Polícia

Advogados traçam diversas estratégias de defesa no caso Bernardo

O corpo do menino foi encontrado em um matagal no interior de Frederico Westphalen (RS) em 14 de abril, dez dias depois de seu desaparecimento em Três Passos

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 23/04/2014 às 19:51

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Constituídos entre o final da semana passada e o início desta, os advogados dos três suspeitos de envolvimento com o assassinato do menino Bernardo Boldrini preparam diferentes estratégias de defesa para seus clientes. Vanderlei Pompeo de Mattos, defensor da madrasta Graciele Ugulini, que ainda não prestou depoimento, vai pedir para ela falar alguma coisa para acabar com as especulações sobre a participação que teve no crime. Jáder Marques, representante do pai, o médico Leandro Boldrini, avisou à polícia que seu cliente abre mão de seus sigilos para contribuir com a investigação e mostrar que é inocente. E Demetryus Eugenio Grapiglia, nomeado pela assistente social Edelvânia Wirganovicz, vai tentar desconstituir o depoimento dela, alegando que foi prestado sem a presença de um advogado, e sustentar que ela reconhece ter participado da ocultação do cadáver, mas não do "evento morte" do garoto.

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O corpo de Bernardo foi encontrado em um matagal no interior de Frederico Westphalen (RS) em 14 de abril, dez dias depois de seu desaparecimento em Três Passos, cidade gaúcha de residência da família. A polícia prendeu o médico, a madrasta e a assistente social e vem manifestando convicção de que os três tem algum tipo de participação no crime, mas com a ressalva de que a investigação ainda não conseguiu estabelecer qual foi a conduta individual de cada um.

Os dados já tornados públicos indicam que Graciele e Edelvânia saíram da área urbana de Frederico Westphalen acompanhadas de Bernardo e voltaram sem ele no dia 4 de abril. Na noite de segunda-feira, 21, dois delegados tentaram tomar depoimento de Graciele no presídio, mas, segundo Mattos, que estava junto, ela se mostrou abalada, chorou muito e acabou não falando.

Bernardo foi encontrado em um matagal no interior de Frederico Westphalen (Foto: Arquivo Pessoal)

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"Eu vou tomar conhecimento do que já está no inquérito e depois sugerir que ela diga alguma coisa para acabar com a especulação", adianta o advogado. "Quem sabe ela não tenha uma notícia surpreendente para nos dar", afirma.

Mattos disse que assumiu o caso a pedido do pai de Graciele, que mora em Santo Augusto, mas admite que ainda não tem conhecimento suficiente para falar na tese de defesa. "Pela procedência e criação dela não se poderia cogitar a prática do ato que estão atribuindo a ela", comenta. Pelas informações já acessados pela imprensa, a madrasta é suspeita de ter premeditado o crime, pedido a ajuda da assistente social mediante oferta de dinheiro e aplicado uma injeção letal no garoto.

O advogado de Edelvânia nega que ela tenha participado ou presenciado a morte do garoto e admite que a assistente social ajudou a ocultar o cadáver, mas não por dinheiro e sim porque teria sofrido pressão psicológica de Graciele, inclusive com ameaças a familiares.

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O representante de Leandro prometeu entregar a senha do celular do médico à polícia e informou que seu cliente abre mão espontaneamente de todos os seus sigilos legais para colaborar com a investigação. Marques afirmou nesta quarta-feira, 23, que, ao contrário da versão vazada pela polícia, o médico não foi frio, mas "desabou" no momento em que foi informado da morte do filho e preso. "Isso ocorreu quando ele entendeu o que estava acontecendo", narrou Marques, que também é advogado de Elissandro Spohr, réu do processo pela morte de 242 frequentadores da boate Kiss, em Santa Maria.

Marques entregou requerimento à delegacia de Três Passos pedindo que três policiais que prenderam Boldrini sejam ouvidos no inquérito para narrarem formalmente qual foi a reação do médico quando foi informado da morte do filho. O advogado sustenta que os dados do celular vão mostrar que o médico trocava constantes mensagens com o filho e não tratava o garoto com descaso. "Ele (Boldrini) não teve nenhuma participação (no crime)", afirma.

A madrasta, a assistente social e o médico estão em celas individuais de um presídio da região de Três Passos. A delegada Caroline Bamberg disse nesta quarta-feira que faltam 20% do trabalho para a conclusão da investigação, que vai apontar as responsabilidades individuais de cada envolvido com o assassinato. Não está descartada a hipótese de uma quarta pessoa também ter participado ou ocultado o crime.

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A policial admitiu pedir prorrogação do prazo de 30 dias para finalizar o inquérito. Entre os itens que ainda dependem de esclarecimento estão as análises da perícia, que pode confirmar qual foi a substância que matou o garoto e quem esteve nos automóveis usados pelos suspeitos no dia do crime.

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