Polícia

Apreensões de cocaína vinda do Peru e Bolívia superam as de 2012

Os dados integram balanço recém-concluído pela Coordenação-Geral da Polícia de Repressão a Entorpecentes, que registra avanços no combate a organizações internacionais do tráfico

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 18/08/2013 às 22:07

Compartilhe:

Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Facebook Compartilhe no Twitter Compartilhe por E-mail

Continua depois da publicidade

A Polícia Federal já apreendeu este ano oito aeronaves usadas para trazer cocaína ao Brasil. Produzida principalmente no Peru e na Bolívia, a droga é entregue em pistas clandestinas de pouso País afora ou simplesmente despejada do ar para grupos responsáveis pela distribuição, cada vez mais ousados. As apreensões, que já superam as de 2012, indicam uma intensificação da rota aérea e o maior poderio financeiro dos narcotraficantes.

Os dados integram balanço recém-concluído pela Coordenação-Geral da Polícia de Repressão a Entorpecentes, que registra avanços no combate a organizações internacionais do tráfico, cujas práticas vêm se sofisticando.

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

A Polícia Federal já apreendeu este ano oito aeronaves usadas para trazer cocaína ao Brasil (Foto: Divulgação)

De janeiro a julho de 2013, a PF conseguiu tomar de quadrilhas 20,1 toneladas de pasta-base de cocaína, pó, merla e crack, mais do que em 2012 inteiro (19,8 toneladas). Também houve avanços contra o tráfico de maconha, haxixe e skank: no mesmo período de sete meses, foram confiscadas 105 toneladas (58 só em julho), ante 111 no ano passado.

A quantidade média por apreensão tem sido maior, o que, segundo a coordenação, demonstra que as investigações têm conseguido alcançar grupos mais poderosos. Os traficantes brasileiros compram grandes carregamentos, o que barateia o preço da droga na negociação. Não raro, quadrilhas dos países produtores se associam e fornecem o volume encomendado em consórcio.

Além de drogas, a PF encontrou o equivalente a R$ 17 milhões em diferentes moedas junto dos carregamentos, fora munições e armas como fuzis.

As maiores quantidades de cocaína têm sido apreendidas em São Paulo (46,8% do), maior centro consumidor de drogas no País, Mato Grosso (9,8%), Mato Grosso do Sul (8,5%) e Minas Gerais (7,8%), especialmente no Triângulo Mineiro, que tem se despontado como entreposto de entorpecentes, devido à complexa malha rodoviária.

De 25% da 35% do pó ou da pasta-base que entram no País, estima a PF, são enviados para outros países, principalmente via portos e aeroportos. Este ano, investigadores encontraram até droga amarrada ao fundo de um navio que partia do Amapá, fazendo as vezes de âncora.

O coordenador da Polícia de Repressão a Entorpecentes, delegado Cezar Luiz Busto de Souza, atribui os resultados ao reforço das ações de inteligência nas fronteiras, em colaboração com os países vizinhos. O governo brasileiro mantém policiais no Peru e na Bolívia, principais fornecedores de cocaína para o Brasil, que trocam informações com as autoridades estrangeiras e participam de operações. Um dos resultados foi o fechamento, no fim de 2012, de 12 laboratórios na selva amazônica peruana, bem próximo ao Brasil.

No Paraguai, principal produtor da maconha fumada no Brasil, as ações resultaram na destruição de vasta área plantada, o que, associado às apreensões deste ano, provocou escassez e aumento do preço do produto em alguns centros, segundo o relato das polícias estaduais à PF.

"Só a cooperação leva a bons resultados. Temos focado as ações em áreas de fronteira, porque no Brasil a capilaridade rodoviária é muito grande", afirma de delegado. Não por acaso, 60% da maconha apreendida no primeiro semestre de 2013 foi achada no Paraná e no Mato Grosso do Sul, vizinhos ao Paraguai.

Ele afirma, contudo, que ainda é preciso avançar mais até a prisão de barões do tráfico sul-americano: "Chegar ao chefe é um processo lento. O grande momento da asfixia é quando você o prende e bloqueia o patrimônio."

O delegado cita algumas preocupações, entre elas o possível avanço de produtores de coca na selva amazônica. Os traficantes têm cultivado espécies mais adaptadas a regiões tropicais, de fácil introdução no Brasil. "A produção está na borda. Para pular para cá, não custa", alerta.

Outra questão incômoda são os eventuais impactos no Brasil, ainda imprevisíveis, da legalização da produção e distribuição da maconha no vizinho Uruguai. "Para nós, a facilitação do uso facilita o tráfico e a violência. Mas ainda temos de ver a extensão dos danos. É uma situação nova, que vai servir de laboratório", comenta o delegado.

Continua depois da publicidade

Continua depois da publicidade

Mais lidas

Conteúdos Recomendados

©2024 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software