O Caminho do Lixo

Santos gera 480 toneladas de lixo por dia

Mas, 40% do que é destinado ao Sítio das Neves tem valor econômico, ou seja, poderia ser reciclado

Vanessa Pimentel

Publicado em 05/06/2017 às 08:00

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Em Santos, 22 caminhões fazem a coleta de manhã pelos bairros da cidade. À noite, o serviço conta com 15 / Matheus Tagé/DL

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O trabalho começa cedo, às 6h da manhã.  Todo dia, 22 caminhões compactadores saem da garagem da Terracom, empresa responsável pelos serviços de limpeza e coleta de Santos, carregando três coletores, mais um motorista. À noite, às 18h, o serviço conta com 15 veículos, calculado com base na demanda. Cada um deles percorre o itinerário já programado pela prefeitura pelos bairros da cidade com a missão de recolher tudo que não presta mais, pelo menos para quem descartou. 

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Com uma energia rara de ver nas pessoas logo cedo, os coletores saem correndo atrás do caminhão pegando os sacos de lixo depositados nas lixeiras e, com a rotina, acabam conquistando a simpatia dos munícipes e ganhando risonhos bom dia. Sempre ágeis, são os responsáveis por tirar das ruas de Santos cerca de 480 toneladas de lixo diário – o que parece explicar o corpo esbelto. 

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O caminho do lixo

Pensando em evitar que os sacos se espalhem em dias de chuva e melhorar o acondicionamento, a prefeitura disponibilizou nos bairros centrais três mil contentores de 1000 litros cada, atitude bem vista pelos coletores porque, segundo eles, otimiza o trabalho ao concentrar uma maior quantidade de sacos num mesmo lugar.

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A coleta matinal dura cerca de cinco horas. Após esse período, ou até que o caminhão esteja cheio, eles se dirigem para a área de transbordo da cidade.

Segundo a prefeitura, é gasto com o serviço de coleta e limpeza urbana R$133 milhões e 800 mil por ano.

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Contagem regressiva no Aterro Sítio das Neves

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Área de transbordo fica no bairro alemoa, onde até 2003 funcionava um lixão (Foto: Matheus Tagé/DL)

O processo do transbordo

Localizada na Alemoa, onde até 2003 funcionava um lixão, o caminho para a área de transbordo do lixo de Santos é complexo. Entre ruas repletas de indústrias típicas do bairro e casas muito simples levantadas em madeirite, os caminhões da Terracom vão passando para depositar, de forma temporária, tudo o que foi retirado das ruas. 

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O asfalto existente vai ficando para trás e uma lama escura vem de encontro aos pneus. Depois de algumas curvas, árvores nativas da região e algumas poucas casas de quem se arriscou a ir longe para ter onde morar, avistamos a área dedicada ao transbordo. 

O fluxo de caminhões da Terracom é intenso. Debaixo de um telhado suspenso por bases metálicas, uma montanha de lixo é ajeitada por um trator. Enquanto isso, do outro lado, uma escavadeira vai recolhendo os resíduos despejados e depositando em um caminhão maior do que o que faz a coleta, com capacidade para carregar cerca de 22 toneladas de lixo. 

Depois de carregado, o veículo é pesado e recebe uma lona para evitar que os resíduos escapem pela pista durante o trajeto até o Aterro Sítio das Neves, na Área Continental de Santos, responsável por receber os detritos de sete das nove cidades da Baixada Santista.

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De acordo com o coordenador de meio ambiente da Terracom, Carlos Marcelo Pousada dos Santos, a quantidade de lixo disposta no transbordo é relativa a um dia de coleta. Durante a temporada, dobra de tamanho. O local é fiscalizado pela Companhia Ambiental Do Estado De São Paulo (CETESB).

Cenário

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Entre os milhares de sacos plásticos, competem por restos de comida urubus e cachorros. O odor não é agradável e a aflição se faz presente toda vez que o trator engata marcha à ré: a impressão é de que irá atropelar os bichos. Mas, acostumados com a rotina, nenhum é atingido e “nunca foi”, afirmam os funcionários. 

Os caminhões de entulho também descarregam ali. A montanha é um misto de lixo orgânico, colchões, móveis, roupas e recicláveis, ou seja, materiais que poderiam ser reaproveitados, mas por motivos diversos, sejam eles o desconhecimento do dia em que a coleta seletiva passa no seu bairro, ou apenas falta de vontade - tanto política quanto da população - acabam sendo descartados de forma errônea. 

“A prefeitura paga a Prodesan para fazer a coleta seletiva, mas a cidade ainda recicla muito pouco. Já a Terracom não tem como separar o lixo que vem no caminhão, até porque, uma vez compactado, todo ele é comprometido. O nosso contrato não contempla isso, se resume apenas a coletar. Ações de educação ambiental e campanhas sobre a importância da reciclagem precisam vir do poder público e não da empresa. Isso diminuiria o número de recicláveis que acabam tomando espaço indevido do aterro”, explica Carlos Marcelo quando questionado sobre o papel da Terracom em relação ao modo de coleta atual.  

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Nova lei

Passa a vigorar em Santos, a partir de 2 de julho, uma nova lei que visa disciplinar a coleta de lixo reciclável no município. Mas, as informações sobre este tema serão descritas na próxima matéria da série Especial Meio Ambiente - O Caminho do Lixo, aqui, no Diário do Litoral.  

Confira galeria de fotos clicando na imagem abaixo:

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