O Santista

‘Pescadores de Palavras’ resgata quatro décadas da literatura santista

O filme, idealizado pela produtora Signos Possíveis, é um registro inédito e documental dos últimos 40 anos da história literária de Santos

Caroline Souza

Publicado em 11/08/2018 às 11:00

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O filme, idealizado pela produtora Signos Possíveis, é um registro inédito e documental dos últimos 40 anos da história literária de Santos / Rodrigo Montaldi/DL

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Palavra. Poesia. História. Memória. Na contramão da instantaneidade e conectividade, a cineasta Madeleine Alves passou cinco anos resgatando a literatura santista. O resultado, o curta-metragem ‘Pescadores de Palavras’, estreia neste domingo (12), às 17 horas, no CineArte Posto 4.

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O filme, idealizado pela produtora Signos Possíveis, é um registro inédito e documental dos últimos 40 anos da história  literária de Santos. “Dirigimos o olhar para a resiliência da literatura marginal regional - a chamada Geração do Mimeógrafo. Sem nenhum perfil panfletário e de maneira despojada, investigamos como foi esse processo de ‘passar o bastão’ de uma iniciativa cultural a outra - e que, no seu total, completam quase 40 anos de atuação poética na região”, conta Madeleine.

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O ponto de partida para a pesquisa foram a Revista Mirante e a Editora Artesanal Costelas Felinas, já conhecidos pela cineasta e pelo roteirista Marcio Callegaro. Com a série de entrevistas, chegaram ao Grupo Picaré - “a raiz de onde tudo começou”.

Juntos, compõe a Geração do Mimeógrafo, apresentada no curta em 3 atos: o Grupo Picaré, de 1979 a 1982, do qual fizeram parte muitos artistas e expoentes da região; a Revista Mirante, impressa há 36 anos e editada pelo poeta Valdir Alvarenga; e a Editora Artesanal Costelas Felinas, criada pela poetisa Cláudia Brino e que há 20 anos publica livros em tiragens especialmente feitas uma a uma pelas mãos de seus editores - ela e Vieira Vivo.

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“A Geração do Mimeógrafo sempre me chamou atenção, pois a literatura rodava entre os próprios escritores e era uma literatura ‘da rua’, com um campo de palavras mais acessível para todos, por isso é chamada de marginal”, explica Madeleine.

Durante os cinco anos de produção, a cineasta realizou as pré-entrevistas, conheceu os perfis dos personagens envolvidos, catalogou arquivos de fotos, publicações e matérias de jornais e somou forças com as pessoas envolvidas na narrativa.

“Esse tempo, enquanto buscávamos fomentos públicos, nos permitiu mergulhar na história e encontrar cinco abordagens diferentes: entrevista padrão, relato (andando pelas ruas da cidade e transformando-a em personagem), ‘como as coisas acontecem’ (acompanhando a criação de textos e o lançamento da revista Mirante 100 e a confecção dos livros da Costelas Felinas), reconstituição fotográfica e performance poética”, explica a cineasta.

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Desde 2003 o projeto conta com o apoio do MISS - Museu da Imagem e Som de Santos. Este ano, foi contemplado via seleção do 6º FACULT -  Concurso de Apoio a Projetos Culturais Independentes no Município de Santos e pode ser viabilizado.

Três atos

O Grupo Picaré era formado, em sua maioria, por jovens estudantes de Comunicação, que faziam diversas ações artísticas. “Após quatro anos, terminou com uma passeata poética”, conta Vieira Vivo, que fazia parte do grupo. “Com o fim do Picaré, nasceu a Mirante”, completa.

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A Revista Mirante, segundo vieira, produziu mil exemplares para a edição nº 0, e praticamente esgotou na primeira semana. Atualmente, é a publicação literária independente em atividade mais antiga do País.

“O curta é um preenchimento da lacuna cultural e uma forma de incentivar as pessoas a continuar seu trabalho”, comemora Vieira.

A Editora Artesanal Costelas Felinas nasceu em 1998 com o objetivo de editar os próprios livros da poetisa Cláudia Brino. Mas foi em 2008 que passou a editar livros de terceiros. Hoje, são quase 24 mil exemplares e 395 títulos produzidos nestes 20 anos de existência.

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“Realizar um trabalho onde alguém pousa o olhar é muito bom. Minha alma sorri”, declara Cláudia. “Vi o que a poesia pode fazer e em cinco anos uniu pessoas maravilhosas para deixar a poesia viva em imagem e som”, finaliza.

Programação

O lançamento terá duas sessões especiais no CineArte Posto 4, que contarão com programação cultural simultânea: Exposição do Varal de Poesia Picaré, exposição das publicações da Editora Costelas Felinas, apresentação musical do grupo Pau a Pique com improviso performático da Companhia de Dança Jam Jam Jam Jam, performance de dança de Thaïs Caniati e intervenções cênicas. “Pensamos em trazer para o público um pouco da experiência que é um lançamento de literatura marginal independente para o contexto do lançamento do filme”, afirma Madeleine. 

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Haverá ainda mais exibições em equipamentos públicos da cidade, inscrição em festivais nacionais e internacionais de audiovisual e mostras (competitivas ou não), para as quais a Signos Possíveis, produtora do filme, está aberta a propostas.

Data: 12 de agosto de 2018
Local: CineArte Posto 4 - Av. Vicente de Carvalho, s/n.º - Gonzaga, Santos – SP
Horário: A partir das 17h
Exibições: 18h30 / 20h
Evento gratuito

Datas das próximas atividades e exibições:
13/08 – 19h30 – Bate-papo sobre o filme no Movie Chat (Espaço de Cinema – Shopping Miramar)
24/08 - 19h30 - Museu da Imagem e do Som de Santos
05/09 - 15h - Sala Toninho Dantas - Cine ZN

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