Dicas de viagem

Cuba é do Baralho

Em Havana a sensação é ter voltado no túnel do tempo

Publicado em 01/09/2014 às 15:36

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Não tente associar tudo que já aprendeu sobre o comunismo com aquilo que se vê em Havana, pois dessa forma será difícil tirar alguma conclusão. O regime cubano não está nem um pouco próximo da ideia utópica de todos vivendo de maneira igual, com as mesmas condições e salários. Quem trabalha com turismo, por exemplo, pode ganhar muito mais que o dobro do piso salarial oficial. Quando cheguei ao aeroporto (quase duas horas para despacharem as malas depois de uma conexão via Panamá o que entre nós não é fácil de manter a calma). Já chama atenção à quantidade de bagagem que alguns nativos estavam trazendo, todas eram paradas pela Alfandega local, onde eram taxadas de impostos sem dó nem piedade. Na saída um guia local me esperava e nos primeiros segundos da conversa, ele disse seja bem vindo a Cuba do Baralho (a palavra que ele me disse não era essa, é impublicável, por isso escolhi uma mais próxima). Durante o bate papo ele afirmou que recebe por mês U$ 25 dólares de salário. A sensação é que eu tinha chegado a outro mundo!

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Volta ao túnel do tempo: em Havana a sensação é essa! (Foto: Liberado Jr/DL)

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O Aeroporto Internacional José Martí conta com três terminais, casas de câmbio, restaurantes e lojas. Está localizado a 15 km sudoeste do centro de Havana.

Muitos cubanos vivem apertados em cortiços mal conservados, mas, mesmo com toda a pobreza, o visitante não verá ninguém passando fome ou vestindo trapos, e isso pode ser observado durante um rápido passeio até chegar ao Hotel. Há internet na cidade é paga e muito cara, ter internet em casa nem pensar afirmam eles. No hotel que fiquei hospedado o valor era de 10 CUC (como R$ 28,55 a hora) e mesmo assim é limitada até para os visitantes.

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Quando a revolução tomou conta do país em 1959, os que eram mais ricos na época permaneceram com suas moradias e muitos deles as transformaram em hospedarias, conhecidas em Cuba como "casas particulares" a opção de hospedagem com melhor custo-benefício para turistas que não querem luxo ou que viajam de mochila nas costas. A cidade tem muito Hostel espalhados por todos os cantos.


A primeira impressão de quem pisa na capital de Cuba é a de estar em um lugar que está parado no tempo e se mantém igual ao que era nos anos 50 (Foto: Liberado Jr/DL)

Sob o clima quente caribenho, que se estende pelo ano inteiro, aproveite para visitar os museus da cidade, que apesar de possuírem infraestrutura mediana e, muitas vezes, uma visão pra lá de nacionalista, são uma ótima oportunidade de desvendar alguns pontos da história da ilha. Depois, percorra a Plaza de Armas, onde, além de poder folhear e comprar livros usados, uma conversa com o vendedor pode lhe render muitas informações sobre a cultura local e a situação política atual de Cuba.

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Para entender melhor como funciona o sistema comunista da ilha, também vale perguntar aos próprios cubanos: eles vão adorar explicar. Geralmente os mais velhos, que presenciaram a Revolução, são os que mais defendem o comunismo.

A principal atração de Havana é a própria cidade

É corriqueiro surgir alguém simpático para puxar assunto no meio da rua, como quem não quer nada. O principal objetivo da abordagem (se não ficar claro logo no início você certamente irá descobrir no final) é pedir dinheiro. Um olhar atento irá notar que essas pessoas ficam à espreita, esperando encontrar o turista ideal para pedir alguns CUC, a moeda dos estrangeiros. Não é à toa: cada CUC vale para eles um vigésimo do salário mensal.

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Feira de artesanato (Foto: Liberado Jr/DL)

Mulheres que viajam sozinhas ou em grupos femininos devem estar preparadas para receberem cantadas e olhares masculinos. Os cubanos não perdem a oportunidade de abordar turistas desavisadas (pelo andar da carruagem e até mesmo as avisadas!).Se tiver poucos dias na cidade, inclua no roteiro a Plaza de la Revolución (minha primeira parada:  onde é impossível não sentir a forte energia da revolução comunista na ilha). A praça abriga uma torre de 129 metros em seu centro e de onde se tem a melhor visão do prédio do Ministério del Interior, com um gigante desenho do líder argentino Che Guevara e a frase "Hasta la Victoria Siempre".

Permita-se esquecer do tempo, converse com os cubanos, aprenda, discuta política comunista, deixe de lado os preconceitos e simplesmente viva tudo isso. Por mais que não tenha tempo suficiente para entendê-la, senti-la por um dia resultará numa memória de experiências únicas.

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Artesanato Cubano (Foto: Liberado Jr/DL)

Como chegar:
Existe um voo direto saindo de São Paulo ou vá via cidade do Panamá.

Qual a melhor época para ir?
No verão cubano (julho e agosto é mês de férias escolares e o calor chega fácil na casa dos 35 graus) uma época bacana para aproveitar a cidade ao máximo.

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Onde ficar
Em Havana Velha estão localizados os hotéis mais antigos e tradicionais, como o Hotel Inglaterra, que já teve como hóspede o cubano José Martí, e o Hotel Ambos Mundos, onde o escritor Ernest Hemingway escreveu a maior parte do livro "Por Quem os Sinos Dobram". Os cinco estrelas se situam em Vedado, a parte moderna da cidade. Mas não se entusiasme cinco estrelas lá e como no Brasil, praticamente não existe!

Lembrando: Além dos hotéis, Havana dispõe de outra ótima opção de hospedagem: as casas particulares, disponíveis em todas as regiões da cidade. Hospedar-se em uma delas permite conhecer e conviver com simpáticas famílias cubanas, além de ter à disposição acomodações limpas e confortáveis, por um preço mais econômico. O ideal é não deixar para fazer a reserva de última hora, já que a dificuldade em encontrar Internet na cidade pode implicar em uma confirmação mais lenta.

Plaza de la Revolucion (Foto: Liberado Jr/DL)

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Sabor Local

Na maior parte dos restaurantes de Havana, o prato tradicional servido inclui arroz, feijão, inhame, salada (repolho e tomate) e algum tipo de carne, dificilmente bovina.

As opções costumam ser carne de porco, frango, peixe, camarão ou lagosta. É a chamada comida criolla. Muitos restaurantes da cidade servem frutos do mar frescos e baratos.

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Em Havana Velha há grande variedade de restaurantes bons e mais baratos nas ruas de frente para o porto. É importante lembrar que vale a premissa de que, normalmente, os restaurantes próximos aos pontos turísticos são mais caro. Restaurantes mais chiques, alguns localizados no interior de hotéis, têm opções diferenciadas de culinária internacional.

É difícil encontrar café-da-manhã em restaurantes e não há padarias como as nossas. Portanto, antes de sair, alimente-se no hotel ou na casa particular (eles costumam oferecer um café-da-manhã farto, com pagamento à parte).

Uma alternativa diferenciada, mas tradicional de Cuba, são os restaurantes privados, chamados paladares (Por que: em homenagem a uma novela brasileira que Regina Duarte abriu uma franquia de restaurantes com esse nome). Famílias que abrem suas casas para servirem refeições a até doze clientes (máximo permitido por lei), por um preço parecido com o dos restaurantes baratos (poucas vezes o valor é muito menor).

Charutos Cubanos (Foto: LIberado Jr/DL)

Informações úteis

Fuso horário: uma hora a menos em relação a Brasília, e duas quando estamos em horário de verão

DDI: 53
Código de acesso da cidade: 7
Telefone de emergência: 106 (polícia)

Informações turísticas: Havana conta com sete pontos de informações turísticas, localizados em Havana Velha, Vedado, Playas del Este e Miramar. Maiores informações estão disponíveis no site: www.infotur.cu ou nos telefones 53 (7) 866-3333 e 53 (7) 863-6884.

Moeda: Há dois tipos de moedas: o Peso Nacional Cubano, também denominado Moneda Nacional (MN), utilizado pela população local, e o Peso Conversível Cubano (CUC), valor de troca para o turista. Cada CUC vale 24 pesos cubanos, aproximadamente.

Câmbio: Existem muitas casas de cambio. Uma dica é leve e troque Euro o dólar é desvalorizado por eles.  Não se esqueça de que em Cuba não se aceita cartões de bancos ou bandeiras norte-americanas, portanto confira a nacionalidade de seu cartão antes de embarcar. Caso queira trocar dinheiro por CUC, leve euros ou dólares canadenses, pois é cobrada uma taxa alta para dólares norte-americanos. O CUC só pode ser trocado em Cuba. Por isso, troque somente o necessário para não voltar para o Brasil com notas cubanas.

Gorjetas: Os cubanos não cobram gorjeta ou serviço, mas é esperado que você deixe algo para eles, já que as gorjetas que recebem por mês costumam superar o valor do salário mensal. É por esse motivo que a maior parte dos cubanos almeja trabalhar com o turismo.

Telefone: Os celulares internacionais, habilitados para operar em Cuba, funcionam mais ou menos, mas fique atento às altas taxas de roaming que são cobradas pelas operadoras.

Internet: É encontrada apenas em hotéis maiores, onde se cobra um valor alto pela hora de utilização. Se conseguir conexão agradeça de joelhos!

Arquitetura de Havana (Foto: Liberado Jr/DL)

Segurança: O policiamento é intenso e não é comum ocorrerem assaltos nas zonas mais turísticas, como Havana Velha e Vedado. No entanto, durante a noite é bom evitar as regiões mais pobres e desertas, como Centro Havana e os parques da cidade, principalmente se estiver sozinho. Por precaução mesmo!

Voltagem e tomadas: A voltagem costuma ser de 110 volts, mas há algumas tomadas 220 volts. As tomadas são do tipo americano, com dois pinos planos de entrada, porém também é possível encontrar as do tipo europeu, com dois pinos redondos de entrada.

Imigração e visto: Para entrar no país é necessário ter o passaporte válido por pelo menos seis meses e o cartão de turista devidamente preenchido (inclusive com alguma referência no campo "Endereço em Cuba"). O cartão pode ser obtido no Brasil, por meio da Embaixada ou do Consulado Geral de Cuba. É necessário preencher um formulário, disponível no site oficial do consulado (embacu.cubaminrex.cu). Também dá para comprar o cartão pela agência de turismo que estiver programando sua viagem ou mesmo na hora do embarque, no balcão da companhia aérea. O cartão é válido por 30 dias, período que pode ser prorrogado por mais 30 dias. Na imigração, o visto é carimbado e deve ser retornado ao sair do país.

Após retirarem as bagagens (sente e espere horas até liberarem a sua) os passageiros devem passar pela alfândega. A principal preocupação dos fiscais é se você está levando presentes para os cubanos, principalmente se o turista for estudante. Câmeras fotográficas ou de vídeo, joias e objetos de uso pessoal têm entrada liberada. Bebidas alcoólicas, medicamentos e dinheiro têm um limite permitido. Eletrodomésticos e livros ou revistas com conteúdo pornográfico são proibidos (para informações detalhada, acessar www.cubatravel.cu/client/information/regulaciones).

Na saída do país, há uma taxa obrigatória (25 CUC) que deve ser paga em dinheiro no próprio aeroporto, antes do check-in. Tome cuidado com o excesso de bagagem, pois o limite é de 20kg e não há acordo que consiga anular as altas taxas de multa por quilo extra na mala.

Na sua bagagem não pode faltar: Roupas e calçados leves e confortáveis, trajes de banho, protetor solar, chapéus e bonés esses itens são recomendados a uma viagem a Havana.

Universidade de Cuba (Foto: Liberado Jr/DL)

Têm dois nomes

Muitas ruas e avenidas de Havana: tem o nome oficial e o popular, utilizado pelos habitantes da cidade.


Indo de Centro Havana para Havana Velha, pelo Malecón, chega-se a uma grande praça, com a estátua do General Máximo Gómez. Ali começa o Paseo de Martí (mais conhecido como Paseo del Prado), uma avenida com um calçadão no meio que divide Havana Velha e Centro Havana, passa pelo Parque Central e o Capitolio Nacional, e termina no Parque de la Fraternidad. No Parque Central, caminhando para o lado oposto do Capitolio, chega-se à Calle Obispo, a principal ruela para pedestres de Havana Velha. Já em Vedado, a referência principal é a Calle 23 (também conhecida como La Rampa), que corta a região paralelamente ao Malécon, indo de Centro Havana ao bairro de Miramar.

Nos arredores de Havana, na direção oeste, há Miramar, com enormes mansões construídas antes da Revolução Comunista; na direção leste estão Havana do Leste e as Playas del Este (praias do Leste).

Muitas ruas e avenidas de Havana têm dois nomes: o oficial e o popular, utilizado pelos habitantes da cidade. É muito comum, por exemplo, encontrar os nomes antigos em alguns sites relacionados à Havana.

Lembre sempre, têm que visitar os museus que contam a história da cidade, as praças que reúnem os moradores locais e, pela noite, viva o charme cubano em locais de salsa e outros ritmos típicos.

Havana (Foto: Liberado Jr/DL)

Impressões do Editor

A ilha é linda em termos de arquitetura (apesar de ter muito pouco conservado) os nativos são muito simpáticos e fazem questão que o turista se sinta em casa. O turismo hoje é a grande fonte de dinheiro que circula no país. A empresa brasileira Nascimento Turismo é a bola da vez, eles fazem questão de expressar que a empresa hoje é uma das que mais leva brasileiros para o destino. Não existem nada 100% privado nem mesmo os hotéis, todos tem o Estado como sócio. Muitos expressam a vontade de conhecer países vizinhos, mas com o salário que ganham fica impossível. Também não conseguem trocar de carro pelos óbvios motivos descritos acima. Afirmam quando você ver um carro novo na ilha pode ter certeza que é alugado por turistas. O estudo até o nono ano é pago pelo Governo a Universidade também, eles garantem que os cursos são de ótima qualidade. Apesar da insatisfação, eles parecem ter receio do que falam, demonstram ser felizes. Um dos meus guias no local chamado Abel, disse: Não somos 100% felizes, mas quem é? Em qual país do mundo hoje você vive com segurança, aqui vivemos sossegados! A visita vale a pena, se você for sem grandes expectativas com certeza vai voltar realizado!

Semana que vem o assunto é Varadero, um lugar paradisíaco e com imagens deslumbrantes! Até lá, Abraço!  

 

 

 

 

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