Juíza montou uma sala para que a mulher se sentisse protegida / Nair Bueno/DL
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Dar apoio e acolher as mulheres que são vítimas de violência doméstica em Peruíbe. Esse é o objetivo do projeto “Somos Marias” que surgiu em 2019, em Peruíbe. A juíza Danielle Câmara Takahashi Cosentino Grandinetti, da 2ª Vara da comarca de Peruíbe, montou uma sala especializada, no Fórum, para que a mulher se sentisse protegida, em 2019, e o projeto cresceu.
“A ideia do projeto surgiu quando percebi que violência doméstica era tratada como algo natural e que tinha pouca importância. Isso me incomodava muito”, explica a juíza Danielli.
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Ela lembra um caso de uma mulher que estava no Fórum e havia sido agredida pelo companheiro, enquanto esperava a sua audiência acontecer. “Esse caso me chocou bastante e pensei que precisava mudar isso, não era possível que no Fórum alguém tivesse a ousadia de agredir uma mulher”, relata.
“Comecei a perceber que não havia políticas públicas para a mulher na Cidade, com atendimento nas áreas da saúde, psicossocial e outras. A lei Maria da Penha prevê a ação integrada entre os órgãos públicos, mas isso não acontecia. Fizemos parcerias para estruturar a política pública em Peruíbe”.
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Hoje, segundo ela, o Poder Judiciário consegue atender a mulher em todas as demandas para que ela saia do ciclo de relacionamento abusivo.
“Para sair desse tipo de relacionamento a mulher precisa se fortalecer, resgatar a autoestima, e confiar no sistema. Hoje cerca de 70% das mulheres não saem de um relacionamento abusivo porque têm medo. A maioria dos casos de feminicídio acontece quando a mulher pede a separação”.
E que essas mulheres precisam de assistência social, psicológica, orientação jurídica, além de cestas básicas e capacitação para aprender um ofício.
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No primeiro atendimento, a equipe do projeto faz todos os encaminhamentos e acompanha a mulher até que ela consiga romper esse ciclo de violência.
Casa das Marias
A Casa das Marias surgiu para que a mulher pudesse resolver todos os problemas em um mesmo local – um anexo da violência doméstica. Segundo a juíza, Peruíbe é a primeira da Baixada Santista a ter uma casa para auxiliar as mulheres vítimas de violência doméstica.
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O local vai oferecer um cartório judicial especializado em violência doméstica, além de uma equipe multidisciplinar para prestar orientação jurídica e psicológica. E uma cooperativa de trabalho que vai oferecer capacitação às mulheres com vários cursos, por meio de uma parceria com a ONG Humanitas 360.
A Casa das Marias passa por uma reforma feita somente por mulheres. “Estamos valorizando essa mão de obra composta apenas por mulheres. Ver que elas podem estar aqui e em qualquer lugar já é uma conquista”, completa.
A equipe é formada por quatro mulheres: Dulcilene da Silva, mestre de obras; Ana Paula Nascimento, ajudante de obra; Beatriz Melo, ajudante de obra e Maria Cecília Toniolo, pintora.
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Em uma das salas, há um painel com as cantoras Elza Soares, Rita Lee, a pintora Frida Kahlo, a escritora Clarice Linspector, e outras.
A juíza Danielle afirma que, do total de casos de crimes ocorridos em Peruíbe, 70% corresponde à violência doméstica. “Em uma família em que o ambiente familiar é violento ele se multiplica. Ao ver a mãe e o pai em violência, os filhos entendem que aquela situação é normal”.
No período da pandemia, houve um aumento significativo da violência doméstica. Entre os fatores estão a dificuldade financeira, a reclusão dentro de casa e o contato próximo entre o homem e a mulher.
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Denunciar
Nos casos de mulheres que estão em situação de violência doméstica, a juíza aconselha que elas busquem ajuda e denunciem.
“Ninguém consegue sair dessa situação sozinha. Busquem ajuda das amigas, dos familiares e do projeto “Somos Marias”, alerta.
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Diz ainda que na pandemia, a equipe atendeu as vítimas por meio do Whatsapp. “Houve um caso de uma vítima que estava em situação de cárcere privado. A vizinha acionou o projeto e conseguimos libertá-la, em parceria com a Guarda Civil Municipal (GCM)”.
A previsão é inaugurar a Casa das Marias até o início de março deste ano.
Mulheres vítimas de violência doméstica, em Peruíbe, podem ligar no Whatsapp 13 99710. 4414. A Casa vai funcionar na rua Bolívia, 89, na Estância São José.
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