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Um contêiner demora, em média, 21 dias para ser liberado após a chegada ao Porto de Santos, 19 dias a mais do que no Porto de Roterdã, na Holanda. Atualmente é mais barato enviar um contêiner do Brasil para a China do que transportar a carga num caminhão de Campinas a Santos. Como acabar com situações como estas que afetam a competitividade do complexo? Para o jornalista, advogado e engenheiro civil José Manoel Ferreira Gonçalves, a solução é devolver o papel político do porto a autoridade portuária.
“Hoje, a autoridade portuária não tem força política de influir nas decisões mais importantes. Há mais de 10 intervenientes no processo. Cada um puxa para o seu lado, sem um comando claro e forte, sem unidade, como uma orquestra desafinada e sem maestro. É preciso conversar mais, dialogar e decidir politicamente buscando as melhores técnicas e métodos”, afirmou Gonçalves, que é autor do livro Despoluindo Sobre Trilhos (Sendas Edições), lançado recentemente e que propõe a integração das regiões por meio da malha ferroviária e o incentivo do transporte de passageiros e cargas por meio de trens.
Uma das distorções provocadas por este cenário, segundo ele, é justamente a falta de visão panorâmica e sistêmica de longo prazo e de um competente planejamento estratégico. “É muito pouco fazer uma obra de emergência na entrada da cidade de Santos para tentar diminuir os problemas do caos que se instalará novamente de forma piorada neste ano quando das safras de milho e soja”, ressalta.
José Manoel Ferreira Gonçalves afirma que falta coragem, iniciativa e criatividade para a proposição de uma nova política que pense a região com um todo. “Para que isso aconteça, repito, temos que devolver o papel de protagonista ao porto e a região, que virou simples expectadora das decisões tomadas em Brasília por motivos políticos, mas não de políticas públicas, mas de politicagem da pior qualidade. O resultado está aí: caos total, prejuízos, perda de competitividade. Uma vergonha”.
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Marco Regulatório
Está em discussão no Congresso Nacional, a implantação de um novo marco regulatório do setor ferroviário no País. Gonçalves espera que uma questão fique bem definida no sistema: os trilhos têm que ser de domínio público.
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“Quem coloca os trilhos ou é responsável pela operação do sistema não pode ser dono de tudo e impedir a utilização da ferrovia por parte de quem tem carga a ser deslocada. O modelo de transportes de cargas brasileiro prevê um grande montante de investimentos, longos prazos de retorno e grandes incertezas políticas e jurídicas. A soma de todos esses fatores é o sistema que temos hoje, um modal de transportes com baixos níveis de eficiência de custos, energética e ambiental”.
Ele crê que o novo marco possa equilibrar as demandas da população, que usufrui direta ou indiretamente deste serviço, as políticas públicas, os investidores, os construtores e as operadoras, responsáveis pelos serviços prestados. Gonçalves espera a melhora da qualidade dos serviços prestados e o destravamento dos investimentos necessários para aumentar a presença desse modal de transporte na matriz do nosso país, além de aumentar os investimentos e efetivamente atrair empresários para a implantação de um novo e moderno sistema ferroviário nacional.
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