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"Um filho é a extensão de um amor que não coube em dois corações". São as palavras de Maria Betania Vennancio, que hoje luta para conquistar o amor de sua filha de 10 anos. A criança mora com o pai, seu ex-marido, e é vítima do fenômeno chamado alienação parental.
O pai alimenta pensamentos e ideias na criança contra Maria Betania. O que ela sofre hoje com a filha, também já sofreu com a própria mãe. Conta que foi vítima de alienação parental. A consequência do trauma de infância é que atualmente, com 41 anos, ela não consegue estreitar os laços com sua mãe, de quem já ficou 20 anos afastada.
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Os problemas familiares sofridos por Maria Betania se tornaram motivo para que ela lutasse pela conscientização da população sobre a alienação parental. Ela hoje faz parte da Associação Brasileira para Igualdade Parental, que manifesta a favor da Guarda Compartilhada, a solução para o fenômeno prejudicial às crianças.
Confira abaixo a entrevista com Maria Betania, que explica sobre o assunto:
Diário do Litoral - Primeiro, Maria, o que é alienação parental?
Maria Betania - Alienação parental é o que eu chamo de câncer. Quando um dos pais de uma criança fica difamando o outro. Isso acontece muito em razão dos finais de relacionamento, quando o casal não se entende mais enquanto homem e mulher e esquece que existe a relação pai e mãe de uma criança.
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DL - Como isso acontece?
MB - Um dos genitores quer tirar o filho do convívio do outro. Como? Dificultando o recebimento de ligações, por exemplo, interceptando correspondências, fazendo com que a criança lhe deva algum tipo de fidelidade. A criança não tem discernimento, então ela adota uma verdade absoluta daquele que se impõe mais, daquele que compra mais presentes, propaga ilusões.
DL - Quais são as consequências para a criança?
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MB - Para as crianças as consequências são os problemas psicossociais. Elas podem ficar apáticas nas relações sociais, não ter um desenvolvimento na escola.
DL - Você disse que foi vítima de alienação parental. Como foi?
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MB - Eu sofri alienação parental, mas meus pais nunca foram separados. Hoje eu tenho 41 anos, e eu não consigo estreitar os laços com a minha mãe. Eu sequer a respeito. O meu vínculo maior sempre foi com o meu pai. Eu tinha uma tia que me alienava, embora isso aconteça na maioria das vezes com a separação de um casal. Mesmo depois de eu mesma ser mãe, eu não consigo ter um respeito com a minha mãe. Eu deixei de ver a minha mãe por 20 anos, e de dar notícia nenhuma por oito anos.
DL - E você sofre do mesmo fenômeno com a sua filha?
MB - O pai da minha filha é um grande alienador. A minha filha tem dez anos, foi morar com o pai. Hoje eu luto para ter o amor da minha filha, porque eu não quero que aconteça com os nossos laços o que aconteceu comigo e com a minha mãe. Hoje a minha filha já apresenta transtornos psicológicos.
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DL - Na sua visão, com a separação de um casal, a guarda unilateral é prejudicial à criança?
MB - Muito. De acordo com as nossas pesquisas do IBGE, no Brasil, 95% das guardas são unilaterais. Por que com o advento do desenvolvimento da mulher na sociedade, a maioria das mulheres são merecedoras unilaterais?
DL - Qual seria o melhor então?
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MB - A guarda compartilhada, porque a criança consegue ter a igualdade parental, onde ambos genitores conseguem conviver em harmonia com seus filhos.
DL - Na teoria, como funciona a Guarda Compartilhada, Maria?
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MB - Existem dois tipos de Guarda Compartilhada: a física e a alternada. Na física, a criança mora com a mãe ou com o pai, mas o outro genitor tem amplo e irrestrito acesso ao filho. Não existe hora ou dia predeterminados. Pai não é visita. Já a alternada, o filho pode ficar alguns dias na casa da mãe, outros na casa do pai, mas também nada pré-determinado. O pai pode levar na escola, a mãe buscar. De um modo geral, pai e mãe participam ativamente do dia a dia da criança.
DL - Quando um dos genitores identifica que a criança está sofrendo alienação parental por parte do outro, o que ele pode fazer?
MB - Ele deve constituir provas, para entrar com um processo contra o ex-parceiro ou ex-parceira. Vídeos, gravações, testemunhas servem de provas. Mas a própria criança dá indícios.
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DL - Qual o trabalho da Associação Brasileira para Igualdade Parental?
MB - Nosso trabalho é levar orientação à população e pedir clemência ao Judiciário na aplicabilidade da Lei da Guarda Compartilhada, que é o remédio para combater a alienação parental. A Associação está disseminando o assunto por todo o País através de palestras e panfletagens. Quem tiver qualquer dúvida sobre alienação parental ou quiser se juntar ao nosso movimento, pode mandar um e-mail para [email protected].