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A Favela da Rocinha, na zona sul do Rio, que recebeu uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no fim de 2012, teve neste domingo, 16, mais uma madrugada de pânico provocado por tiroteios entre policiais e traficantes. Dois homens foram baleados e o coordenador-geral das UPPs, coronel Frederico Caldas, ficou ferido quando acompanhava uma incursão pela manhã. Houve ataques a bases da UPP e uma viatura foi metralhada.
Barricadas com objetos em chamas interditaram por quase três horas o túnel Zuzu Angel, que liga os bairros de São Conrado e da Gávea. Transformadores foram atingidos durante confrontos, e a favela ficou sem luz. Moradores da Rocinha e até mesmo policiais que participavam da operação relataram que Caldas e a comandante da UPP da Rocinha, major Pricilla Azevedo, teriam sido baleados ou atingidos por estilhaços de uma granada por volta das 11 horas.
A Coordenadoria de Polícia Pacificadora negou a informação, sustentando que o coronel "sofreu uma queda e teve escoriações leves" na cabeça quando tentava se abrigar. A princípio, a corporação havia negado o ferimento da major Pricilla, mas depois divulgou uma nota informando que ela sofreu escoriação no pulso esquerdo. Caldas foi encaminhado para o Hospital Central da PM, onde seguia em observação até o fim da tarde. O jornal comunitário Rocinha Notícias publicou no Facebook que os oficiais foram "atingidos por estilhaços de uma granada atirada em suas direções".
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O policiamento na favela foi reforçado a partir das 5 horas com 150 homens de outras UPPs e dos batalhões de Choque e de Operações Especiais (Bope). De acordo com a PM, o tiroteio começou por volta de 3h30, quando "bandidos efetuaram disparos entre as Ruas 1 e 2 da favela". Os dois homens baleados, não identificados até o fim da tarde, foram levados para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da comunidade e depois transferidos para o Hospital Miguel Couto. Atingido na cabeça, um deles foi submetido a neurocirurgia e estava internado em estado grave. O outro, sem gravidade, permanecia em observação. Segundo a PM, um homem foi preso com uma pistola.
Assustados, vários moradores esperaram amanhecer para subir o morro. "Isso já vem acontecendo com mais intensidade desde o fim do ano passado. As pessoas estão muito assustadas. Acho que a polícia perdeu crédito depois do caso Amarildo e traficantes aproveitaram o vácuo para voltar ao que era antes", comentou uma liderança comunitária, referindo-se ao ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, morto sob tortura por policiais da UPP da Rocinha após ser detido "para averiguação", em julho, segundo investigação da Polícia Civil. "Não vejo comentários sobre uma disputa entre eles (traficantes), acho que é uma tentativa de retomada. Já existem vários pontos fixos da favela com homens armados permanentemente."
No fim da tarde, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, divulgou uma nota em que afirma que "o Estado não vai recuar diante da tentativa de grupos criminosos voltarem aos locais que dominaram durante décadas" e que o programa das UPPs "vai prosseguir sem qualquer chance de recuo".
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