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O infectologista David Uip assumiu nesta quinta-feira (5), como secretário de Estado em São Paulo e afirmou que "saúde não combina com política, saúde combina com política pública", ao ser questionado sobre se a área teria papel central nas eleições de 2014. Isso por causa do Mais Médicos, que deverá servir como bandeira da candidatura do ministro Alexandre Padilha.
"Toda vez que a política entra na agenda central da saúde, o povo perde. Então, a minha postura como secretário de Estado é discutir com o ministro da Saúde (Alexandre Padilha) políticas públicas. Política não é minha área", afirmou Uip. O secretário disse ainda que torce para o Mais Médicos dar certo, mas destaca que não é isso que vai resolver os problemas. "Toda iniciativa pró-saúde, estou ao lado. Mas o que eu acho é que saúde se faz com trabalho no dia a dia, se faz com investimento, com a multidisciplinaridade, um médico sozinho não vai resolver", afirmou.
Durante a cerimônia de posse, Uip não fez menção direta ao Mais Médicos, mas críticas ao governo federal pela falta de investimentos na saúde. Uip afirmou que São Paulo investe na área mais do que o exigido pela Emenda 29. "Infelizmente não vemos a mesma disposição do governo federal, que vetou a aplicação de pelo menos 10% do PIB na saúde (...) e mantém a tabela de pagamentos do Ministério da Saúde congelada há anos, aniquilando, assim, as Santas Casas e hospitais filantrópicos, que quanto mais atendem, mais se endividam."
Ele citou valores repassados pelo SUS. Um parto, por exemplo, custa R$ 900 para uma Santa Casa, mas o SUS só repassa R$ 433. Uma diária de UTI custa cerca de R$ 1 mil, mas o hospital só recebe R$ 438. "Não fecha a conta. Na condição de secretário, vou falar com o ministro da Saúde, e se for o caso, com a presidente Dilma, para nós acertamos essas tabelas o que, na minha leitura, é a única forma de viabilizar as Santas Casas."
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Uip disse que uma das primeiras ações no cargo de secretário será visitar hospitais do Estado, entre eles os hospitais gerais de São Mateus, de Ferraz de Vasconcelos, de Taipas e o de Bauru. "Eu vou para a rua. Vou visitar hospitais. Não serão visitas punitivas, mas de apoio. Vou passar visita (aos pacientes). Sou médico de linha de frente. O que eu sei fazer é cuidar de gente. E eu vou cuidar de gente."
Para a classe médica, Uip não trará mudança. "Do ponto de vista técnico não muda. É parte de estratégia política", disse Florisval Meinão, da Associação Paulista de Medicina.
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"Mais Residentes"
O secretário ainda confirmou que existe um projeto para ampliar o programa de residência médica no Estado - um "Mais Residentes", conforme antecipado pelo jornal O Estado de S. Paulo. "É uma forma de qualificar o serviço", defendeu Uip. "Vamos investir em algumas especialidades, como pediatria e ortopedia. Residência não é mão de obra barata, é treinamento intensivo."
Procurado, o Ministério da Saúde informou que reajusta a tabela de procedimentos do SUS de acordo com necessidade dos serviços. E destacou, por exemplo, que os gastos federais com assistência oncológica no País aumentaram 26% nos últimos três anos, passando de R$ 1,9 bilhão para R$ 2,4 bilhões.
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O governo federal diz ainda que cumpre rigorosamente a Emenda 29 e nos últimos oito anos o Ministério da Saúde executou R$ 5 bilhões a mais do que o mínimo constitucional.
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