Polícia
Assim como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o deputado atribuiu a letalidade da operação ao confronto com os criminosos, que acontece há muito tempo
delegado Da Cunha (PP) / Reprodução
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Carlos Alberto da Cunha, mais conhecido como o Delegado da Cunha, defendeu a operação policial realizada em Santos e Guarujá, no litoral paulista. Apesar do saldo de 16 mortes, ele disse não ter visto excessos na ação.
"A deflagração da Operação Escudo foi uma resposta firme e proporcional por parte do Estado", afirmou da Cunha, deputado federal pelo PP-SP, eleito com forte base eleitoral na Baixada Santista, onde nasceu.
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Assim como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o deputado atribuiu a letalidade da operação ao confronto com os criminosos, que acontece há muito tempo.
"Aquela região é comandada pelo [grupo criminoso] PCC, e entrar numa área dominada por essa facção será sempre um risco para as forças policiais e, infelizmente, para os moradores das comunidades locais. O enfrentamento nesse tipo de cenário é quase que inevitável", afirmou da Cunha à reportagem.
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Deflagrada no dia 28 de julho e ainda em andamento, a Operação Escudo já é a mais letal da Polícia Militar paulista desde o massacre do Carandiru, em 1992, que terminou com 111 detentos mortos após uma rebelião no presídio.
De acordo com especialistas ouvidos pelo jornal, há sinais de que a ação na Baixada Santista possa ser caracterizada como uma chacina, devido às múltiplas mortes inclusive de pessoas sem ligação conhecida com criminosos e aos sinais de vingança.
Um dia antes de a incursão da PM começar, o soldado Patrick Bastos Reis, da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), foi assassinado na comunidade Vila Zilda, em Guarujá.
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Para o Delegado da Cunha, os inquéritos devem comprovar a legitimidade da ação policial. "Caso tenha havido algum excesso, algo em que não acredito, certamente haverá a devida apuração e a punição aos responsáveis", disse o deputado.
As investigações, no entanto, precisarão superar ao menos um obstáculo: segundo a Secretaria da Segurança Pública, das 16 ocorrências letais, seis envolveram policiais de batalhões que não dispõem de câmeras corporais e, em outros três casos, houve falhas no equipamento.
Independentemente do episódio, da Cunha defende uma mudança no combate ao tráfico de drogas na região, com um trabalho que vá além das forças policiais e conte com parcerias entre o estado de São Paulo e o município.
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"É imprescindível que haja um alinhamento de políticas públicas que promovam o bem-estar social da população local por meio de iniciativas educacionais, culturais e esportivas, por exemplo", afirmou o deputado.
"Meu mandato, neste momento, vem buscando caminhos para auxiliar na viabilização de um projeto da prefeitura de Guarujá chamado Centro de Operações Integradas, que deverá centralizar ações de diversos órgãos, como as polícias Militar e Civil, bombeiros, Guarda Civil Metropolitana e Defesa Civil."
A região da Baixada Santista tem problemas sérios com o crime organizado há pelo menos 20 anos. Facções usam o Porto de Santos para escoar drogas em grandes quantidades para outros continentes, e os confrontos com a polícia são ali mais comuns e violentos do que em outros lugares.
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De 2001 a 2018, por exemplo, segundo dados da Polícia Militar, ao menos 88 policiais foram assassinados em Santos e cidades da região, como Guarujá, Cubatão, São Vicente, Praia Grande e Itanhaém.
No mesmo período, cidades muito mais populosas, como Campinas e Ribeirão Preto, registraram, respectivamente, 60 e 23 mortes de policiais.
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