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As delegacias de polícia de São Paulo armazenam 155 toneladas de drogas em locais sem segurança, abrigam 155 mil veículos de forma precária, atraindo lixo, animais e insetos, e perderam 1.823 armas de fogo que deveriam estar sob guarda do Estado. É o que aponta relatório do Tribunal de Contas do Estado (TCE) sobre o desempenho operacional da Polícia Civil, elaborado para a avaliação das contas do governo Geraldo Alckmin (PSDB) no ano de 2014.
"A destinação final das drogas e veículos apreendidos não atende às determinações legais impostas, havendo acúmulo de bens dessa espécie sob custódia da Polícia Civil. A grande quantidade de drogas encontradas nas unidades coloca em risco a segurança dos locais de armazenamento e dos servidores lá lotados", afirma o TCE.
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A Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) destaca ações para resolver a situação, como articulação com a Justiça e o Ministério Público, para agilizar a destruição e incineração de materiais apreendidos. "As recomendações feitas pelo Tribunal de Contas do Estado são importantes e já estão sendo levadas em consideração nesses programas", diz a SSP, em nota.
O relatório, de 132 páginas, foi feito com base em entrevistas com policiais e visitas a 119 delegacias. O objetivo foi avaliar a eficácia dos controles empregados pelo governo Alckmin para cumprir as leis no que se refere a armazenar armas, drogas e veículos. A conclusão é que a Polícia Civil tem instrumentos "ultrapassados" para o serviço e os "locais utilizados são inadequados", "insuficientes" e sem "condições de segurança".
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Exemplos
"Em 48 unidades, foram encontrados entorpecentes depositados no chão", diz o documento. Há também "deficiência na forma de lacração" dos materiais, o que coloca em dúvida se o que está armazenado é, de fato, o que foi apreendido. O relatório cita um caso flagrado em que as drogas haviam sido apreendidas em 3 de outubro de 2014 e só haviam sido encaminhadas para incineração 112 dias depois.
Há ainda o descontrole com relação às armas. "Do dia 31 de dezembro de 2012 para o dia 1º de janeiro de 2013, estão computadas 1.263 armas a menos e, do dia 31 de dezembro de 2013 a 1.º de janeiro de 2014, há também uma diminuição de 560 armas. Essas divergências não dão segurança de que o total informado seja o correto e demonstram deficiências nos controles feitos", diz o relatório.
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No caso dos automóveis, o texto também destaca a falta de sistemas e de locais para guardar a frota, o que traz transtornos para os vizinhos. "Tem gente que vem roubar peça, tem usuário de droga que vem fumar crack, e garota de programa que faz do carro um motel. Tudo isso à luz do dia e na cara da polícia", conta a dona de casa Patrícia Gimenez, de 36 anos, vizinha do 50.º Distrito Policial (Itaim Paulista, na zona leste). "É um descaso total", reclama.
Repercussão
Para o professor de estudos organizacionais da Fundação Getulio Vargas (FGV) Rafael Alcadipani, membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a falta de infraestrutura da Polícia Civil é resultado de uma predileção do governo em investimentos na Polícia Militar, "que dá mais visibilidade".
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Ele destaca que, além de estrutura, falta também gente para atuar nas delegacias. "É urgente que se invista em mais infraestrutura para a Polícia Civil", diz o pesquisador, que estuda a rotina das delegacias de São Paulo há três anos. "Há um déficit brutal de pessoal nas delegacias. A situação, principalmente nas periferias de São Paulo, é periclitante. Há, às vezes, 800 inquérito para um único delegado", diz. A consequência da falta de infraestrutura e de pessoal é a baixa solução de crimes.