credores.
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Há empresas que veem recuperação como um caminho para sair do sufoco no curto prazo. É o caso da Schahin. A empresa de óleo e gás do grupo, que fornece sondas para a Petrobras, tem uma dívida US$ 1 bilhão vencendo neste ano. Segundo relatório feito por uma consultoria independente, a Valuation, as receitas são suficientes para garantir o pagamento de dívidas de longo prazo, mas os bancos resistem em oferecer um alívio para o passivo de 2015. Segundo fontes ouvidas pela reportagem, um escritório de advocacia já foi contratado para fazer a recuperação judicial da empresa, e está em fase agora de analisar a dívida de cada empresa do grupo para estabelecer que companhias farão ou não a recuperação. A empresa não quis comentar.
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