Polícia

Caso Fabiane: Acusação mira autor de postagem

Advogado assistente de acusação diz que homem que postou retrato falado na internet pode ser o 6º acusado

Publicado em 14/11/2014 às 10:47

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Sob uma forte comoção dos familiares – que gritavam ‘assassinos’ por todo momento – e seis meses após o linchamento e morte da dona de casa Fabiane Maria de Jesus, os cinco acusados pelo Ministério Público (MP) de ter cometido o crime foram ouvidos ontem, a partir das 13h30, numa primeira audiência sobre o caso, que abalou o Brasil, ocorrido em Morrinhos. Além deles, 12 testemunhas – 10 de acusação e duas de defesa — também foram ouvidas no Fórum de Guarujá.

A audiência terminou por volta das 19 horas. O juiz deu um prazo para que os advogados de acusação e de defesa apresentem seus argumentos por escrito. Após análise, o juiz irá decidir se os acusados serão submetidos, ou não, a júri popular.   

Momentos antes de entrar na sala de audiência, o advogado e assistente de acusação, Airton Sinto, disse que o principal objetivo, além de provar a culpa dos envolvidos, é trazer ao processo um sexto acusado: o administrador da página Guarujá Alerta que postou o retrato falado de uma mulher que realizava rituais de magia negra com crianças sequestradas.

Conforme já revelado e de acordo com o inquérito, o retrato falado atribuído a Fabiane na verdade havia sido feito por policiais do Rio de Janeiro, da 21ª Delegacia de Polícia (Bonsucesso), em agosto de 2012. Na ocasião, uma mulher foi acusada de tentar roubar um bebê do colo da mãe na Zona Norte da cidade.

Com cartazes, familiares e amigos pedem justiça (Foto: Matheus Tagé/DL)

“Temos que responsabilizar todos. Esse crime tem começo, meio e fim. Ele começou pela postagem irresponsável na Internet. Ele (administrador) tem que responder por isso. Eu tenho elementos para provar que ele também tem culpa no episódio. Se depender da minha atuação, ele será o 6º indiciado”.

O assistente de acusação diz que o administrador pode ser incluído no artigo 29 do Código Penal, que incrimina a pessoa que ajudar de qualquer forma para a ocorrência do delito. “É lógico que ele (administrador) não quis espancar e matar, mas se ele não tivesse postado, Fabiane estaria viva. Então, ele tem que responder também por homicídio, porém, com pena diminuída. Ele foi responsável legalmente e moralmente pela tragédia”.

Airton Sinto acredita que algumas testemunhas também se tornem rés no processo. “Os acusados foram identificados por provas robustas e cabais, produzidas na fase de inquérito policial. Muitas pessoas participaram indiretamente do crime, quer pelo estímulo à agressão – e eu já tenho duas identificadas — quer pelo compartilhamento do retrato pelo Facebook”.

Segundo já publicado, os cinco foram denunciados por homicídio triplamente qualificado, por motivo torpe (banal), tortura e por terem impedido a defesa da vítima. A pena, caso sejam condenados, vai de 12 a 30 anos de reclusão.

No meio dos familiares, o viúvo de Fabiane, Jailson Alves das Neves, disse que espera que ocorra justiça e que os responsáveis sejam condenados. “Acho que o administrador da página é tão culpado quanto os outros”. Ele disse que vem recebendo apoio da família e dos vizinhos.

O crime
Fabiane foi agredida no dia 3 de maio e morreu após passar dois dias internada no Hospital Santo Amaro. Ela foi enterrada no cemitério Jardim da Paz, em Morrinhos. Na porta do Fórum, familiares e amigos estavam vestidos com camisetas em que na frente estava o retrato da dona de casa. Nas costas, os dizeres eram os seguintes: “no silêncio da dor e da saudade, a justiça chama pelo teu nome Fabiane”.

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